
No dia de ontem, 9, tivemos o cuidado de ler, com absoluta atenção, uma entrevista com um ex-delegado da Polícia Federal, Jorge Pontes, concedida ao Estado de Minas, onde ele trata da questão da segurança pública no país. O quadro traçado por ele é sombrio e sensivelmente preocupante, sobretudo quando se observa a ausência de uma luz no fim do túnel. Uma leitura e uma reflexão que se recomenda para todos os agentes públicos que lidam com essa questão. O problema da segurança pública no país e, consequentemente do crime organizado a ale associado, passa, necessariamente, segundo ele, por uma reestruturação das polícias estaduais, obra hercúlea, sobretudo neste momento de queda de braço entre a União e entes federados.
O crime organizado já atingiu o núcleo duro dessas corporações. Sem que haja uma reestruturação, não se vislumbra alguma solução. O país passa por um processo célere de institucionalização do crime. Alguns entes federados, caso do Rio de Janeiro, o processo está tão enraizado que já podemos considerar a hipótese de estarmos lidando com um narcoestado. Ali já estão sendo registrado até situações de atentados terroristas, a exemplo da Colômbia dos piores anos. Nos estertores do Governo Bolsonaro já se impunha a necessidade de uma reestruturação do aparato de segurança e inteligência do Estado, estranhamento algo que só foi feito timidamente pelo Governo Lula3.
O resultado desse equívoco é que temos um agente da Polícia Federal, que fazia a segurança do presidente Lula, indiciado entre os conspiradores do golpe de Estado. Não vamos nem aqui entrar no mérito da ABIN paralela e do GSI para não melindrarmos. Conforme já insistimos por aqui em inúmeras ocasiões, há uma impossibilidade de construção de algum consenso mínimo em torno do assunto. Até recentemente o governo foi muito criticado pela decisão de afastar a PRF das ações em conjunto com as polícias estaduais e federal, junto à força tarefa do GAECO e do FICCOS. Há aqui um indicador, como já se suspeitava, das dificuldades dessa integração.
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