pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : novembro 2025
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domingo, 30 de novembro de 2025

Crônicas do Cotidiano: Um daqueles domingos para ser esquecido.



Há alguns anos atrás, os evangélicos exibiam como um troféu de fé um cidadão que havia entrado na cova do leão, no zoológico de Dois Irmãos, no bairro do mesmo nome, no Recife. Uma tremenda irresponsabilidade, mas, por algum motivo, ele escapou ileso. Já naquela época, o nosso leão aparentava uma longa idade e preferiu manter-se em seu aconchego, não se importando com a visita do intruso. A mesma sorte não teve um rapaz de quarenta anos de idade, que resolveu escalar a grade de proteção da jaula do leão no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, no bairro do Roger, em João Pessoa

Sugere-se, em princípio, que ele não estava bem psicologicamente. Apesar dos apelos do funcionários do parque, que tentaram impedi-lo, ele resolveu atirar-se na jaula, sendo devorado por uma leoa. Pessoas que estavam em sua proximidade gravaram a cena apavorante, que logo ganhou enorme repercussão nas redes sociais, o que não se constitui nenhuma surpresa nesses tempos em que até mesmo as tragédias não escapam da espetacularização. Registro aqui a boa gestão daquele espaço, com servidores abnegados e dedicados a cuidarem bem do Parque. Não houve aqui negligência institucional. Possivelmente este é o incidente mais grave ocorrido ali desde a existência do Parque. Quando líamos a noticia num dos sites da Paraíba, quase não acreditávamos em sua veracidade. 

O rapaz, conhecido como Vaqueirinho, morreu no local. O Parque foi fechado e a direção emitiu uma nota em solidariedade à família enlutada. A Bica, como é conhecido o Parque Arruda Câmara, tem um excelente conceito. Trata-se de um centro especializado na reprodução do Jacaré-açu, talvez o melhor do país. Até hoje, quando estamos em João Pessoa, reservamos um tempinho para voltarmos ao local, disposto a matar as saudades dos tempos passados ali antes dos filhos crescerem. Lamentável sob todos os aspectos o incidente ocorrido. 

sábado, 29 de novembro de 2025

Editorial: Disputa de ego na Paraíba.


O grupo político ligado ao governador João Azevedo(PSB-PB)já entendeu que a candidatura do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, não é para brincadeira. Cícero pode reunir clãs familiares importantes em torno do sua candidatura, a exemplo dos Cunha Lima e dos Vital do Rego, e até mesmo do PT dependendo dos arranjos que estão em andamento, atropelando a organicidade deste partido com os socialistas. O PT poderia indicar um candidato ao Senado Federal pelo Estado ou o nome do vice na chapa. Aliás, o PT já participa da gestão de Cícero na Prefeitura de João Pessoa. Sondado por ambos os grupos, cada qual com seu candidato, o PT, através de Cida Ramos, que preside a legenda no estado, por enquanto, não assume nenhum compromisso efetivo com ninguém. Quem tem tempo não tem pressa, conforme ensinava o político pernambucano Marco Maciel. 

Até recentemente, os dois políticos, Cícero e João, trocavam amabilidades pela imprensa. Mesmo deixando o PP, que integra o núcleo duro de apoio ao governador, Cícero Lucena ainda dizia que o apoiaria para o Senado Federal. Agora a troca é de farpas entre ambos. Por ocasião da inauguração de um viaduto que leva o nome do ex-prefeito de Jampa, Luciano Agra, o governador João Azevedo deu uma alfinetada no hoje adversário, afirmando que a população irá saber qual foi a gestão que está fazendo o melhor pela capital João Pessoa. Numa entrevista logo em seguida, o prefeito Cícero Lucena deu o troco em João Azevedo, observando que vem cuidando bem da cidade e que, na realidade, esta é a sua incumbência, enquanto o governador teria mais cidades para cuidar. 

Na realidade, com a afirmação, o que Cícero está querendo dizer é que estamos tratando aqui de grandezas desproporcionais. Infeliz essa comparação do governador João Azevedo. Conforme estamos insistindo por aqui, o PT tem compromissos históricos com os socialistas. Se o partido optar pelo apoio ao nome de Cícero Lucena será algo surpreendente, mas é isso mesmo que o prefeito deseja. Por enquanto, estamos na fase das escutas. Vamos aguardar um pouco mais.  

