O termo "partido político" está tão desgastado que nem os próprios partidos o suportam mais. Praticamente todos os grêmios partidários estão a procura de um mecanismo pelo qual possam se apresentar melhor ao eleitorado, numa espécie, digamos assim, com uma roupagem nova. Todos sabem que o conteúdo continuará sendo o mesmo, mas, com uma nova roupagem - aliada às verbas do fundo partidário e uma boa campanha publicitária - pode-se operar milagres.Por incrível que possa parecer, esta tendência ainda não se tornou perceptível no ninho tucano, quem sabe em razão dos problemas provocados pelas divisões internas do grupo. Ontem, em sua coluna, numa expressão feliz, o jornalista Josias de Souza observou que talvez devêssemos usar a expressão "ninho de víboras" ao invés de ninho tucano, dado o teor do veneno das escaramuças ali perpetradas.
Ao analisarmos o andar da carruagem política, certamente não encontraremos algum exagero nas palavras do jornalista. Houve um tempo em que a briga no ninho tucano era uma briga de café com leite, envolvendo as pretensões presidenciais de dois nomes felpudos da legenda. Um outro dado é que essas disputas eram decididas pelos próprios tucanos, através das instâncias partidárias pertinentes. Hoje, há alguns estranhos no ninho como, por exemplo, o presidente Michel Temer, que resolveu alinhar-se - ou aninhar-se? - com setores daquela agremiação, tramando contra seus adversários que controlam a máquina partidária, num processo legitimado pelos companheiros, como é o caso do senador cearense, Tasso Jereissati.
As constantes conversas entre o senador Aécio Neves(PSDB-MG) e o Presidente da República, Michel Temer(PMDB), como não poderia ser diferente, provocaram um grande tsunami no ninho tucano. Vieram à tona algumas notas "duras", emitidas pela regional paulista do partido, sugerindo ao senador mineiro que, primeiro, tratasse de provar sua inocência - numa referência aos grampos da JBS - antes de negociar pelo partido, uma prerrogativa indevida a quem foi afastado da direção e afastado do próprio cargo que ocupa, retomando-o após uma decisão do STF. O episódio tem provocado uma onda de apoio de aves emplumadas do ninho tucano ao senador cearense.Até opositores de outros grêmios partidários, como é o caso do deputado federal Jarbas Vasconcelos, emprestaram sua solidariedade a Tasso Jereissati.
Uma outra frente de batalha são as eleições presidenciais de 2018. Criador e criatura disputam palmo a palmo a indicação do partido para concorrer àquelas eleições. Estamos tratando aqui, naturalmente, do governador Geraldo Alckmin e do prefeito João Dória Junior. O problema assume uma grande complexidade, uma vez que o andar da carruagem política indica não apenas uma disputa nas hostes partidárias, mas extrapola para outros interesses em jogo, como a "unção" do capital sobre o nome do empresário João Dória, que vem se configurando numa espécie de novo Maurício Macri - sob a perspectiva do stablishment, um nome ideal para substituir Michel Temer - com a vantagem de vir a ser "legitimado" pelas urnas, assim como ocorreu naquele país, quando a direita chegou ao poder através de eleições "livres".
Sabedor desses afagos, Dória já se movimenta como candidato, independentemente das rusgas internas que poderão ser geradas no interior da agremiação tucana. Não descarto a hipótese de que ambos, Dória e Alckmin, possam bater chapa nas próximas eleições presidenciais. Nem mal esquentou a cadeira de prefeito, o empresário já vem programando essas viagens pelo país, numa demonstração inequívoca de que a possibilidade de uma candidatura o agrada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário