pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : #OcupeEstelita antes que seja tarde???
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domingo, 1 de junho de 2014

#OcupeEstelita antes que seja tarde???

Essa questão sobre a destinação do Cais José Estelita, muito mais do que um debate sobre o caráter "seletivo" das intervenções urbanas realizadas na cidade do Recife, suscitou uma série de outros debates convergentes. Sobre tais intervenções, já manifestamos nossa opinião, tratando-a como de corte "higienista", engendrada por um conluio nefasto entre poder público e setores da iniciativa privada. É financiamento de campanhas, um lobby poderoso, indicações de nomes de confiança para integrar postos chaves no governo... além de outras manobras que contribuem para o rompimento da esfera que deveria separar o poder público e os interesses privados. Relações promíscuas que esgarçam os princípios republicanos e representativos. O poder público torna-se um comitê deliberativo em favor dos interesses do capital, negligenciando as demandas de segmentos expressivos da população, contribuindo para a falência do modelo de democracia representativa burguesa, como advoga o sociólogo catalão Manuel Castells. Gostaríamos de fazer alguns desses questionamentos suscitados, a começar pela presença de algumas lideranças políticas "não-confiáveis" engajadas no movimento #OcupeEstelita. Salvo algumas honrosas exceções, há ali alguns oportunistas, tirando uma casquinha do movimento. a) Quando comentou sobre a famigerada construção das torres gêmeas, o economista Clóvis Cavalcanti alegou que, se houvesse uma grande mobilização popular contra sua edificação, elas não teriam sido erguidas. No caso do Cais José Estelita, a tramitação jurídica conquistada pelo projeto poderia permitir um retrocesso, no sentido de se permitir que o projeto seja reavaliado? Lembro que o prefeito Geraldo Júlio, ao ser interpelado por um manifestante do movimento, teria afirmado - assim como Pôncio Pilatos - que a prefeitura lavava as mãos. Não havia mais nada que órgão pudesse ou desejasse fazer. É uma posição dúbia, sobretudo se considerarmos aqui nossas observações iniciais sobre a relação entre poder público e esfera de interesses privados. b) Outro aspecto diz respeito ao "fato" jornalístico. A omissão da imprensa pernambucana sobre o movimento #OcupeEstelita é algo gritante. Devem estar envergonhados, uma vez que os argumentos de que a ocupação não se tratava de um"fato" jornalístico não convenceu a imprensa de outras regiões do país, que estão dando uma enorme cobertura ao #OcupeEstelita. O que ocorre, na realidade, é um grande comprometimento de alguns setores de nossa imprensa, sobretudo a imprensa escrita. Muito "pedagógica" esse #OcupeEstelita, uma vez que, além de uma grande demonstração de mobilização cidadã promovida pelas redes sociais em torno do caráter das intervenções urbanas na cidade, vem suscitando outros debates igualmente interessantes.

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