O pedido de desfiliação do PT do ex-secretário de Governo de
Eduardo Campos, Maurício Rands, é
mais uma capítulo das grandes novidades que envolvem a disputa da capital pernambucana
nas eleições de 2012. A atitude de Rands traz alguns novos complicadores para a
candidatura do senador Humberto Costa, expondo de vez os graves problemas
enfrentados pelo partido, hoje dicotomizado diante de uma aristocracia
partidária autoritária e as suas bases, forjadas organicamente nos movimentos
sociais, sindicais e clericais. Já houve um momento na história do partido que esas bases
tinham um poder tão expressivo que, para alguns estudiosos, representavam um
antídoto seguro à possibilidade de oligarquização da agremiação. Uma avaliação,
naturalmente, ingênua, conforme deixamos claro em artigo publicado aqui no Blog
do Jolugue. A carta de Rands traz alguns outros trechos importantes, mas é
interessante observar como a imprensa focou o momento em que Rands advoga o
processo pelo qual foi alijado da disputa, preterido por um nome tirado sob medida pelo
politburo da organização petista, o do senador Humberto Costa, previamente
concebido como "o candidato" pela cúpula partidária do PT. Em princípio, não há muito contradições
na fala de Maurício Rands, como sugere o ex-Secretário de Cultura da Prefeitura
do Recife, Renato Lins, que, pelo microblog Twiter, classificou o deputado de queijo do reino, ou seja, vermelho por
fora e amarelo por dentro. Os discursos devem ser lidos nas entrelinhas. Quem
esteve atento aos fatos devem lembrar que ele chorou bastante ao retirar sua
candidatura, apesar do “sacrifício” em nome da unidade. Tratou-se, em última
análise, de um processo bastante doloroso. Seu namoro com o Palácio do Campo das
Princesas, por sua vez, não é de hoje. Faz algum tempo que teria passado da fase dos "amassos". Era o nome da preferência de Eduardo Campos
para disputar a Prefeitura do Recife. Tão confiável a Eduardo Campos que passou
a gerar desconfiança dos grãos-petistas, que, naturalmente, alijaram-no da
disputa, como também o fizeram com o atual prefeito, João da Costa. Por falar
em João da Costa, ele está saltitante, gritando aos quatro cantos que a atitude
de Rands demonstra que ele estava certo. Hoje especulou-se que ele teria sugerido
a Rands que assumissem o compromisso de enfrentar, os dois, a Executiva Nacional do
Partido, mas Rands acabou definindo seu apoio a Humberto Costa logo após ser
rifado. A saída de Rands do PT – já declarando abertamente apoio ao nome de
Geraldo Júlio – embora minimizada pelo senador Humberto Costa – agrava, sim, a crise
do PT no Estado. Para complicar ainda mais o quadro, só mesmo as constantes
declarações de guerra de José Dirceu ao governador de Pernambuco, Eduardo
Campos. A queda da Bastilha petista, o Palácio Antonio Farias, nunca esteve tão ameaçada. O PT vai jogar
pesado para segurá-la, mas a situação é cada dia mais complicada, avolumando-se
os problemas. Há uma possibilidade real do prefeito João da Costa apoiar a candidatura de Geraldo Júlio.Também não nos parece claro, ainda, qual o discurso que será utilizado pelo PT. Mesmo diante de um "inimigo externo", muito dificilmente a tão sonhada unidade tem chance de ser conseguida. Parafraseando o velho Karl Marx, numa alusão
ao sistema capitalista, o PT alimenta o germe de sua própria destruição. Pay attention, PT!
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