pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Bolsonaro e mais sete integrantes do núcleo duro do golpe tornam-se réus.
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quarta-feira, 26 de março de 2025

Editorial: Bolsonaro e mais sete integrantes do núcleo duro do golpe tornam-se réus.


Uma das defesas mais consistentes da denúncia apresentada pelo PGR ao STF, envolvendo o denominado núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado, depois, logicamente, da realizada pelo relator, o Ministro Alexandre de Moraes, foi a proferida pela Ministra Cármen Lúcia, que chegou a embasar inicialmente seus argumentos num texto de história, lançado recentemente, sobre como ocorrem os golpes de Estado, onde a autora traz elucidações sobre o que ocorreu antes de 1964, culminando na tomada do poder pelos militares, consorciados por forças da sociedade civil,  naquele ano. A ministra, com base na autora do texto, relata todas as preliminares da ingerência dos militares na condução da política institucional do país, antevendo-se o fustigamento gradativo do edifício democrático, até o seu completo desmoronamento. 

De fato, golpes de Estado passam, necessariamente, por minucioso planejamento. Não podem ser desencadeados sem o controle rígido de inúmeras variáveis, mesmo que regados, por vezes, por inocentes licores de pitanga. Aqui em Pernambuco, um grupo de conspiradores se reuniam num insuspeito colégio de freiras. Muito antes do dia 31 de março de 1964, já estava ajustado que Paulo Guerra assumiria o Governo do Estado de Pernambuco, em substituição ao ex-governador Miguel Arraes, que fora deposto. Isso não ocorreu apenas porque ele era o vice ou pertencia a aristocracia açucareira do estado. Quando Mourão "queimou" a largada, os golpistas entraram em desespero, mas tudo estava tão azeitado - vale dizer planejado - que isso não representou um problema incontornável. 

Como dizia o grande Leonel Brizola, havia muita gente costeando o alambrado autoritário. Entre os atores institucionais, 36 deles foram arrolados nas investigações conduzidas pela Polícia Federal, num trabalho impecável. Para azar dos golpistas e felicidade de nossas instituições democráticas, aparelhar o Estado com atores sensíveis às aventuras autoritárias não foi suficiente para a sua materialização. Quem sabe daqui há alguns anos, alguém não resolve produzir um calhamaço contando tudo o que houve e respondendo à pergunta: Onde foi que eu errei. Por enquanto, golpistas contumazes assumem pose de intransigentes defensores das instituições democráticas, consoante preconiza a nossa Constituição. 

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