pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O lugar de Ciro na disputa presidencial de 2022
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sábado, 16 de outubro de 2021

Editorial: O lugar de Ciro na disputa presidencial de 2022


Li, como muita atenção, um artigo do cientista político Fernando Schüler, onde ele discute, orientado pela teoria e pelas pesquisas empíricas, o arrefecimento da "onda conservadora" que varreu o país nos últimos anos, diretamente responsável pela eleição de candidatos conservadores e pelo exponencial crescimento dos níveis de intolerância de gênero, raça e orientação sexual no país, estimulando, inclusive, o surgimentos de grupos de tendência neofascista. 

Na realidade, o país, com as suas especificidades, experimentou os reflexos de um tsunami que varreu os cinco continentes. Muito bom saber que este tsunami conservador- de corte anticivilizatório - já emite sinais de um arrefecimento. Convém ficar atento sobre se essa tendência irá se repetir pelos próximos anos, indicando, de fato, uma queda na série histórica, pois, somente assim poderemos falar em novos avanços civilizatórios, como não permitir a vergonha da fome - ou insegurança alimentar, para usarmos o jargão dos conservadores - que ainda atinge 24 milhões de brasileiros e brasileiras, que não sabem se vão comer na refeição seguinte. O que houve nos últimos anos, inclusive no país, foi um retrocesso político e civilizatório de proporções gigantescas, comprometendo, inclusive, o tecido democrático dos países por onde essa onda passou. 

Neste contexto, por outro lado, a semana política está com a temperatura em alta, com a expectativa em torno da apresentação do relatório da CPI da Covid-19; a especulação de uma provável candidatura conservadora, que disputaria a eleição presidencial pela terceira-via, encabeçada pelo ex-ministro da Lava-Jato, Sérgio Moro, que já se filiou ao Podemos; e as indisposições entre pedetistas e petistas, depois das declarações do candidato Ciro Gomes(PDT), que afirmou que Lula está novamente se juntando com atores políticos pouco confiáveis e teria sido o responsável direto pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a quem tratou como incompetente.  

Depois de três candidaturas presidenciais, o ex-governador Ciro Gomes(PDT-CE) ainda não encontrou o seu lugar na disputa presidencial de 2022, o que o estaria levando a cavar esse espaço numa manobra de comunicação das mais ousadas, ora jogando petardos contra Lula(PT-SP), ora jogando petardos contra Jair Bolsonaro(Sem Partido). Dentro das margens de erro, seus percentuais permanecem os mesmos das disputas anteriores, oscilando entre 12% e 10% do eleitorado. Não sei se ele teria fôlego para uma nova disputa presidencial, daí se entender a sua ansiedade, mesmo a um ano da disputa, quando novos fatos poderão ocorrer antes do pleito. 

O publicitário baiano, João Santana, ex-coordenador de campanhas petistas, é hoje o responsável por sua estratégia de comunicação, hoje voltada para atingir um eleitorado mais jovens, na faixa dos 16 a 36 anos, segundo estudos, menos infenso a Lula e a Jair Bolsonaro. Seu marqueteiro vem explorando bastante as redes sociais e, na medida do possível, tentando passar uma mensagem de um Ciro conciliador, estilo Paz e Amor, menos destemperado, de pavio curto, como ele ficou conhecido entre os brasileiros. Não se sabe se terão êxito nesse projeto. As próximas pesquisas de intenção de voto poderão indicar o êxito ou fracasso dessa estratégia. O fato concreto é que o candidato sofreu uma enxurrada de críticas nas redes sociais dos petistas raízes, sendo apontado, agora, de misógino, o que se constitui num problema. 

É um grave equívoco - mesmo que não intencional - permitir que uma narrativa discursiva onde transpareça preconceito de gênero se estabeleça. Mesmo com os retrocessos civilizatórios ainda em voga, não seria prudente atacar mulheres, gays ou animais. Isso talvez explique a foto de Lula com a sua cachorrinha de estimação, que inundou as redes sociais na última semana. 

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