pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Itaquerão: Casa Grande e Senzala
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sexta-feira, 13 de junho de 2014

Itaquerão: Casa Grande e Senzala

A Presidenta deveria ter visto no telão, com a gloriosa misturança.



Gilberto dizia que as pitangas são afrodisíacas

O ansioso blogueiro se sente muito honrado com o telefonema que acaba de receber de Apipucos.

De D. Madalena, devotada mulher do Mestre Gilberto Freyre com “y” (não confundir com outro, suposto antropólogo, o com ï”(*) ).

D. Madalena conta que o Mestre pediu para transmitir a esse modesto repórter algumas ponderações.

(O Mestre está afônico de tanto torcer. Ele assistiu na Fox, para não se irritar, conta a ilustre consorte.)

Diz ele:

No Itaquerão havia dois Brasis: um dentro de campo e outro fora.

Dentro de campo havia a gloriosa miscigenação de brancos, negros, misturados, italianos – Scolari – e portugueses – Parreira.

Fora de campo, só havia brancos e suas louras.

Era a representação contemporânea da Casa Grande – Casa Grande !, insiste D. Madalena.

O Mestre de Apipucos pede para observar, modestamente, que a Presidenta Dilma, que ele saúda com respeito e admiração, que a Presidenta errou de endereço: ela deveria ter assistido ao jogo no telão do Anhangabaú, no meio da galera, da misturança nacional.

Foi um erro do cerimonial.

Que a obrigou a encontrar o Barbosa nos bastidores.

Não tem problema, diz o Mestre, segundo D. Madalena: aqui em Pernambuco vamos sufragar seu nome !

(“Ele não confia nesse Dudu de olhos azuis”, diz D. Madalena, baixinho.) 

D. Madalena aproveita para enviar à Presidenta um conhaque de pitanga, aquele que, segundo o Mestre, leva “suco de pitangas colhidas em nosso sítio, cachaça de cabeça fornecida por boas engenhocas das redondezas e licor de violetas fabricado por freiras virgens e místicas”.

Em tempo: na última vez em que esteve com o Mestre, ele serviu “licor de pitanga” ao ansioso blogueiro. Com o tempo, foi promovido a conhaque. 


Paulo Henrique Amorim 


(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
(Publicado originalmente no site Conversa Afiada)

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