pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO
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quinta-feira, 17 de novembro de 2011



O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DO RECIFE EM 2012 – Ao intervir no PSB local, Eduardo Campos mata quatro coelhos de uma cajadada só e acena com a probabilidade da candidatura de Fernando Bezerra Coelho.


José Luiz Gomes escreve:

                                    Há algo de inusitado e curioso na movimentação das peças do PSB, leia-se, sobretudo, Fernando Bezerra Coelho e Eduardo Campos, em torno das eleições do Recife em 2012. Em linhas gerais, o projeto nacional do governador parece ter comprometido, irremediavelmente, alguns acordos celebrados na província.  Depois de uma longa conversa com Eduardo, FBC liga para o prefeito para cumprimentá-lo pela idade nova. O gesto poderia ser entendido como uma simples demonstração de civilidade, não fosse o seu interesse em conversar com João da Costa sobre o Recife e, certamente, sobre as eleições do próximo ano, tornando-se protagonista das eleições municipais recifense.  

                                    Por outro lado, ao iniciar o processo de discussão sobre seu posicionamento em relação ao pleito de 2012, o PTB elegeu Fernando Bezerra Coelho como um dos interlocutores mais privilegiados. Ontem foi a vez do Ministro da Integração Nacional receber o Deputado Federal e ex-prefeito do Recife, João Paulo. Nos últimos dias, portanto, Fernando Bezerra vem dando todas as demonstrações de que será mesmo candidato do PSB às eleições do Recife em 2012, construindo uma agenda de gestão para a cidade e, possivelmente, articulando apoios ao seu projeto. Tudo isso com o sinal verde do Palácio do Campo das Princesas.   

                                    O ato de sua transferência de domicílio eleitoral de Petrolina para Recife suscitou na crônica política pernambucana duas situações distintas: A primeira, de açodamento, onde alguns colunistas se apressaram em dar como certa sua candidatura. Num outro momento, de maior prudência, sugeriu-se que o governador do Estado, Eduardo Campos, apenas havia tomado algumas medidas “preventivas”, na eventualidade da necessidade de precisar mexer em mais de uma peça do tabuleiro da Frente ou do PSB, o seu partido. Houve quem acreditasse, caso de Raul Jungmann, que a estratégia era unicamente de “metropolitanizar” o nome de FBC, preparando-o para o embate de 2014 ao Palácio do Campo das Princesas.  


                                   Logo em seguida, no entanto, três manobras do PSB passaram a configurar a candidatura do Ministro Fernando Bezerra Coelho como um fato concreto. Depois de uma longa conversa com FBC, o Deputado Federal João Paulo saiu convencido de que o PSB não estava brincando ou blefando ao transferir o domicílio eleitoral do ministro para o Recife. Há, sim, uma real possibilidade de sua candidatura à Prefeitura do Recife em 2012. João Paulo, integrante da Comissão Eleitoral do PT responsável pelo Nordeste, já deve ter informado o fato aos caciques da legenda, que não querem, de jeito nenhum, perder em Recife.  

                                    O primeiro indicador de que ele, de fato, pode entrar em campo já nas eleições de 2012 são suas movimentações. Embora com uma agenda apertada no ministério, FBC encontra “encaixes” para receber os principais atores da cena política pernambucana, até o momento, concentrados na órbita da Frente Popular. Eduardo Campos,  Armando Monteiro, João Paulo são alguns nomes que já passaram pela agenda de FBC. O ritmo da maratona tem sido intenso demais para quem pretende chegar ao Palácio do Campo das Princesas em 2114. Há indícios fortes de um pit stop no Palácio Antonio Farias.

                                    Naturalmente, o teor dessas conversas não vazam para a imprensa, mas, nas entrelinhas, pode-se perceber as preocupações do partido com a gestão da cidade – por vezes criticada -; o indesejável papel de coadjuvante da agremiação no Recife e, principalmente, os danos que a má gestão da cidade pode causar aos projetos nacionais do governador Eduardo Campos. O PSB respalda integralmente o debate que FBC vem provocando sobre a gestão do Recife, colocando João da Costa na defensiva.  

