pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO
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terça-feira, 29 de novembro de 2011


O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DO RECIFE EM 2012 – “Não importa a cor do gato, desde que ele cace o rato” – E se os gatos amarelos ou malhados forem melhores caçadores do que os vermelhos, João da Costa?



José Luiz Gomes escreve:

                                    O sociólogo Gilberto Freyre afirmava que no Brasil tudo seria possível. Não o surpreenderia, por exemplo, que num determinado período, a festa de carnaval estivesse programada para uma Sexta-Feira Santa. Vivo fosse, o sociólogo dos sobrados e das casas grandes chegaria à conclusão de que suas afirmações – que causariam tanto espanto à época - de fato, já teriam se confirmado aqui mesmo na província, no Agreste pernambucano, mais precisamente na cidade de Gravatá. Nesta cidade, a maior atração das “festividades” da Semana Santa é agendada exatamente para a sexta-feira, sob os aplausos da juventude e dos protestos de alguns membros da Igreja Católica. Se ele foi para céu, deve estar rindo à toa com relação à engenharia política que está sendo montada na Fundaj, um arranjo que incorpora ao stablishment atores que sempre se identificaram pela diferença, pela absoluta indiferença à inclusão social e pelo mais arraigado apego às práticas patrimonialistas.  Mas isso, já é tema de outro artigo que estamos escrevendo.

                                   Chamou a atenção da crônica política pernambucana uma trégua no acirramento de ânimos que estava ocorrendo entre o PSB e o PT em torno das eleições municipais recifenses do próximo ano. Surpreendentemente, os principais atores políticos do jogo, um ano antes das eleições, resolveram baixar as armas. Humberto Costa passou a defender a legitimidade do pleito do PSB para a cidade, admitindo, inclusive, que o PT poderia abdicar da cabeça de chapa. Fernando Bezerra Coelho, antes tão entusiasmado e decidido a debater a gestão municipal, começou a raciocinar em termos da construção de uma candidatura de unidade na Frente Popular, não necessariamente a dele. 

                                   A reforma ministerial de Dilma Rousseff, que deverá ocorrer em janeiro, será fundamental para acompanharmos os passos do Ministro da Integração Nacional. Caso Eduardo opte, realmente, em peitar o PT no Estado, em razão do seu projeto nacional, será confirmada a candidatura de FBC no Recife, como ontem foi confirmada a do deputado João Fernando Coutinho, em Jaboatão, tudo de acordo com a estratégia traçada pelo PSB. Assim como Recife, o país de Jaboatão não poderia estar de fora dos planos dos estrategistas do Palácio do Campo das Princesas. Elias Gomes tem um excelente diálogo com o governador, mas é homem de partido.   
                               

                                   Os arranjos indicam que em política tudo é possível. Em política brasileira, então, parafraseando Gilberto Freyre, nada mais nos surpreende. Fernando Henrique Cardoso, em entrevista à revista New Yorker, ele que tem sido tão virulento na cobrança da faxina ética realizada pelo Governo Dilma Rousseff, admite que, em nome da governabilidade, Lula está certo em pedir que ela vá mais devagar. Apesar de todos os problemas dentro do PT e na Frente Popular, é possível, no cenário de hoje, que o partido apóie a candidatura à reeleição do prefeito João da Costa. Parece-nos que só o eleitor poderá arrancar o matuto que tomou água de barreira daquela cadeira. Em última análise, isso é saudável para a democracia.


                                   Os dirigentes nacionais da agremiação estão tentando, através da via diplomática, reatar o diálogo entre os dois Joões, minimizando a possibilidade de um desastre nas urnas. Como já enfatizamos no blog, é uma missão quase impossível, mas em política, como afirmava Paulo Guerra, não existe as expressões “nunca” nem “jamais”. Sobretudo em política, tudo é possível.

                                   Em recente encontro nos estúdios da TV Jornal do Commércio, por ocasião das gravações do Programa Ponto Final, comandado por Aldo Vilela, os dois ficaram bunda com bunda, não se cumprimentaram, e João Paulo não suporta nem ouvir falar sobre o assunto. João da Costa, neste aspecto, tem sido muito mais receptivo ao diálogo. Jura que João Paulo estará com ele na campanha de reeleição. João Paulo acredita que seja o próprio João da Costa quem esteja espalhando esses boatos. A direção nacional do PT não teria nada a ver com o assunto.  