Editorial: Ciro está voltando



Pelas redes sociais, já é possível observar algumas movimentações políticas no Ceará indicando que o ex-governador Ciro Gomes está de volta à disputa pelo voto dos seus conterrâneos, em 2026. Ciro praticamente já assume que será candidato ao Palácio da Abolição nas próximas eleições estaduais. Como ele mesmo admite, também é um pouco responsável pelo desastre administrativo do PT no estado. De fato sim. O próprio Camilo Santana, hoje a maior estrela petista no estado, quando ainda prefeito de Barbalha - aquela cidade famosa pelos festejos do Pau de São Francisco - começou por baixo, com grandes dificuldades, e contou à época com o apoio do grupo que gravitava em torno de Ciro Gomes. Assim, ele também se sente responsável pelo que ele mesmo classifica de descalabro administrativo do estado. 

Realmente o estado do Ceará não vai bem. Para tanto, basta observamos os índices de insegurança, proporcionado em grande parte pela presença de inúmeras facções que operam no estado. O Ceará tem hoje a cidade mais violenta do país, Maranguape, a terra do saudoso Chico Anysio. Superou a Bahia neste aspecto, outro estado estratégico nos planos petistas. Na Bahia ocorre um fenômeno curioso. O voto identitário é mais consistente. Mesmo enfrentando um alto índice de violência, quando as pesquisas de intenção de voto são publicadas, o governador Jerônimo Rodrigues aparece abaixo de ACM Neto na disputa, mas numa situação relativamente confortável. Jerônimo está no quinto mandato sucessivo do PT no estado. No Ceará, conforme comentamos à época, Elmano de Freitas teve a sua eleição praticamente assegurada pelos bons índices de aprovação de Camilo Santana. 

Não deixa de ser interessante observar o conjunto de forças políticas que passaram a endossar a postulação do candidato Ciro Gomes. Vai de tucanos à direita bolsonarista liderada pelo deputado federal André Fernandes, que recentemente declarou em vídeo que irão tomar o poder no estado, seja lá quem o PT indicar para a disputa. Ciro, por sua vez, aparece em algumas peças pilotando uma bicicleta na orla de Iracema, acompanhado da música de Maurício Tapajós e Paulo Sérgio Pinheiro, interpretada pela cantora Simone, Tô Voltando.  Numa pesquisa recente, realizada pelo Instituto Real Time Big Data,  ele já aparece na liderança das intenções de voto, cravando 43% contra 42% de Elmano de Freitas. Ainda na margem de erro, mas, em todo caso, um escore animador. 

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Editorial: Um retrocesso na agenda ambiental do país.

 


Ontem, 27, a Oposição infligiu mais uma derrota acachapante ao Governo Lula 3, desta vez no tocante aos vetos presidenciais ao PL ambiental. Foram derrubados quase todos os vetos de Lula. Num total de 59, 57 deles foram rejeitados pelo Legislativo, numa articulação exitosa do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que andam de birra com o Governo. Trata-se de um retrocesso incomensurável na legislação ambiental do país. Quando, lá atrás, esse PL foi aprovado, havia uma grande preocupação das entidades ambientais e uma última esperança que o Executivo pudesse proceder esses vetos. Lula procedeu os vetos, estabelecendo uma ligeira trégua com a sua base histórica de sustentação. 

O PL ficou igualzinho ao anterior, antes dos vetos presidenciais, ou seja, do jeitinho que a motosserra do agronegócio deseja. O Executivo talvez precise recorrer ao STF para evitar um mal maior. Essa indisposição entre o Executivo e o Legislativo está ficando muito cara ao país. Há pouco tempo o Senado Federal desengavetou, deliberadamente, um projeto que previa aposentadoria especial aos agentes de saúde, o que representará bilhões de despesas no combalido e descontrolado orçamente da União. O Governo Lula ainda tentou evitar o problema, como sempre, liberando as famigeradas emendas parlamentares. Tudo em vão. Os líderes do Governo Lula nas duas Casas não se entendem com seus presidentes. Não vamos aqui nem fazer referências à titular da pasta da Articulação, Gleisi Hoffmann. 

Teme-se novas escaramuças pela frente. Dia 10, por exemplo, teremos a sabatina do Advogado-Geral da União, recentemente indicado para assumir o posto deixado pelo Ministro Luís Roberto Barroso no STF. Jorge Messias anda conversando com os senadores, garimpando votos, explicando suas intenções se vier a assumir o cargo, tentando, em vão, parecer alguém independente. O problema é justamente este. Lula escolheu alguém muito próximo a ele. A politização na indicação de um nome para o STF subtraiu todos os critérios técnicos do indicado. Antes havia, no mínimo, algum pudor em indicar alguém que atendesse a tais requisitos. 

