pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Os Coelhos cada vez mais distantes da toca socialista.
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sábado, 19 de agosto de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Os Coelhos cada vez mais distantes da toca socialista.


Resultado de imagem para Fernando Bezerra Coelho/Mendonça Filho

José Luiz Gomes da Silva

Cientista Político


Até recentemente, uma nota da direção do PMDB nacional surpreendeu peemedebistas pernambucanos. A nota publicava a punição de membros da legenda que haviam votado a favor do acatamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer, acusando-o do crime de corrupção passiva, no exercício do cargo. A denúncia, se acatada pela Câmara Federal, chegaria à Suprema Corte e poderia, se comprovada, custar-lhes o mandato presidencial. Pois bem. Contrariando a orientação da direção da legenda, alguns parlamentares peemedebistas aprovaram a moção de que o presidente deveria ser investigado. Entre esses peemedebistas, o Deputado Federal pernambucano, Jarbas Vasconcelos. A punição tem um caráter mais simbólico, uma vez que Jarbas Vasconcelos praticamente não exerce nenhuma função partidária, de onde ficaria afastado pelos próximos 06 meses. 

Mas, por outro lado, o simbolismo da medida é dos mais significativos. A começar por quem a recomendou, o senador Romero Jucá, cuja conduta pública está acima de qualquer suspeita, facultando-lhes, portanto, as condições éticas e morais para punir os dissidentes peemedebistas. Depois, porque o pernambucano não acreditava que viesse a ser punido em algum momento pela direção da legenda. Creio que antes, numa longa entrevista concedida às páginas amarelas da revista Veja, o Deputado Pernambucano não poupou elogios à legenda peemedebista, o que  daria mais munição aos seus adversários para alguma punição, muito mais do que este último voto em favor do acatamento da denúncia da PGR. Já refeito do choque, o pernambucano lembrou daquela (P)MDB de tempos idos, onde a crítica política, a tomada de posições o respeito às divergências intrapartidária era a tônica do comportamento dos líderes da legenda. Vão longe aqueles tempos.

A direção do PMDB no Estado está entregue ao seu afilhado político, o vice-governador Raul Henry. No momento, as relações com o Palácio do Campo das Princesas são as melhores possíveis. Há rumores de que uma das vagas ao Senado Federal, que será disputada nas eleições de 2018, pela chapa governista, está destinada ao deputado Jarbas Vasconcelos. Jarbas sempre foi a prioridade das prioridades da legenda no Estado. Aparentemente, por aqui, não existem rusgas, embora o governador Paulo Câmara(PSB) emita sinais de que gostaria de retomar o diálogo com legendas como o DEM e o PSDB, o que seria um medida natural, num contexto de eleições tão atípicas como serão as eleições de 2018, como diria o cientista político Antônio Lavareda, onde tudo pode acontecer, inclusive nada.  

Os políticos precisam ficar muito atentos aos gestos e sinalizações dos adversários e, em alguns casos, mais ainda dos possíveis aliados. A decisão dos caciques da legenda em atingir uma das figuras mais emblemáticas do PMDB, desde a época dos autênticos, é um desses atos que precisam ser muito bem estudado. Sobretudo se considerarmos o fato de que o prestígio dos partidos políticos está mais baixo do que poleiro de pato. Todos eles estão tentando se reinventarem para o eleitorado, inclusive o PMDB, que deseja voltar aos velhos tempos, suprimindo exatamente aquilo que mais o incomoda, o P de "partido". O DEM, por outro lado, faz um esforço tremendo para fugir à pecha de partido chapa-branca, de direita, oriundo e apoiador de golpes, seja militar ou parlamentar. É um momento propício, portanto, para extinções, fusões, incorporações e coisas do gênero. 

