Não chega a ser uma novidade falarmos aqui das divisões internas do Partido dos Trabalhadores. A diferença agora é que as roupas sujas, no passado, costumavam ser lavadas em casa, conforme uma máxima das mulheres nordestinas. Outro diferença é que já houve um tempo em que as posições ou decisões do líder Luiz Inácio Lula da Silva costumavam estabelecer um consenso mínimo na legenda, evitando-se, assim, rachas ou divisões mais acentuados. Lula era aquela argamassa que sustentava a legenda. Há três meses de escolher um novo dirigente, o partido encontra-se perigosamente cindido, exigindo um bom alfaiate para fazer as costuras necessárias, evitando-se um mal maior.
Naqueles tempos em que os membros da legenda andavam numa Brasília velha, caindo aos pedaços, e se reuniam no Sindicato das Empregadas Domésticas, eram os radicais, ou seja, aquelas tendências oriundos às vezes da luta armada que não concordam em nada com essa tal de democracia representativa burguesa. Quando o partido iniciou seu processo de institucionalização duas delas foram expulsas da legenda. Uma delas, a Convergência Socialista tornou-se o PSTU, partido que começa, aos poucos, a se inserir no jogo da democracia representativa burguesa. Nas últimas eleições, o PSTU apresentou candidatos às prefeituras e as câmaras municipais.
Até bem pouco tempo, o timoneiro José Dirceu, grande responsável pelo processo de institucionalização da legenda, concedeu uma entrevista ao Correio Braziliense onde manifestava suas preocupação acerca dessas divisões internas do partido, algo que poderia trazer consequências graves, insistindo na intervenção de Lula. Dirceu pertence a mesma tendência de Lula, a CNB, que defende o nome de Edinho Silva para o comando da legenda. Pelo andar da carruagem política, o que hoje se sugere é que esta tendência também está cindida em torno do assunto. Nem todos os integrantes do grupo hegemônico hoje no partido endossa o nome de Edinho, que deve ser imposto goela a dentro, mesmo diante das resistências.
A imprensa noticiou que a nova ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, teria mantido um encontro com Lula para manifestar a dificuldades de alguns setores do partido em aceitar a indicação do nome de Edinho Silva. Edinho Silva chegou a se manifestar sobre o assunto, indignado com as tratativas. Lula continua apoiando o seu nome. Quando o nome do senador Humberto Costa foi indicado ao cargo, pensamos tratar-se de um nome de consenso, mas trata-se apenas de um mandato tampão e ele mesmo já descartou a permanência no cargo.
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