Editorial: General Heleno deve cumprir pena em prisão domiciliar.


Com 78 anos de idade e acometido pelo Mal de Alzheimer, o general Augusto Heleno deve progredir para uma prisão domiciliar nos próximos dias. A Procuradoria-Geral da República já concordou com o pedido feito por sua defesa. Agora o pedido deve ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal. Não sabemos se há alguma movimentação da defesa do ex-presidente Bolsonaro neste mesmo sentido, mas o seu quadro de saúde também recomendaria algo neste sentido. Ainda no dia de ontem, 27, o ex-presidente precisou ser atendido novamente por um médico, em razão das persistentes complicações gastrointestinais, traduzidas em refluxos e soluços constantes. Jair Bolsonaro já completou 70 anos de idade. 

Interessante observar o grau da evolução do Mal de Alzheimer no general Augusto Heleno. Por ocasião da CPMI do Golpe, salvo melhor juízo, tanto na realizada pelo Senado Federal e pela Câmara Distrital de Brasília, o general esteve entre os convocados. Assistimos as duas audiência e não observamos qualquer indício de que ele estivesse doente. Essa doença degenerativa é terrível. Talvez algo pior do que a morte, conforme sugeria, há alguns anos atrás, o cartunista Thiago Rechia, através de um dos seus cartuns. Pelo andar da carruagem penal, em razão da idade avançada, não seria improvável que outros condenados pelo 08 de janeiro também possam apresentar quadros de saúde semelhante. Existem algumas boas notícias acerca do tratamento para o Mal de Alzheimer, mas, por enquanto, são estudos que estão em andamento. 

Fala-se até em vacinas com o propósito de treinar o nosso aparelho imunológico a se defender das toxinas. Mas é preciso tomar alguns cuidados com essas modulações do aparelho imunológico. As doenças autoimunes, por exemplo, são reflexos de suas leituras equivocadas sobre tais toxinas no organismo. Ele acaba combatendo as células sadias do corpo. A vida sempre nos reservando algumas surpresas. Um dos documentos comprometedores sobre a trama golpista do 08 de janeiro foi justamente o achado de uma cadernetinha de anotações sobre todos os passos que precisavam ser dados. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Editorial: Sabatina de Messias é agendada para o dia 10 de dezembro.



O Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, agendou para o dia 10 de dezembro a sabatina a que será submetido o novo indicado ao Supremo Tribunal Federal, Jorge Messias, ex-Chefe da Advocacia-Geral da União. Hoje, 27, depois de uma grande polêmica entre Oposição e Governo, por ocasião da sessão da CPMI do INSS, ficou descartada sua presença naquela comissão, o que seria mais uma dor de cabeça para o indicado, que se encontra em dificuldades. Insatisfeito por não ter seu pleito atendido em relação a tal indicação, Davi Alcolumbre vem preparando algumas escaramuças para o Governo. O relator da indicação é um desses problemas. O Governo não confia nenhum pouco no nome indicado, temendo, inclusive, alguma surpresa, traduzida numa eventual rejeição ao nome de Jorge Messias. 

Por incrível que possa parecer, tal hipótese não estaria completamente descartada, em razão do climão gerado com a indicação de Messias, que sofre resistência ferrenha da Oposição e de setores da opinião pública. Não nos ocorre de uma indicação recente para a Suprema Corte enfrentar tanta resistência como Messias está enfrentando. Formadores de opinião também esboçaram grande resistência à indicação do nome de Messias. Ele é demasiadamente próximo a Lula e ao petismo; questiona-se o seu notório saber jurídico e sua articulação política é ínfima. Rodrigo Pacheco teria o aval do Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e de parte do Centrão, o que facilitaria bastante sua sabatina. 

Neste momento, Messias faz uma espécie de périplo pelo Senado Federal, garimpando o voto dos senadores e senadoras. É bastante raro uma rejeição, mas ela já ocorreu em tempo idos. O ideal seria o Executivo distensionar a relação com o presidente da Casa Alta, Davi Alcolumbre.  Ele já jogou uma bomba de bilhões no colo do Executivo e sugere-se que tem potencial e artilharia para a batalha, conforme pode se depreender pela indicação do nome que será o relator da indicação de Messias, o senador Weverton Rocha, do PDT do Maranhão, que também afirma ter pego em bomba. Não é para menos. 

