Este editor tem poucos reparos a fazer no tocante à
conduta do presidente do Senado Federal, o senador Rodrigo Pacheco(PSD-MG).
Tem assumido posições republicanas, humanitárias e em defesa intransigente de
nossas instituições democráticas. Talvez devesse ter sido mais incisivo em sua
fala, quando o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19,
senador Omar Aziz(PSD,AM)- agora companheiro de partido- foi atacado por ocasião dos trabalhos naquela comissão, o que se
constituiu numa violação dos princípios de independência, freios e contrapesos
que devem reger a dinâmica de funcionamento dos três poderes da república. No
geral, suas posições são das mais corretas e equilibradas, habilitando-o a
assumir novas responsabilidades políticas daqui para a frente. É da escola tradicional da política mineira, o que confere a ele a resiliência, a couraça e o
tempo certo para as tomadas de decisões sobre o seu futuro político. Deve ter aprendido tudo sobre as manhas da política com raposas como Tancredo Neves, Magalhães Pinto e Juscelino Kubitschek, de quem se confessa um admirador e discípulo.
Até recentemente, Rodrigo Pacheco filiou-se ao PSD de Gilberto Kassab, com o propósito de disputar as eleições presidenciais de 2022. Tudo está sendo muito bem urdido pelo seu padrinho político, Kassab, o que envolve as articulações e negociações com outras forças políticas, tornando o projeto competitivo. O eleitorado brasileiro já sinalizou que há, sim, um espaço que poderá ser ocupado pela chamada terceira via, que possui um percentual de votos que atinge 30% do eleitorado. Naturalmente, como adverte um dos príncípios bíblicos, muitos serão os chamados e poucos os escolhidos. Esta avenida congrega uma penca de candidatos, mas a tendência é a de um afunilamento no final ou até mesmo a sua inviabilidade, mantendo-se a lógica da polarização entre as candidaturas de Jair Bolsonaro(Sem Partido) e Luiz Inácio Lula da Silva(PT), que, aliás, está completando 76 anos no dia de hoje. Parabéns ao ex-presidente.
Há duas semanas atrás, uma revista de circulação nacional elencou os motivos pelos quais esta terceira via poderia viabilizar-se, assim como poderia dar com os burros nágua, igualmente por motivos bem específicos.O país enfrenta um dos seus piores momentos, seja no campo político\institucional, seja no campo social e econômico. Não precisamos entrar nos detalhes para vocês, o que, aliás, temos feito por aqui em inúmeras ocasiões. Difícil dizer se já tivemos um momento tão difícil como este que estamos enfrentando, onde contingentes expressivos da população - estima-se em 20 milhões - encontram-se na condição de absoluta miséria, disputando restos de comida e ossos nos caminhões de lixo. Como afirmamos no editorial passado, o próximo presidente deverá acabar como essa e outras tantas vergonhas nacionais, devolvendo a auto-estima aos brasileiros e brasileiras, depois das últimas refregas vividas. E aqui não faço referência apenas aos sofrimentos infringidos às nossas famílias pela pandemia do coronavírus, mas ao conjunto da obra. Vamos muito mal em muitos aspectos. Está insuportável. Como diria o escritor George Orwell, citado em editorial aqui no blog, um pouco de ar, por favor!
É preciso identificar, claramente, quem é e o que deseja esse eleitor da terceira via. Ele sinaliza, por enquanto, que não pretende votar nem em Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), tampouco em Jair Bolsonaro(Sem Partido). É da turma do nem nem, como brincam alguns analistas. Mas ainda não encontrou seu candidato, entre as muitas opções que se apresentam. Correm por essa raia o candidato que vencer as prévias tucanas, seja os governadores João Dória(PSDB-SP) ou Eduardo Leite(PSDB-RS); possivelmente o ex-juiz Sérgio Moro, que deverá filiar-se ao Podemos também com o propósito de candidatar-se; e Rodrigo Pacheco(PSD-MG). Isso sem falar no ex-governador Ciro Gomes(PDT-CE), que robustece sua campanha disposto a angariar a simpatia desse eleitorado. Promete um périplo pelo país nos próximos meses e mudou sensivelmente sua estratégia de comunicação, depois do concurso do ex-marqueteiro de campanhas do PT, o publicitário baiano João Santana.
Em tese, poderíamos fazer algumas conjecturas concernente às possíveis causas desse cansaço do eleitorado com a polarização representada pelas candidaturas de Lula e Jair Bolsonaro. Mas, a rigor, o procedimento mais adequado para se chegar a essas causas é através das pesquisas qualitativas, hoje um instrumento fundamentalmente importante em qualquer eleição. Tão importantes quanto as pesquisas quantitativas, realizadas com o propósito de inferir sobre o desempenho dos candidatos nas pesquisas de intenções de voto.
Aqui em Pernambuco, a quadra política ainda se apresenta bastante confusa, o que significa dizer, em última instância, que não há, a rigor, nenhum palanque presidencial efetivamente consolidado. Nem mesmo o Lula, que lidera as primeiras pesquisas de intenção de voto em sua terra natal, pode afirmar isso com toda a convicção. Há negociações em estágio bastante avançado entre o PT e o PSB, mas Ciro Gomes(PDT-CE) também flerta com uma aliança com os socialistas, tendo como credencial o apoio à candidatura de João Campos (PSB-PE) para a Prefeitura da Cidade do Recife, nas últimas eleições municipais. E, por falar em João Campos, ele esteve até recentemente com o morubixaba petista , segundo dizem, com o propósito de trabalhar a possibilidade de os socialistas emplacarem um nome de vice-presidente na chapa. A rigor, neste momento, o quadro ainda está bastante “embolado”. Há quem informe, por exemplo, que o ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio, poderia ter o apoio de Lula como candidato ao Governo do Estado nas próximas eleições, o que se constitui um arranjo político complexo. O mais prudente, nesses casos, é adotar aquela estratégia de uma raposa da ciência política local, com o propósito de não comprometer-se: Tudo pode acontecer, inclusive nada.
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