Durante a convenção partidária que homologou a sua candidatura ao Palácio do Planalto, nas eleições presidenciais de 2014, o ex-governador Eduardo Campos voltou a falar que irá varrer a corrupção do país. Sabe o ex-governador que o problema da corrupção no país é histórico, cultural e não será resolvido com bravatas ou decretos. Embora isso produza consequências sociais danosas, a cultura do "jeitinho" e da "malandragem" está imbricada em nossa sociedade, em todos os estratos sociais. Prática condenável, execrável, mas imbricada na conduta do brasileiro, embora não possamos fazer aqui generalizações do tipo: todo brasileiro é corrupto. Em certo sentido, é um problema mais ético do que econômico. Extinguir a corrupção no país seria um propósito dos mais elevados e louváveis. O FUNDEB, por exemplo, que destina recursos públicos para o ensino básico, é a rubrica mais visada pelas quadrilhas especializadas em desvios de recursos públicos. Uma das consequências imediatas, naturalmente, está relacionada à precariedade de funcionamento dos estabelecimentos de ensino, uma das variáveis que, certamente, jogam para baixo nossos índices de desempenho em educação. Por outro lado, o Estado de Pernambuco não é um grande exemplo de lisura na condução da coisa pública. Aqui na província, tando no Executivo Estadual quanto no Municipal, pipocaram inúmeros casos de corrupção na máquina pública. Num imaginário ranking de Estados com os maiores índices de casos de corrupção do país, certamente, não faríamos feio.Confesso que gostaria muito de saber qual é a estratégia que orienta essas posturas do ex-governador e candidato à Presidência da República. Transformá-lo num novo Collor? Jovem, nordestino, de discurso fácil, paladino da moral e dos bons costumes?Não sei. Seja lá o que está por trás disso, o fato é que os resultados não estão aparecendo nas pesquisas de intenções de voto, onde o candidato continua patinando. O discurso do candidato é orientado, desde 2006, através de pesquisas qualitativas realizadas pelos seus assessores. A indignação do brasileiro com a corrupção não é algo novo, assim como o PT não a inventou. Muito menos pôde acabar com ela, entranhada na máquina pública desde a colônia, inaugurada, quiçá, com a Carta de Pero Vaz, onde ele já aproveitava para pedir um emprego para o sobrinho, numa espécie de nepotismo com muitos significados, que iam muito além de um simples emprego. No seu bojo, um familismo amoral, o tráfico de influência, o não estabelecimento de fronteiras entre o público e o privado, além de outras mazelas quem nos acompanham até hoje. Impingir à coalizão petista esse problema é um grave equívoco, embora reconheça que os acordos fechados para permitir o Lula chegar lá, o tolheram de agir com maior rigor no combate a esses desvios de conduta. Vou ser mais sincero. Além de não coadunar com essa bandalheira, a presidente Dilma Rousseff tem sido uma gestora mais rigorosa no combate à corrupção, o que minimiza ainda mais os possíveis efeitos do discurso "moralista" do candidato Eduardo Campos. A julgar pelo seus discurso na Convenção Estadual do PSB, o que ele pretende mesmo é atingir Dilma. É um tiro que vem saindo pela culatra, quando se abre a caixa-preta do seu Governo. O mais espantoso é que sua assessoria parece não ter calculado corretamente essa estratégia equivocada de apresentar o candidato como um "paladino da justiça", um novo caçador de marajás. Talvez não seja essa a intenção, mais é isso que vem ocorrendo. A comparação seria inevitável. Outro dia li com bastante atenção um artigo onde o autor falava desse desencontro no sentido de construção de um discurso para o candidato. Ás vezes, como parece ser este o caso, não há jeito. Foi assim nas duas eleições em que Lula foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso. Foi assim quando Serra enfrentou Lula. Quando esteve me Pernambuco, por exemplo, o tucano chegou a elogiar Lula, mesmo na condição de candidato de oposição. Agora é a vez de Eduardo e Aécio malharem em ferro frio.
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