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Editorial: A prisão dos generais.



Estávamos lendo as resoluções do estatuto dos militares, onde se esclarece as razões pelas quais o general Augusto Heleno está detido numa cela do Quartel-General do Exército, em Brasília, também conhecido como Forte Apache. Coisa de hierarquia, algo que os militares consideram a verdadeira espinha dorsal das Forças Armadas. São quatro militares de alta patente presos, no curso da condenação do chamado núcleo crucial da trama golpista do 08 de janeiro. Uma verdadeira prova de fogo para a nossa incipiente experiência democrática, longe de atingir um estágio de consolidação, daí as atenções sobre essas prisões, que está alcançando repercussão internacional. Os leitores que nos acompanham por aqui sabem que atingir as variáveis que indicam a consolidação de um regime democrático não é tão simples no país, a começar pela precária distribuição de renda ou renda per capita. Quarteladas, então, são até recorrentes. 

Aqui, ainda será gasta muita tinta nas redações de nossas revistas e jornais, algo que também deve ocorrer em outros canais de comunicação. Trata-se de um fato inédito no país. Soubemos há pouco que o STF teria feito uma consulta ao STM no sentido, inclusive, de se avaliar a perda de patentes dos oficiais condenados. Na outra margem do rio, a Oposição trava uma luta ferrenha para pautar do PL da Anistia. Ampla, geral e irrestrita a todos os envolvidos e condenados pelo ato golpista do 08 de janeiro. Soubemos, igualmente, que a condição sine qua non para o apoio da oposição a um candidato presidencial nas eleições de 2026 passa, necessariamente, pelo compromisso com a concessão de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, preso numa cela da Polícia Federal, em Brasília. 

Prisão de ninguém deve ser comemorada. Principalmente nesta época do ano, quando as famílias já se preparam para os festejos de Natal e Réveillon. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, se recusa a comer as refeições oferecidas pela PF. Possivelmente em razão de alguma dieta especial, em razão dos seus problemas de saúde. Há uma grande sensibilidade intestinal e sabe-se o que isso pode provocar. Jair Bolsonaro já andou sofrendo das intermináveis crises de soluço na prisão. Daí a determinação do STF no sentido de que sua cela tenha plantão médico durante 24 horas. 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Editorial: Novas rusgas entre o Executivo e o Legislativo.


Na reunião da próxima quinta-feira, a CPMI do INSS, através do seu presidente, o senador Carlos Viana, deve pautar entre os pares a convocação do advogado Jorge Messias, recém nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no STF. Caso a convocação se confirme, o que não seria improvável, Jorge Messias teria mais uma dor de cabeça pela frente. Recentemente ele escreveu uma carta dirigida ao Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, onde tenta desarmar os espíritos diante das dificuldades que possa vir a enfrentar durante a sabatina no Senado Federal. Sua situação não é nada confortável. Possivelmente a mais desconfortável dos últimos anos, agravada por uma indisposição pessoal entre o presidente Lula e Davi Alcolumbre. Sobrou até para o senador Jaques Wagner, líder do Governo Lula naquela Casa. 

Na Câmara dos Deputados a situação não é menos ruim, uma vez que o Presidente Hugo Motta também andou se estranhando com o líder do Governo, Lindbergh Farias. Analisada sob certos aspectos, a indicação de Messias ao cargo não foi uma atitude muito feliz de Lula. Lula tinha conhecimento da encrenca em que estava se metendo, mas preferiu a formação de uma trinca de ouro, de sua estrita confiança. Ocorreram, inclusive, muitos protestos da base aliada, que desejava a indicação de uma mulher para o cargo de Messias. Indicar uma mulher para sucedê-lo na AGU, conforme se especula, não é a mesma coisa.  Não satisfaz o desejo da base. 

Como se não bastasse, por outro, muito em razão da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, a oposição prepara um conjunto de medidas para otimizar pautas do seu interesse, assim como produzir danos ao Governo com as chamadas obstruções. Vão cobrar a fatura do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, cuja eleição foi assegurada com a promessa de pautar a agenda oposicionista. A menina dos olhos é o PL da Anistia, que eles agora desejam que seja aprovado sem restrições, ou seja, sem essa coisa de dosimetria. 

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Editorial: As alucinações de Bolsonaro.


