As vaias e os xingamentos dirigidos à Presidente Dilma Rousseff na Arena Corinthians, durante a abertura da Copa de 2014, já renderam muitas polêmicas pelas redes sociais. Posições apaixonadas de lado a lado. Algumas delas com argumentos consistentes, outras movidas apenas pelo rancor e desprovidas de qualquer sustentabilidade. Até mesmo o perfil social daqueles que esboçaram os apupos e xingamentos foi apresentado por um conhecido comunicador de rádio pernambucano como sendo do "povo", uma vez que a elite estava nos camarotes ao lado de Dilma. Nada tão desprovido de bom-senso. Há evidências incontestáveis de que as vaias, de fato, foram orquestradas por pessoas de estratos sociais elevados, situados ali pelas classes A e B. Coxinhas paulistas, sem qualquer sombra de dúvida. Gostaria agora, no entanto, de comentar as atitudes dos dois outros aspirantes à Presidência da República, Aécio Neves(PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Começo por afirmar que ambos, ao se pronunciarem sobre o assunto, foram profundamento infelizes. O fato nos remetem a várias previsões sobre as eleições de 2014: a) Não há como tirar dividendos eleitorais do episódio. Aqueles que vaiaram Dilma já estão com voto fechado, possivelmente, no senhor Geraldo Alckmin e entre Aécio ou Eduardo Campos. Não votam em Dilma Rousseff. Trata-se daquele eleitorado que não protesta contra a falta de água no Estado. Um eleitorado conservador, reacionário, de direita. Não à toa, até o momento, apesar das enormes dificuldades com a máquina, Geraldo Alckmin lidere todas as pesquisas de intenções de voto. Portanto, se os presidenciáveis tentaram obter alguns dividendos eleitorais do episódio, chutaram a bola fora; b) Outra constatação é que, nas eleições de 2014, os golpes serão abaixo da linha de cintura. Um deles afirmou que ela "fez por merecer" e o outro quase coisa como se as vaias externassem o "sentimento do povo brasileiro". Dois indicativos de que eles estão dispostos a conduzir a campanha muito pouco preocupados em manter o nível republicano dos debates. Aliás, aliado a esses pronunciamentos, as declarações de ambos nos últimos meses foram duras contra a presidente Dilma Rousseff. Bola fora. Perderam uma ótima oportunidade de manter a urbanidade e a educação caseira, aí sim, uma atitude que poderia amealhar alguns votinhos. Não o suficiente, claro, para ameaçar a hegemonia e a liderança de Dilma, mas, quem sabe, poderem sair do pleito com algum crédito junto à imensa de eleitores que repudiaram aquela atitude mesquinha, típica dos chiliques de uma elite em vias de extinção. Roberto Mangabeira Unger falava na construção de uma contra-elite no Brasil, forjada na oportunização social proporcionada por Governos como o de Lula e o de Dilma Rousseff. Um dia ela substituirá essa velha, caquética e preconceituosa elite, forjada, ainda, nos estertores da Casa Grande. Teremos maior sensibilidade social e, principalmente, mais educação.
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