pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: La dolce vita da burguesia nos palácios dos governantes.
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quinta-feira, 19 de junho de 2014

La dolce vita da burguesia nos palácios dos governantes.





Os leitores que acompanham nossas crônicas já perceberam que gostamos de inserir em nossas análises alguns componentes gastronômicos, pelo que eles representam em termos de paradigmas antropológico e sociológico. Sempre que vem a público a lista de compras dos "palácios" para receberam seus convidados ou mesmo as comandas com as despesas dos políticos em restaurantes chiques, a chiadeira é generalizada. Percebo que há um certo exagero nisso. Até filés de peixes ameaçados de extinção entra na lista. Na Paraíba, nas compras para a "Granja Santana", uma espécie de segunda residência oficial do Governo do Estado, consta a aquisição de 460 latas de farinha láctea para consumo em um mês, além de papel higiênico personalizado. Um exagero. Eles não têm qualquer pudor. Botam mesmo para lascar. Garoto de repertório gastronômico limitado, sinto-me até pouco à vontade em citá-los nominalmente, mas vamos lá: Filé de serigado, camarão vila franca - aqueles rosadinhos - carne de siri, lagostas, salmão, escargot e coisas do gênero. Tudo isso em grande quantidade. Outro dia, um senador da República, daquele Estado, torrou R$ 7.500 reais num restaurante chique, em São Paulo, despesa paga pelo Senado Federal. A abertura das "comandas" de despesas com restaurantes do Gabinete do Prefeito do Recife, trazida a público por uma colega da rede Facebook, mostram exatamente isso. Como se trata de um órgão público, mantido com dinheiro público, essa gente talvez devesse adotar uma postura mais comedida. Ao contrário, são promovidas verdadeiras "orgias" gastronômicas. Apesar de ser um comportamento reprovável, por vezes ilícitos, no critério "repertório gastronômico" parece não haver muito que se possa fazer. Normalmente, quem participa dessas orgias são pessoas oriundas de camadas sociais privilegiadas, chefes de Estado, afeitos a esses cardápios. Uma das coisas que aprendi a fazer - conselho de Antonio Gramsci - foi observar o comportamento dos indivíduos em sociedade. Em João Pessoa, existe um restaurante chique, reduto da classe média alta da orla de Manaíra e Tambaú. Caro, mas um símbolo de "status". No restaurante, aos domingos, existe um verdadeiro salão de espera, com dezenas de pessoas aguardando uma mesa. Do lado de fora, filas enormes de pessoas aguardam para entrar na "espera". O curioso é observar aquelas madames de salto alto, todas emperiquitadas, à lá sinhazinhas, num sol escaldante, apenas para cumprirem um "rito". Nada como uma foto exclusiva para ser postada na coluna social do Facebook. Certamente, daria muitas curtidas. E  olhem que por ali mesmo existem outros restaurantes tão atrativos quanto. Quem acompanha o nosso blog, já deve ter lido as crônicas do jornalista Tião Viana. Impagáveis. Como estamos falando de gastronomia, numa de suas últimas crônicas, Tião lembra que, em sua época de solteiro, morando em casa de pensão, o cardápio era, invariavelmente, pão ensebado com margarina Bem-Te-Vi, sardinha em lata, mortadela e Kitut aos domingos. Havia um colega que se "aproximou" da dona da pensão para melhorar o cardápio. Esse era acordado logo cedinho, ia para uma mesa farta, onde era servido ovos de capoeira, cuscuz com leite, bode guizado no tacho, galinha guizada e um "pingado" bem quente. Tião lembra que nem os ossos ele guardava para os amigos chuparem o tutano. Hoje, homem curtido pela vida, em sua fria Princesa Isabel, ao oferecer os suculentos churrascos com picanha, maminha e asas de frango aos amigos, penso que Tião bem poderia afirmar: Se eu já fui pobre eu nem me lembro.

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