Salvo melhor juízo, sugere-se que os bolsonaristas, provavelmente, devem organizar mobilizações de protestos contra a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Aquele pastor tem postado vídeos enfurecidos pelas redes sociais, soltando marimbondos pelas narinas. Depois da audiência de custódia, ocorrida no dia de ontem, a justiça decidiu manter a prisão do ex-presidente. Ontem mesmo já teriam ocorrido algumas mobilizações pontuais de partidários do bolsonarismo. Nada muito organizado ainda. Hoje, 24, a informação é que o ex-presidente se recusa a comer a alimentação fornecida pela Polícia Federal. Só aceita a comida dos familiares. Também no dia de ontem, Bolsonaro teria recebido a visita do médico que o acompanha. 

Sabe-se que a situação de saúde dele não é boa, mas as eventuais alucinações que o teriam feito atentar contra a tornozeleira eletrônica tem a ver com a medicação que ele está tomando. São recorrentes os efeitos de sonolência e alucinações produzidos pelas drogas ministradas. Primeiro se informou que Bolsonaro alegou desconfiar que houvesse um microfone instalado na tornozeleira, de onde seus inimigos pudessem ouvir os diálogos entre ele e os patriotas. Depois se informou que ele pudesse estar ouvindo vozes provenientes da tornozeleira. Observada no início como uma eventual manobra da defesa, agora se sabe que há um fundo de verdade em tais hipóteses. O medicamente age no sistema nervoso central, produzindo tais alucinações. 

O senador Carlos Viana, que preside dos trabalhos da CPMI do INSS, acaba de informar que a sessão de logo mais foi cancelada. A pessoa que seria ouvida na tarde de hoje conseguiu um habeas corpus que facultava a ele a possibilidade de comparecer ou não. Optou por não comparecer. Alguns ministros concedem habeas corpus dentro de uma razoabilidade, ou seja, assegura-se os princípios constitucionais ao indivíduo, ao mesmo tempo que permite ao pessoal da comissão realizar o seu trabalho sem aquele engessamento. 

domingo, 23 de novembro de 2025

Editorial: O celular de Daniel Vorcaro


Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, continua detido. O banqueiro contratou uma equipe de alto nível de advogados, mas, mesmo assim, a banca não conseguiu relaxar sua prisão. A Polícia Federal está de posse de um telefone celular que, segundo se especula nos escaninhos da política, pode abalar os alicerces da capital federal. O banqueiro tinha contatos influentes em Brasília. O medo é que essas conversas, possivelmente com um viés de caráter não republicano, possam aparecer a qualquer momento, identificando seus autores. É nitroglicerina pura. O escândalo do Master, possivelmente, é o maior do nosso sistema financeiro, conforme se especula. Agora a bronca é o sistema garantidor do Banco Central, que deverá minimizar os prejuízos dos aplicadores que acreditaram nas taxas convidativas, acima da média, oferecida pelo banco para as suas aplicações. 

Há um movimento no parlamento, embora ainda incipiente, no sentido de propor uma CPI do Banco Master, onde alguns fatos poderiam vir a à tona, independentemente do trabalho exitoso da Polícia Federal. Não enxergamos muita chance de a proposta prosperar, por razões óbvias. Sugere-se que se tratava de uma articulação política não orientada por viés ideológico, envolvendo personalidades de todas as matizes. O escândalo de corrupção envolvendo o "Rei do Lixo" é outro escândalo que contou com um azeite político forte na capital federal, assim como se sugere que também possa ter ocorrido com aquela Loja de Varejo conhecida dos brasileiros. No caso do INSS, há servidores do alto escalação envolvidos e beneficiários diretos dos descontos fraudulentos. É o Brasil. Não surpreende ninguém. 

E, por falar na CPMI do INSS, amanhã, a partir das 16h:oo, o pessoal retoma os trabalhos, com novas audiências entre os convocados. Louve-se aqui o trabalho excepcional da equipe do relator, o deputado federal Alfredo Gaspar, que vem realizando uma investigação soberba, que desce às minúcias, aos detalhes das transações suspeitas dos investigados. Na última audiência, por exemplo, a equipe conseguiu estabelecer uma incrível "coincidência" entre as viagens do Careca do INSS e a senhora que estava sendo ouvida naquele momento, que viajava para o exterior em média duas vezes ao mês.   

Editorial: Bolsonaro admite violação da tornozeleira eletrônica.



