Nos próximos dias, Recife deverá receber a visita do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Haddad deverá cumprir uma extensa agenda na capital pernambucana, como palestras na UFPE e UNICAP, encontros com membros do partido e até uma audiência no Palácio do Campo das Princesas está na programação. Confesso que ficamos um pouco surpreso com está última pauta, mas ela deve estar conjugada com a ideia de Lula em recriar a Frente Brasil Popular, integrando o PSB no conjunto de partidos da coalizão. Com um destino incerto em razão da condenação no curso das ações da Operação Lava Jato, Lula aconselhou ao amigo cair em campo, constituindo-se numa opção, caso ele torne-se inelegível, hoje uma possibilidade bem concreta.
Haddad é um quadro limpo do PT. Limpo e competente. Quando as principais lideranças do PT estiveram envolvidos em corrupção na máquina pública, Lula tratou de renovar os quadros do partido com nomes como o de Fernando Haddad. A princípio, a preocupação seria a de formar aquele "cinturão" eleitoral que o governador Geraldo Alckmin(PSDB) conseguiu montar nas últimas eleições municipais, conquistando algumas cidades paulistas com mais de um milhão de eleitores, algo nada desprezível para potenciais candidatos à Presidência da República. Como se sabe, à exceção de São Paulo, Lula não foi muito feliz nessa empreitada. Reduto da plutocracia paulista/tucana, Haddad não teve sossego em sua gestão, mas conseguiu alguns êxitos que foram reconhecidos até no exterior.
A passagem do professor Fernando Haddad pelo MEC foi uma das mais avançadas em termos de conquistas que visavam atender às demandas dos estratos sociais mais fragilizados. É de sua gestão o maior programa de inserção de jovens empobrecidos no circuito acadêmico. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Joaquim Nabuco, 83% desses jovens são oriundos de famílias cujos pais não tiveram acesso ao ensino superior. Como sempre afirmo, num país que, historicamente, nunca reconheceu o direito de cidadania dos menos favorecidos, uma verdadeira revolução. Em sua gestão na Prefeitura de São Paulo, a "marca" Haddad também ficaria evidenciada, como no programa de assistência e integração dos dependentes de crack; nas "cotas' à rapaziada LGBTT no programa Minha Casa, Minha Vida; na correção dos valores do IPTU, sobretaxando os mais ricos; na democratização do uso do espaço físico da Avenida Paulista.
O ex-prefeito também aproveitará o momento para um encontro com a militância mais ligada à vereadora Marília Arraes(PT), hoje uma potencial candidata do partido às eleições estaduais de 2018. Não acreditamos muito que prospere essa articulação com o PSB. Faz mais sentido o PT caminhar para uma candidatura própria. Aqui e alhures, como se sabe, as coisas não são assim tão simples para o PT, depois da intensa campanha de desgaste de imagem que sofreu a agremiação. Não é tão simples recuperar-se dessa refrega. Muito menos com nomes "saturados" pelo eleitorado. Marília talvez proporcione aquela "oxigenação" que o partido precisa. Não seria de bom alvitre continuar a reboque do Palácio do Campo das Princesas, assim como ocorria num passado recente.
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