Ontem, publicamos aqui no Blog do Jolugue uma matéria
assinada pelo jornalista Josias de Souza, onde ele disseca uma possível
estratégia do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em tornar-se opção presidencial já nas
eleições de 2014. As editorias de política dos jornais locais, no último
domingo, também se dedicaram ao assunto, antevendo nos movimentos do governador
algo que sinaliza neste sentido, como a construção de uma autonomia em relação
ao PT. Ouvidos pelo jornal O Globo, o Cientista Político Cláudio Gonçalves
Couto, da FGV, também observa nesses movimentos o ensáio de uma possível candidatura
presidencial, quem sabe já para 2014. Na análise de Josias de Souza percebe-se,
claramente, que o governador constrói dois discursos: um, na boca do palco,
aparecendo sorrindo nas fotos com Lula, reforçando a tese de que apoiaria o PT
no projeto de continuar inquilino do Planalto pelos próximos anos. Nas coxias,
entretanto, se reúne com seu núcleo estratégico no Palácio do Campo das
Princesas, costurando sua candidatura presidencial já para 2014, tomando
algumas medidas necessárias, como um calculado distanciamento do Partido dos
Trabalhadores. Em política, como na vida, o cavalo selado não costuma passar
duas vezes. Por outro lado, “queimar etapas” também pode representar um grande risco.
Eduardo Campos já se constitui numa alternativa de poder real para os próximos pleitos
presidenciais de 2014 e 2018, concretamente falando, alinhavando em torno de si
um conjunto de forças políticas capazes de alçá-lo aos projetos nacionais,
embora ainda apresente algumas fragilidades em praças importantes. Há, somado a isso, uma série de problemas com os principais aspirantes ou inquilinos
que desejam renovar o contrato de locação com o Palácio do Alvorada. Aécio Neves ainda não
assumiu a requerida “dimensão nacional” – tão reclamada por Fernando Henrique
Cardoso. Nem o PSDB está convencido da viabilidade do senador Aécio Neves. Permanece uma figura circunscrita às alterosas, movendo-se para pegar o telefone tardiamente, como se estivesse em berço esplêndido, como recentemente, quando ligou para Sérgio Guerra, impedindo que as negociações avançassem no sentido da retirada da candidatura de Daniel Coelho em favor do reforço ao candidato do Campo das Princesas, Geraldo Júlio, num processo de negociações que estava bastante avançado entre Eduardo Campos e Sérgio Guerra. Aécio pediu a Guerra que o espaço do PSDB fosse preservado no Estado, de olho nas eleições de 2014. Dilma Rousseff, além dos problemas com a economia, permanece uma
técnica absolutamente indisposta com a chatice das articulações políticas, algo que, definitivamente, não gosta de fazer. Não costuma dialogar
com sua base de sustentação política o que se traduz como um problema real. A
relação de Dilma com os partidos políticos continua precária, num sistema político
bastante dependente dessa vaselina. Embora
Eduardo Campos vá jogar pesado para liquidar a fatura ainda no primeiro turno,
se precisar do apoio do PSDB e do PPS para um eventual segundo turno, não terá
problema.Continuamos não acreditando numa possível candidatura de Eduardo
Campos já para 2014, mas, em todo caso, faz sentido ficar de olho nas suas
movimentações, sobretudo se os discursos que estão sendo vazados para a
imprensa tem sua origem na “boca do palco” ou nas “coxias”.
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