pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Um pouco de ar, por favor!!!
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domingo, 24 de outubro de 2021

Editorial: Um pouco de ar, por favor!!!


O escritor inglês, George Orwell, morreu ainda muito jovem, aos 47 anos de idade, depois de produzir uma extensa - e igualmente importante - obra literária. Seus textos mais emblemáticos são enquadrados dentro do escopo daquilo que se convencionou chamar de 'literatura distópica', principalmente em razão de livros como "A Revolução dos Bichos" e "1984", hoje um texto recorrente para se entender a dinâmica e engrenagens de funcionamento dos regimes políticos autoritários, também conhecidos como "ditaduras de um novo tipo". Curioso observar como as categorias estabelecidas por George Orwell, em "1984", se encaixam perfeitamente nessas novas ditaduras, conforme já observou o filósofo francês Michel Onfrey, que produziu um primoroso ensaio tratando deste assunto. Durante o período do Governo Trump, nos Estados Unidos, "1984" vendeu como água, o que signifca dizer que não apenas a academia,mas o cidadão comum também observou ali, nas páginas do livro, elementos para compreender melhor o que estava se passando naquele momento político. 

Mas, como disse, a obra do escritor britânico é extensa e há outros livros importantes, possivelmente inseridos dentro da mesma conformação de literatura distópica, como o que dá título a este editorial: "Um pouco de ar, por favor". Orwell também passou por grandes dificuldades financeiras, tentando sobreviver como escritor, o que resultou no texto: "Na pior em Paris e Londres". Embora alguém já tenha afirmado que se perder em Paris não seria, assim, o pior dos castigos. Enfim, como todo ser humano que passa por este plano, Orwell amargou algumas decepções, inclusive uma de natureza política: a experiência do socialismo real na antiga União Soviética, principalmente o período stalinista. Orwell lutou contra a ditadura franquista na Espanha e flertou com o socialismo. Da decepção com os rumos tomados pela Revolução de 1917, resultou a fábula: "A Revolução dos Bichos", onde animais oprimidos, depois de derrubarem o capitalista opressor, dono da fazenda, acabam se tornando igualmente opressores. 

Essa longa introdução vem a propósito do memento delicado que passa o país, que congrega, simultaneamente, uma crise político\institucional, um quadro social desalentador e uma economia em bancarrota, com inflação de dois dígitos, irresponsabilidade fiscal, aumento sensivel do custo de vida, agravado pelas altas taxas de desemprego e perspectivas concretas de pibinhos pela frente. Pior cenário impossível, o que levou o jornalista Josias de Souza a fazer algumas conjecturas acerca das próximas eleições presidenciais, concluindo que o próximo presidente precisa ter uma agenda não unicamente orientada pelo antigoverno, mas que ofereça algum alento, um fio de esperança, um pouco de ar para essa massa de deserdados, com a auto-estima no limbo.Parafraseando George Orwell, precisamos, sim, de um pouco de ar, por favor! Já não fosse suficiente a tragédia dos mais de 600 mil mortos pela pandemia do corona vírus, hoje temos que acompanhar populares "assaltarem' carros de lixos à procura de restos de comidas pelas ruas da periferia de Fortaleza; as filas dos ossos nos açougues; assim como os pés, carçaças e pescoços de galinha comercializados em supermercados e açougues para a nossa classe média cheia de empáfia, preconceituosa, metida a rica, aliada de primeira ora de nossa elite asquerosa.  

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