Sem sombra de dúvidas, o ex-dirigente do Corinthians, Vicente Mateus, deu uma enorme contribuição ao folclore político brasileiro. Entre as suas tiradas, costumava afirmar que "técnico não ganha jogo, mas perde.". Talvez essa máxima não possa ser aplicada aos padrinhos ou aos morubixabas políticos. Aqui mesmo em Pernambuco, por exemplo, não se pode dizer que a vitória de Geraldo Júlio para a Prefeitura do Recife, nas eleições de 2010, não possa ser atribuída como uma vitória pessoal do ex-governador Eduardo Campos, que bancou a candidatura de um até então neófito no meio-de-campo político. Dizem até que tomou gosto pela coisa. Seu nome teria sido cogitado como possível candidato socialista ao Governo do Estado, em meio ao turbilhão de problemas que envolve a candidatura de Paulo Câmara. Com o nome de Paulo tendo sido homologado no dia de ontem, isso fica apenas no terreno das especulações. Pois bem. Se a máxima de Vicente Mateus não se aplica à política, por outro lado, é inegável que possamos falar de nomes mal escalados, como foi o caso do senhor Paulo Câmara. Comentávamos ontem que política envolve circunstâncias ou variáveis sobre as quais não se exerce um controle absoluto. Segundo se informa, o martelo foi batido a partir de pesquisas que indicavam o nome de um técnico, sem perfil político. Se essa conclusão se aplicou muito bem à escolha do nome neo-socialista que concorreu à Prefeitura do Recife naquelas eleições, temos muitos dúvidas sobre se esse perfil seria o mais adequado numa eleição majoritária estadual, sobretudo se considerarmos o fato de o ex-governador estar praticamente ausente do pleito. Talvez por isso, a condução "política" da candidatura vem enfrentando sérias dificuldades. Não pensem que FBC poderá superá-las ou que o "Galeguinho" poderá socorrer o seu afilhado. Ambos, por razões distintas, não poderão fazê-lo. Um estará muito ocupado com sua campanha presidencial e o outro está mais para ser "puxado" do que para "puxador". Por outro lado, diferentemente de Geraldo Júlio, que sentiu rápido o "suor" do povo, entrou no corpo-a-corpo, Paulo Câmara não se sente muito à vontade com o metiê. O negócio dele, de fato, não era esse. Prefere o ambiente frio, dos gabinetes burocráticos, em meio às curvas ascendentes das cobranças de impostos. Eleito, numa circunstância hoje diria pouco provável, contribuirá bastante para acentuar uma tendência já evidente nos Governos do seu padrinho político, ou seja, o aumento da carga tributária para micros e pequenos empreendedores - uma herança maldita de sua passagem pela Secretaria da Fazenda - renúncia fiscal para grandes empreendimentos, que podem, em última análise, até contribuir para elevar as taxas de crescimento econômico do Estado, embora isso não esteja sendo revertido em benefícios sociais. Bastou a presença de Lula no Estado para o "Galeguinho" perder o rebolado. Por ocasião de sua fala na Convenção da Frente Popular, exagerou no verbo, informando que essas raposas que estão aí já teriam roubado o que havia pra roubar. Tereza Leitão, dirigente do PT estadual, reuniu todos os press release publicados pelos blogs e jornais locais e estaria encaminhado-os à Direção Nacional do Partido. Para usarmos uma linguagem futebolística, a impressão que temos é que o cobrador de impostos foi muito mal escalado.
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