pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Benfield no Recife. Vem conhecer o familismo amoral tupiniquim.
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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Benfield no Recife. Vem conhecer o familismo amoral tupiniquim.




A partir de um artigo do professor Paulo Luiz Moreaux, publicado na Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.13, nº 36, Fev. 1998, tivemos a oportunidade de retomarmos a leitura sobre o conceito de familismo amoral, de Banfield. Assim como Sérgio Buarque de Hollanda, Banfield ajuda-nos bastante a entender o homem cordial brasileiro, afeito ao tapinha nas costas, ao acolhimento afetivo de  parentes  e agregados na máquina e, principalmente, a transformar a esfera pública numa extensão do seu quintal. Impressionante como as suas categorias de análises se aplicam ao cenário político pernambucano. Um exemplo disso é a imposição do nome do filho do ex-governador e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, para a direção da Juventude Socialista Brasileira (JSB), o que vem causando um frisson nas hostes neo-socialistas, além de um racha familiar, depois das declarações da vereadora Marília Arraes(PSB), reticentes ao fato. Dr. Arraes ressentia-se de herdeiros na política. Nenhum dos seus filhos quis seguir carreira política. Apenas o neto, Eduardo Campos, manteve o espólio da família, sendo eleito duas vezes governador do Estado. O curioso é que, depois que Eduardo Campos chegou ao Governo, abriu-se as porteiras das vocações políticas do clã. Além dos parentes diretos, os agregados familiares. Circulando hoje pela cidade, observei adesivos de pessoa muito ligada aos Campos, como candidato a Deputado Estadual. Talvez esteja ocorrendo aqui um grau de concorrência acirrada dentro da própria estrutura familiar. Há quem informe que Marília Arraes, em função dos novos arranjos, poderia não contar com o apoio do padrinho político no seu projeto de chegar à ALEPE. Tenho cá minhas dúvidas sobre se, de fato, João Campos, o filho mais velho de Eduardo, desejaria ou estaria pronto para entrar na vida pública, embora, no nosso familismo amoral, como informa os autores acima, isso seja apenas um pequeno detalhe, posto que a vida pública é, tão somente, uma extensão da vida privada, com implicações nefastas para a res publica. Infelizmente. Publicamente, a insatisfação é passada como uma recusa em aceitar a imposição de um nome sem militância política, quando o partido teria outras lideranças orgânicas que estariam bem mais preparadas para assumir o papel. Questiona-se, igualmente, os métodos adotados, de corte autoritário, nada republicanos. Nas entrelinhas, as preocupações da vereadora poderiam ser, apenas, de caráter pragmático. Se Banfield estivesse vivo, possivelmente o convidaríamos para um banquete na mansão de Dois Irmãos, onde ele poderia, entre uma garfada e outra, inteirar-se sobre a dinâmica do familismo amoral pernambucano. Se ele não se embriagasse com o licor de pitangas, ficasse  encantado com a cordialidade das tradicionais famílias pernambucanas, e não resistisse às cocadas preparada com tempero natural das mulatas, de fato, estaríamos diante de um grande laboratório.

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