A orelha dos peemedebistas pernambucanos começa a esquentar quando eles se dão conta de que caciques da legenda já estiveram em diálogo com os socialistas dissidentes, entre eles o senador Pernambucano, Fernando Bezerra Coelho(PSB), que lidera esse movimento nas hostes socialistas. O assédio peemedebista foi de tal monta que provocou uma grande ciumeira entre os Democratas. Alguém precisou jogar um balde d'água para acalmar os ânimos entre os líderes das duas legendas. O movimento dos caciques  peemedebistas no plano nacional - aplicando uma punição mesmo que simbólica a Jarbas Vasconcelos - reacende entre os líderes locais da legenda a possibilidade de uma articulação no sentido de entregar a legenda à família Coelho. 

Não é de hoje que a relação entre a família Coelho e o Campo das Princesas anda estremecida. Isso vem desde os tempos em que o ex-governador Eduardo Campos ainda era vivo. Desde então, apenas pioraram, muito em razão da pouca vontade ou inabilidade política do governador Paulo Câmara em enfrentar esse problema. Até mesmo a especulação em torno de uma possível composição dos Coelhos na chapa de reeleição montada pelo Campo das Princesas foi encarada de forma negativa pelo clã. Se eles não serviram em 2014, por que agora? O que nos parece é que os Coelhos estão, definitivamente, de saída da toca socialista. O rumo político que eles irão tomar ainda é uma incógnita, mas se torna cada vez mais previsível, se considerarmos seus últimos movimentos no tabuleiro da política pernambucana. Um dado é certo: engrossarão a frente de oposição ao Palácio do Campo das Princesas nas eleições de 2018.
 
Os últimas acontecimentos políticos do Estado são reveladores dessa tendência. Não apenas reveladores da tendência de afastamento que se amplia entre os Coelhos e o Campo das Princesas, mas, igualmente, sinalizadores do rumo que o grupo deverá tomar nas eleições vindouras. Tanto o senador Fernando Bezerra quanto o Ministro das Minas e Energias, Fernando Filho, prestigiaram a homenagem que o prefeito de São Paulo, João Dória(PSDB), recebeu aqui no Recife, no Lide-PE. Dias antes, o senador percorreu várias cidades do Sertão, conversando com gestores municipais, prestando conta de suas ações na Câmara Alta, assim como ouvindo reivindicações dos munícipes. Vale o registro que, em alguns casos, foi acompanhado do Ministro da Educação, Mendonça Filho, do DEM. Mendonça também esteve na homenagem ao prefeito de São Paulo, observando que o DEM já ofereceu a sigla para algum projeto presidencial do ainda tucano. 
 
São curiosos esses movimentos dos atores no tabuleiro do xadrez da política pernambucana. Até recentemente comedido, o senador Fernando Bezerra Coelho teceu duras críticas ao fato de o conselho de ética da legenda socialista tentar "enquadrar" membros do partido que não seguiram a orientação da direção por ocasião da votação, na Câmara Federal, em torno da autorização para que o presidente pudesse ser investigado pelo STF. FBC, nos últimos dias,  passou a movimentar-se como potencial candidato majoritário nas eleições de 2018. No caso do Ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM), esse projeto de uma candidatura em 2018 é certo. O que ainda estava indefinido era o cargo ao qual ele iria concorrer. Começa a fazer sentido agora, no entanto, uma questão levantada por um amigo, acerca da possibilidade de uma possível retirada de candidatura do senador Armando Monteiro(PTB) ao Governo do Estado.

A chapa a ser formada por este grupo teria a seguinte composição: Fernando Bezerra Coelho seria o candidato ao Governo do Estado; as duas vagas ao senado seriam disputadas pelo senador Armando Monteiro(PTB) e Bruno Araújo(PSDB); O Deputado Augusto Coutinho(Solidariedade) seria o candidato a vice; Mendonça Filho concorreria à Câmara Federal e, dependendo do andamento da carruagem política, potencial nome de consenso do grupo ao Palácio Antônio Farias nas próximas eleições municipais para Prefeitura do Recife. No artigo da semana passada - esse quadro ainda estava menos definido - o que nos sugeriu a possibilidade de uma provável candidatura do Ministro Mendonça Filho ao Senado Federal.  Melou o churrasco da Fazenda Macambira, portanto. Deu bode! 

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