Foi Wladimir Ulianov Lênin que chamou,de certa feita, Rosa Luxemburgo de águia, reconhecendo a sua imensa capacidade de militante e teórica do movimento socialista alemão. Dizia ele que, embora uma galinha pudesse alçar voo a uma pequena distância do solo,jamais ela seria uma águia. E os críticos e adversários políticos da judia comunista eram como galinhas comparados à excelência intelectual e política da revolucionária polonesa. Também o nosso poeta baiano, Castro Alves,foi comparado a um condor - que voa alto - em sua luta contra a escravidão africana do Brasil.
Mas eis que chegou a hora de falar na nossa atual águia da Faculdade de Direito do Recife, a professora doutora Liana Cirne Lins, covardemente agredida por um beleguim policial, quando procurava defender uma mulher gestante da violência do aparelho policial, em recente manifestação popular contra a destruição do Cais José Estelita. É preciso dizer quem é esta reencarnação de Rosa Luxemburgo,em versão gaúcha/pernambucana/natalense.
A professora Dra. Liana Cirne Lins é doutora em Direito, pela Pós-graduação, da UFPE, foi a diretora e animadora da Sapere aude, uma empresa de excelência na área de estudos pós-graduados, e, sobretudo, uma personalidade pública, exuberante,corajosa, portadora de espírito público,como ninguém. Sempre em disponibilidade para abraçar as causas mais generosas em prol dos interesses da população. Fui seu professor no curso de Pós-graduação em Direito e seu colaborador. Nunca neguei a apoiar e endossar seus projetos, sempre dignos e altivos. Quando ela foi para a Praça Pública defender os estudantes, atendi ao convite. Tornou-se ela a patrona jurídica do Movimento pelos Direitos Urbanos, sendo que uma das principais lutas era justamente: Ocupe o Cais Jose Estelita, antes que a especulação imobiliária, apoiada pelo Poder Público, o fizesse de forma irremediável.
Pois bem, foi nesta luta memorável pelo direito à cidade que a minha querida e admirável professora foi covardemente agredida pela polícia militar do Estado de Pernambuco. Esta agressão não pode e não deve ficar impune. 0 ministério Público, a Corregedoria da Polícia Militar, a Associação dos Docentes da UFPE e a sociedade civil da nossa cidade - tão privatizada - têm de se pronunciar, antes que seja tarde demais. Ainda existe vozes dignas,corajosas que não vão se calar diante das injustiças e ilegalidades cometidas à serviço do mercado.
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador e Prof. da Universidade Federal de Pernambuco.
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