Até aqui tudo bem. Na leitura da Polícia Federal tratou-se, na realidade, de uma violação com o propósito de fuga, o que determinou a ordem de prisão emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Hoje, 23, através de vídeo conferência, o ex-presidente Jair Bolsonaro deve passar por uma audiência de custódia, o que pode relaxar sua prisão preventiva. Ele poderia voltar a cumprir prisão domiciliar, conforme é o desejo de sua defesa. O que nos causou uma certa estranheza é a informação de que o ex-presidente, eventualmente, poderia ter utilizado um ferro quente para violar o equipamento. Mais espantoso é o argumento de que ele poderia estar ouvindo vozes da tornozeleira. Sua saúde, na realidade, não vai muito bem. Há crises de soluços e vômitos intermitentes, ainda como reflexo das sequelas deixadas pela facada sofrida. 

Quando essas crises se agravam, ele precisa ser socorrido com uma certa urgência, o que dificultaria sua prisão em determinados ambientes. Convenhamos. Uma prisão domiciliar seria de bom tamanho para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Soube que a recomendação do Planalto é a moderação em torno do assunto. José Dirceu, num outro momento, também observou que o ex-presidente não teria condições físicas para cumprir uma prisão convencional. É preciso prudência com essas coisas. Isso não se comemora, como fizeram alguns radicais petistas na frente da Polícia Federal, em Brasília, ou nas redes sociais. A prisão ocorre num momento deliciado, quando Donald Trump, surpreendentemente, encerrou a guerra tarifária contra o Brasil. 

Ontem os jornalistas estavam especulando sobre uma eventual retomada do climão, uma vez que era desejo de Trump que Bolsonaro estivesse disputando uma nova eleição em 2026, algo muito improvável diante das circunstâncias. Difícil fazer alguma previsão sobre como a família Bolsonaro irá se arranjar em torno das eleições presidenciais de 2026. São muitas variáveis em jogo. Os bolsonaristas acreditam que o próximo alvo seria o senador Flávio Bolsonaro que, em tese, poderia habilitar-se a ocupar o espaço político do pai. Mesmo Bolsonaro cumprindo prisão domiciliar, o encontro entre ele e líderes da direita são até recorrentes. O problema é que não se chega a um denominador comum.  

sábado, 22 de novembro de 2025

Editorial: Cícero Lucena oferece espaço ao PT em sua chapa.


Ontem, 21, uma das notícias que mais repercutiram no cenário político paraibano girou em torno das articulações entre o prefeito Cícero Lucena e o PT. São articulações fortes, uma vez que o prefeito deseja integrar o partido em sua chapa que concorre ao Palácio Redenção, nas eleições de 2026. Contrariando até mesmo o forte vínculo do governador João Azevedo com o partido, pois o gestor é filiado ao PSB, Cícero deseja o apoio do Planalto à sua candidatura. Especula-se, inclusive, que Cícero e Veneziano Vital do Rego poderiam ter oferecido a vice ou uma das vagas ao Senado Federal na formação da chapa.  Cida Ramos, que Presidente Regional da legenda, esta literalmente aberta às negociações, principalmente depois que percebeu os ventos que sopram favoráveis a partir de Brasília, através de Edinho Silva. 

Além de tentar acomodar o PT em sua chapa, outra preocupação do político mais manhoso da Paraíba é inserir os Cunha Lima na composição, de preferência com uma indicação a vice. Campina Grande, berço da família Cunha Lima, é um dos maiores colégios eleitorais do estado. Cidade estratégica na definição de uma eleição majoritária. No estado, Lula sofre pressões de todos os lados. De João Azevedo, de Cícero Lucena e de Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, que gostaria de indicar o pai para concorrer ao Senado Federal nas próximas eleições. Há poucos dias, Adriano Galdino abdicou de sua pré-candidatura em nome do projeto governista, num ato bastante elogiado pelos companheiros, inclusive por Hugo Motta, durante encontro na Granja do Estado. 

Como política sempre reserva algumas surpresas, caso o PT deseje mesmo compor a chapa formada por Cícero, a grande questão que se coloca é sobre quem o partido indicaria para concorrer ao Senado Federal. Luciano Cartaxo? A própria Cida Ramos? Vamos aguardar um pouco mais, uma vez que o martelo ainda não foi batido. A força de João Azevedo junto ao PT é muito forte. Afinal, o PSB integra aquele núcleo duro da aliança nacional, que se sugere bastante fortalecida no último encontro dos socialistas. 