                                    O segundo elemento diz respeito às intervenções promovidas no diretório Estadual do PSB, substituindo Milton Coelho por Sileno Guedes. Aparentemente, o processo foi realizado com muita vaselina política – a melhor vaselina – de maneira a não arranhar a imagem de Milton, indicado à Direção Nacional da agremiação. Por ocasião, escrevemos em nosso blog uma postagem afirmando que Eduardo Campos havia matado três coelhos de uma cajadada só. Na semana seguinte, depois de uma recontagem, chegamos à conclusão de que havíamos errado a conta. Na realidade, foram quatro coelhos, inclusive um de Petrolina.

                                    No início, a crônica política não deu muita importância a esse fato, mas Milton Coelho era um ator que defendia abertamente o apoio do PSB à reeleição do prefeito João da Costa. Milton, inclusive, desautorizou, em mais de um momento, a vereadora Marília Arraes por suas declarações favoráveis a uma candidatura do PSB no Recife. Depois, chegamos a ler alguns comentários de que a medida surpreendeu o próprio Milton que, apesar das arestas criadas com alguns palacianos, tinha um bom suporte de apoios para continuar à frente da legenda, principalmente de diretórios metropolitanos e interioranos.


                                   Com a medida, Eduardo escalou um homem de sua inteira confiança para o PSB nacional, com o objetivo de articular seu projeto presidencial em algumas capitais importantes do país; deslocou uma peça, Sileno Guedes, para desenvolver o projeto de metropolitanização do partido no Estado e, de quebra, ainda adiou o pedido de licença de um militante histórico da agremiação, o escritor Ariano Suassuna, que deverá continuar entoando a madeira de lei que cupim não rói nos encontros da agremiação.

                                    A cajadada nesses três coelhos remete, inexoravelmente, a um quarto, ou seja, Fernando Bezerra Coelho, que tem coelho até no nome. Além do ritmo das movimentações de FBC, dois fatores são indicadores fortes de uma possível candidatura do ministro: o primeiro dele diz respeito ao projeto de metropolitanização da agremiação, ou seja, o partido pretende crescer na região metropolitana e Sileno Guedes, conforme já afirmamos, foi escalado para cumprir essa missão. Razoavelmente fortalecido nas microrregiões da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão é chegado o momento de o partido ampliar seus espaços metropolitanos, ensejando a possibilidade de candidaturas como a do ministro Fernando Bezerra Coelho.


                                   O outro fator que constitui-se num indicativo de uma possível candidatura de FBC é o projeto de  partido conquistar visibilidade em dezenas de capitais do país, irradiando o projeto nacional do seu presidente, o governador Eduardo Campos. Ou seja, o arranjo nacional de Eduardo Campos – envolvendo o PSD e setores do PSDB – pode levá-lo a peitar o Partido dos Trabalhadores na capital pernambucana, atropelando os acordos da Frente Popular, firmados ainda quando o “moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco desejava apenas ser governador de Pernambuco. Por outro lado, se o que está em jogo é dimensionar o nome de Eduardo Campos nas principais praças do país, como o Recife, capital do Estado de Pernambuco, poderia estar de fora dessa estratégia? Reportagem do jornal Folha de São Paulo, evidencia o fosso que está sendo criado entre o PT e o PSB, a nível nacional, em razão dos projetos presidenciais de 2014 e 2018. Embora a matéria apresente alguns equívocos, devidamente corrigidos no nosso blog, é certo, no momento, como já afirmamos no último artigo, um alinhamento preferencial de Eduardo com o PSD e com o PSDB.


                                   É bastante razoável, portanto, apostar numa candidatura de Fernando Bezerra Coelho em 2012, desta vez orientado por argumentos consistentes e não apenas pela formalidade da transferência do domicílio eleitoral. Voltando ao palco para tratar de um assunto espinhoso, o do acordo celebrado entre ele e Sérgio Guerra nas eleições de 2010 – onde o partido, em troca de sua candidatura ao senado, o apoiaria em 2012 para ganhar ou para perder – Raul Jungmann chegou à conclusão de que, no Recife, o PSB já faz oposição ao prefeito João da Costa. Acho que fazer oposição é um termo muito forte, mas é bastante sensato pensar que a margem de manobra de Eduardo Campos, hoje, no tabuleiro da política pernambucana, são cada vez mais independentes dos movimentos do PT, embora ainda  reste alguns acertos de “conta” com a agremiação, como o apoio recente do partido à eleição de Ana Arraes para o Tribunal de Contas da União.








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