No final da década de 40 foi lançado um livro emblemático
sobre a cultura política brasileira. O livro? Coronelismo, Enxada e Voto. Seu
autor? Victor Nunes Leal. Em razão da primazia da abordagem, o enfoque do autor, o minucioso
rigor da pesquisa, logo o livro se tornaria um clássico na área de
sociologia política, uma referência indispensável, até hoje, sobre os estudos
envolvendo o coronelismo e o chamado "voto de cabresto" no país. A relação entre o voto, a
política e os grupos religiosos pentecostais, neopentecostais e
pós-pentecostais estão a exigir um estudo do porte do realizado por Victor
Nunes Leal, focado no coronelismo agrário e os chamados “currais eleitorais”,
uma massa de manobra comandada com absoluto rigor por chefes políticos locais, votando
de “porteira fechada” em quem eles indicassem. Muito repercutiu a aproximação
do candidato do PSB à Prefeitura da Cidade do Recife, Geraldo Júlio, junto aos
evangélicos das Igrejas Universal do Reino de Deus, Assembléia de Deus e do
Evangelho Quadrangular. Dessas, duas estão praticamernte fechadas com o
candidato, a Universal e a Assembléia. Trata-se de um jogo de conveniência
extremamente importante e estratégico para as ambas as partes. A política
entre os pentecostais e neopentecostais é algo levado muito a sério. Trata-se de algo sistemático,
minuciosamente planejado e bastante articulado. Há coalizões e bancadas políticas nas
casas legislativas, partidos organicamente vinculados, todos dispostos a
defenderem os projetos de interesses corporativos dessas igrejas.
Pragmaticamente, para os políticos, não há melhor negócio: é voto certo,
porteira fechada, nos moldes dos antigos currais descritos por Victor Nunes Leal.
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