Editorial: A pauta-bomba de Davi Alcolumbre


Há poucos dias da indicação oficial de Jorge Messias para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF, o ex-presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, indicou que não gostaria de disputar uma nova eleição. Trata-se, na realidade, de uma sinalização clara de que uma eventual indicação para o STF seria muito bem-vinda. Pacheco tinha um padrinho político forte, o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. Segundo dizem, Pacheco também contaria com apoio de setores do Centrão, o que não seria de todo improvável, a despeito de suas arestas com a Oposição. Com padrinhos fortes assim, Pacheco não teria grandes dificuldades de ter seu nome referendado no Legislativo, embora a recusa de um nome na sabatina seja rara. 

Messias, certamente, encontrará mais dificuldades. O problema de Messias é a grande proximidade com o líder petista e com o PT. Sugere-se que passou um pouco do ponto de corte republicano, o que seria desaconselhável a sua indicação para um dos Poderes da República. Insatisfeito pelo fato de ter sido preterido na indicação de Pacheco, Alcolumbre prepara o que a imprensa está denominando de uma pauta-bomba, ou seja, a apreciação de projetos indigestos para o Executivo, como este que prevê aposentadoria especial para agentes de saúde, o que implicaria num ônus pesado no orçamento. Algo que supera os bilhões, quando o Governo vem tentando raspar o tacho das despesas públicas. 

A conta ficou bastante salgada para o Governo Lula 3. Neste climão, se as armas não forem depostas até lá, Messias encontrará algumas dificuldades durante a sabatina no Senado Federal. Talvez até maiores do que a Oposição deseja. Um fato que chamou a atenção de setores da Oposição foi a disposição do Ministro André Mendonça em aparar as arestas do indicado ao lugar de Luís Roberto Pacheco. Gestos civilizados e republicanos não são comuns neste ambiente político desgraçadamente polarizado. Hoje, 22, depois da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, grupos pró e contra estão se enfrentando na sede da Polícia Federal, em Brasília.  

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Editorial: Lula indica Jorge Messias para o STF.

 


Nesta semana, durante os trabalhos da CPMI do INSS, o nome do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, foi bastante invocado. O motivo? Um site havia divulgado que ele supostamente teria demorado a tomar medidas sobre as fraudes que ocorreram no INSS. No entendimento da Oposição, a revelação o descredenciaria a uma indicação ao STF. Aliás, há requerimentos de sua convocação naquela CPMI. Os parlamentares querem explicações sobre o assunto. Hoje, 20, oficialmente, como era previsto, Lula indica o seu nome para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, no STF. Nenhuma surpresa por aqui uma vez que o morubixaba petista já havia cantado essa pedra há muito tempo. 

Chegamos a escrever uma postagem por aqui tratando deste assunto, já apontando Messias como o nome que substituiria Barroso. Esta confirmado. O anúncio ocorre no momento em que Lula entabula articulações com  o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, no sentido de proceder alterações substantivas no PL Antifacção. Guilherme Derrite, relator do projeto, na realidade, fez uma ginástica linguística danada para chegar ao ponto de onde nunca saiu, ou seja, associar essas organizações ao terrorismo. Também não há um consenso formado sobre o papel da PF no enfrentamento ao crime organizado no país. Nas coxias do poder em Brasília, sabe-se que Davi Alcolumbre pretendia indicar um nome do seu grupo para substituir Barroso no STF. 

Agora é saber qual o destino que estará sendo reservado ao senador Rodrigo Pacheco, que hoje afirmou que não pretende disputar uma nova eleição. A expectativa é que ele pudesse disputar o Palácio Tiradentes nas eleições de 2026. Sem muita chance nas alterosas, uma vez que ele foi massacrado durante anos pelas hordas bolsonaristas nas redes sociais. Pelo andar da carruagem, ele terá que ser "acomodado" na burocracia da capital federal. Talvez o TCU. 

Editorial: Os pitacos políticos de Fernando Haddad.


São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, é sempre uma grande preocupação para quem deseja sentar na cadeira do Palácio do Planalto. Há enormes especulações, por exemplo, sobre o destino político do atual ocupante do Palácio Bandeirantes, Tarcísio de Freitas. Permanecem as especulações em torno de sua candidatura em 2026. Renova o mandato ou tenta seguir para a capital federal? Sua definição muda completamente a dinâmica da disputa em São Paulo. Se pretender renovar o mandato, sua reeleição é dada como favas contadas. Se se candidata à Presidência da República, a dinâmica da disputa muda completamente sobre cenário atual de sua sucessão no Palácio Bandeirantes. Até recentemente, o presidente Lula convidou o psolista Guilherme Boulos para assumir, em Brasília, o cargo de Secretário-Geral da Presidência da República, cargo com status de ministério. 

