Enquanto o governador João Dória(PSDB-SP)apresenta as credenciais de ter o apoio de 98% dos prefeitos tucanos do seu Estado nas prévias que escolherá o nome que deve disputar, pelo partido, as eleições presidenciais de 2022, o governador gaúcho, Eduardo Leite(PSDB-RS), que também está na disputa, recebe o apoio discreto do tucano mineiro, Aécio Neves(PSDB-MG), que, apesar do desgaste, ainda exerce forte influência sobre a máquina do partido naquele Estado, constituindo-se num apoio importante para os planos do governador gaúcho.
Um outro mineiro, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco(DEM-MG), que também tem planos de lançar-se candidato à Presidência da República nas eleições presidenciais de 2022, tenta atrair a senadora Simone Tebet(MDB-MS), para acompanhá-lo nesta jornada, a quem considera a vice dos sonhos. Ainda neste mesmo diapasão, depois de muitas conversas, o ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, filiou-se ao Podemos e também deve disputar os votos dos eleitores que estão dispostos a apostarem numa alternativa eleitoral que possa quebrar essa polarização política entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP) e Jair Bolsonaro, ainda sem partido.
Mas, afinal, por que essa terceira via estaria atraindo a atenção de tantos candidatos? Há, de fato, alguma alternativa de um candidato com este perfil embolar o baralho das eleições presidenciais de 2022? Sim e não seriam as respostas mais prudentes. Há quase um consenso de que esta polarização política não está fazendo muito bem ao país. O eleitorado mais consequente parece ter chegado a esta conclusão. Não deseja que sigamos com este governo, tampouco deseja que retornemos aos tempos passados, com as velhas raposas políticas no comando da máquina pública, conduzidas, não necessariamente, de forma republicana.
Pesquisas qualitativas poderiam trazer um raio "X" mais preciso sobre este tema, mas, a rigor, este parece ser o ponto fulcral que explica a insatisfação de parcela significativa do eleitorado com as alternativas eleitorais que ora se apresentam para a disputa presidencial de 2022. Por alguma razão, o terceiro candidato, Ciro Gomes(PDT-CE), não consegue quebrar essa polarização, embora tenha se esforçado bastante com este propósito. Com uma estratégia de comunicação concebida pelo marqueteiro João Santana - que já prestou serviços ao PT no passado - tem falado para o eleitorado mais jovem, menos infensos a Lula e Bolsonaro, e batido forte nos dois para diferenciar-se. Ciro, no passado, foi uma aliado do PT. No momento, não vê nenhum problema em aliar-se a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, flertando com setores do centro e até do centro para a direita. Ou seja, precisa construir urgentemente uma "identidade" junto a este eleitorado, se deseja credenciar-se como alternativa aos dois.
Como diria um ex-colega de trabalho - que morreu de Covid-19, infelizmente - há uma avenida eleitoral que precisa ser conquistada. Os últimos levantamentos indicam que já existem 30% do eleitorado dispostos a votarem num candidato da terceira via. Mas este candidato ainda não tem rosto ou um nome. Essa disputa promete.
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