pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Coelhos e Pombinhas em campos opostos.
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domingo, 27 de agosto de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Coelhos e Pombinhas em campos opostos.



José Luiz Gomes da Silva
Cientista Político


Neste domingo, num hotel da zona sul do Recife, o PSB realizou o seu 14° Encontro. Nos últimos dias, a política pernambucana parece ter passado por alguns freios de arrumação. Não se pode dizer que o PSB não tenha tomada algumas decisões equivocadas ao longo de sua história. Ter apoiado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi uma delas. Ao longo dos anos, houve, sim, um processo de decomposição ideológica que o afastou sensivelmente de sua matriz ideológica original, identificada com atores políticos como o ex-governador Miguel Arraes. Outro dia, através de um artigo aqui publicado, lamentei profundamente que ele já não estivesse entre nós. Um político com a sua estatura moral seria muito importante para o país - num momento político dos mais delicados - onde o patrimônio nacional vem sendo liquidado para atender as desígnios e interesses de uma agenda neoliberal nefasta, razão principal do golpe institucional de 2016.

O alento é que essa marcha da insensatez não foi acompanhada por todos os integrantes da legenda. Aqui e ali, o "sotaque" socialista foi mantido. Salvo melhor juízo, 16 membros do partido estão na mira de fogo de sua Comissão de Ética, em razão de terem votado contra o prosseguimento da investigação do presidente Michel Temer(PMDB). O Deputado Federal Danilo Cabral, do PSB pernambucano, lidera um movimento que objetiva recolher assinaturas de parlamentares no sentido de impedir a privatização da CHESF, o que equivale dizer privatizar o Rio São Francisco, conforme alertava Arraes à época do Governo Fernando Henrique Cardoso. Essas contingências políticas estão compelindo os atores da legenda a "afinarem" o discurso, fechar alguns portas e abrir outras.

Quando de sua visita ao Estado, na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esteve conversando com a senhora Renata Campos(PSB), esposa do ex-governador Eduardo Campos. Tiveram um jantar indigesto do ponto de vista político, posto que pouco assimilado por lideranças políticas petistas locais, tampouco por atores políticos que compõem a aliança política palaciana, de olho nas eleições de 2018. O Deputado Federal Jarbas Vasconcelos(PMDB-PE) é, de longas datas, um dos mais ferrenhos opositores da legenda. Já disse que deixaria a aliança, em caso da retomada das negociações políticas entre o PSB e o PT. Quando esteve aqui no Recife, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também foi recebido em audiência pelo governador Paulo Câmara(PSB), que declarou que as portas ainda estão abertas. 

Como afirmamos em artigos anteriores, a recomposição dessa aliança não é uma tarefa política das mais simples, em razão de inúmeros fatores, que vão muito além de possíveis ressentimentos da ala peemedebista afinada com o Palácio do Campo das Princesas. Num passado recente, o PT pernambucano "eduardolizou-se" e, em vez de ganhar capilaridade política, perdeu-a. Entendia-se a aliança naquele momento político específico, mas seria necessária negociá-la em outros termos. Trata-se de uma decisão que precisa ser muito bem amadurecida. Se for para repetir os equívocos do passado, melhor seria seguir em raia própria, com Marília Arraes(PT-PE). Conforme observou o ex-prefeito João Paulo(PT-PE), o rabo não pode abanar o cachorro. Por outro lado, sabe-se que, se o "cachorrão" decidir, está decidido.

O Encontro do PSB já esboçou - ainda que timidamente - um "Fora, Temer", ratificando o afastamento definitivo da legenda da base aliada do presidente Michel Temer. Essa posição parece-nos mais pragmática - antes de pensarmos que movida por princípios - embora o pacote de privatizações do Governo tenha apressado-a. A despeito dos movimentos das aves tucanas locais, lideranças do PSB e do PSDB entabulam negociações de olhos nas eleições presidenciais de 2018. Convém frisar, no entanto, que as escaramuças orquestradas pelo presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves(PSDB-MG), também contribuíram para ampliar as divergências entre alas fortes do tucanato e o Palácio do Planalto. Isso ajuda nas negociações entre os socialistas e petistas na quadra local? Talvez.

Esse "freio de arrumação" também serviu para "acomodar" alguns atores políticos do Estado, como é o caso da família Coelho, que mantém "rusgas" antigas com o partido socialista. Eles não compareceram ao encontro, numa clara demonstração de que Coelhos e Pombinhas já não coabitam o mesmo espaço partidário. Ao contrário, é cada vez maior a "afinidade" entre os integrantes dessa família e o ministro da Educação, Mendonça Filho(DEM), que liberou verbas do MEC para a construção do Campus de Salgueiro, da UNIVASF, que havia sido prometido pelo senador Fernando Bezerra Coelho, em visita àquela cidade. Embora com o "abacaxi" das privatizações em mãos, o que se comenta por aqui é que o ministro das Minas e Energias, Fernando Filho, pode se tornar candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2018.  

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