                                   Consciente de que as circunstâncias políticas começaram a sinalizar no sentido do apoio do partido ao seu projeto, João da Costa entra em campanha para valer. Atendendo a um convite de Antonio Lavareda, foi ao aniversário do Deputado Federal Sérgio Guerra, um do atores mais matreiros do cenário político pernambucano. Logo em seguida, ficamos sabemos que o marqueteiro que cuidava da publicidade institucional da Prefeitura do Recife – que tentava associar a gestão municipal ao ritmo de desenvolvimento do Estado – entregou o boné. Nenhuma confirmação, porém, se Antonio Lavareda assumiria a publicidade da Prefeitura ou da campanha de reeleição. Oficialmente, os encontros ainda não chegaram aos finalmente. Permanecem na fase dos canapés. Desde o último carnaval.

                                   Comenta-se que João da Costa não ficou bem nas fotografias. Se sentiu pouco à vontade no encontro, atitude que causou  certo estranhamento entre os correligionários do partido, episódio já superado. Um tanto quanto ausente dos debates sobre mobilidade urbana – possivelmente um tema fulcral  para as próximas eleições municipais – João da Costa apenas acompanhou o Governo do Estado em lançamentos de projetos importantes para o setor, ofuscando sua já então fragilizada gestão. Questionado a respeito, João deu para filosofar, relembrando o líder reformista chinês, Deng Xiaoping, que afirmava que não importava a cor do gato desde que ele cace o rato.

                                    É sempre bom ter uma preocupação com esses bichanos, João. Alguns deles estão loucos para se aninhar no Palácio Antonio Farias. Isso para falar apenas da cambada da Frente Popular. Como se isso não fosse suficiente, João, há um gato malhado que passou a exigir uma vigilância mais ostensiva, sobretudo depois que os noticiários nacionais deram conta de que ele passou a ser alimentado nas cercanias do Palácio do Campo das Princesas. Trata-se de um bichano novo, malhado de verde, azul e amarelo. Obedece ao comando do mandachuva Sérgio Guerra.

                                    Em longa postagem no seu blog, o jornalista Josias de Souza, da Folha de São Paulo, insinua com todas as letras, que o governador Eduardo Campos fornece umas pescadas amarelas para o ninho do gato tucano, ou seja, Daniel Coelho. A estratégia do governador seria a de emprestar – conforme comentamos – um mero apoio formal à candidatura de João da Costa – permitindo-se não perder de vista a consolidação da aliança em construção com o PSDB, mantendo-se FBC em Brasília.

                                    Recentemente, o governador se queixou que havia setores do PSDB e do PT interessados em vê-lo em maus lençóis com Dilma Rousseff. Chegou mesmo a desautorizar Ciro Gomes, quando este afirmou que talvez tivesse chegado mesmo o momento de o PSB romper com o PT. Naturalmente, setores do PT que trabalham pela reeleição de Dilma Rousseff estão incomodados com as movimentações de Eduardo Campos. O mesmo raciocínio se aplica aos setores do PSDB que defendem a postulação do senador Aécio Neves, possivelmente, incomodados com o assédio do PSB.

                                   Não é mais segredo que já está em curso o projeto nacional do “moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco. A situação ideal deve ser construída a partir do pleito de 2014, preparando o terreno para 2018. Caso as circunstâncias políticas permitam, no entanto, ele pode entrar na disputa ainda em 2014, algo que tira o sono de alguns petistas, entre eles, o próprio Lula, com o qual o governador de Pernambuco tem uma relação de amizade, que extrapola as questões partidárias.  

                                   Apesar dos seus mais de 27 mil votos na capital nas últimas eleições, acreditamos que Daniel Coelho ainda não está maduro suficiente para a gestão do Recife, o que deve pesar na hora dos eleitores fazerem suas escolhas. No início, pensamos até que aproximação de Eduardo tinha como objetivo afastá-lo da influência de Jarbas Vasconcelos, o que não parece corresponder aos fatos. As aproximações de Jarbas estreitam-se, hoje, muito mais com Raul Jungmann que, por sua vez, quer distância cada vez maior do PSDB, a julgar pelo último Congresso do partido, realizado no último domingo. Nas palavras de Raul, O PSDB vem emitindo sinais de distanciamento do PPS, o que obriga o partido a recompor sua política de alianças, hoje muito mais próxima da clorofila dos marinistas, que já encontram refúgio seguro na legenda. Ficou definido, no domingo, que o partido mudará a sigla para incorporar o “V”.

                                    Se essas composições se confirmarem, teremos aí, pelo menos, dois gatos clorofilados concorrendo à Prefeitura do Recife no próximo ano: Daniel Coelho, verde malhado de amarelo e azul, e Raul Jungmann, vermelho e verde. Importa sim a cor dos gatos. Pay Attention, João!






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