Nos bastidores, se especula que o verdadeiro propósito foi afastá-lo da disputa em São Paulo. Embora cotado para continuar ocupando a vaga de vice na eventualidade de uma nova candidatura de Lula, em 2026, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, em alguns momentos, deixa transparecer que, num cenário onde não dispute com Tarcísio de Freitas, uma candidatura ao Governo do Estado de São Paulo não está completamente descartada. Outro dia se especulou que o atual Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na esteira da briga tarifária com os Estados Unidos, poderia ter se credenciado, mais uma vez, para uma eventual disputa em São Paulo. Setores do PT passaram a alimentar tal possibilidade. 

Um sintoma evidente externado pelo próprio Fernando Haddad são as suas falas recentes sobre a Operação Contenção, realizada pelo Governo do Rio de Janeiro, e a suas opiniões sobre o PL Antifacção, aprovado pela Câmara dos Deputados, onde ele afirma que, na realidade, o projeto asfixia a Polícia Federal. Soube hoje, 20, que o presidente Lula andou trocando farpas com o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, também sobre este assunto. Lula já teria conversado com o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, com o propósito de reformular o projeto na votação na Casa Alta. Mais um motivo para ficarmos atentos aos pronunciamentos de Fernando Haddad sobre o assunto é o fato de que o PL Antifacção é o grande trunfo para a direita eleger dois senadores em São Paulo, inclusive Derrite. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Editorial: Lula critica o PL Antifacção.


Numa entrevista, logo após a aprovação do PL antifacção, o deputado Guilherme Derrite comemorou bastante o feito junto a parlamentares de oposição. Se Derrite gostou, era natural que o Governo não gostasse, como sugere uma fala de Lula sobre o assunto no dia de hoje, 19. O projeto foi aprovado ontem. Derrite revisou o texto por quatro vezes, tentando ajustá-lo às críticas que vinham do Governo. Há dois pontos polêmicos: o trabalho da Polícia Federal no combate ao crime organizado e o enquadramento das facções como organizações terroristas, o que abriria precedentes perigosos para intervenções internacionais no país, principalmente dos Estados Unidos. 

A base governista articula-se para as modificações finais no projeto, que agora será submetido ao Senado Federal e ficará sob a relatoria do senador Alessandro Vieira, que também é relator da CPI do Crime Organizado. Delegado da Polícia Civil de Sergipe, Alessandro Viera é do MDB e, em tese, é um parlamentar que mantém uma equidistância entre Governo e Oposição. Na realidade, o MDB é da base governista, mas sabe-se lá como isto funciona. Em todo caso, ele tem um perfil mais independente. Na realidade, o que Derrite tentou fazer foi puxar a brasa para a sardinha dele, ou seja, delegar exclusividade às polícias estaduais o combate ao crime organizado, o que, na prática, já vem ocorrendo. Isso reforçaria a musculatura eleitoral da oposição nas eleições de 2026. 

Principalmente neste momento nevrálgico, onde a segurança pública tornou-se a grande preocupação do país. No Ceará, nem flanelinhas ou garotas de programa escapam da extorsão. O estado tem três cidades entre as mais violentas do país. Maranguape, a cidade do saudoso Chico Anísio, tornou-se a mais violenta do país, superando Jequié, na Bahia. Na Bahia e no Ceará são recorrentes os abandonos de bairros e conjuntos residenciais, por imposição do crime organizado. Aliás, aqui no Rio Grande do Norte fatos desta natureza também já estão ocorrendo, dimensionando a gravidade do problema.  

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Editorial: Cícero Lucena deseja nome de Campina Grande na vice.



O atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, deseja um nome de Campina Grande para compor a chapa liderada por ele para disputar o Governo do Estado, nas eleições de 2026. Provavelmente um nome da família Cunha Lima, com quem está entabulado negociações. A disputa deve ser bastante acirrada no próximo ano. A cada dia surgem fatos novos, corroborando com esta afirmação. Até recentemente, a renúncia da pré-candidatura do deputado Luciano Galdino foi bastante festejada pelo grupo político ligado ao governador João Azevedo. O ato se deu na Granja São João, que pertence ao Governo do Estado da Paraíba. Há muito se discute uma eventual mudança de finalidade desta granja, mas ela continua como residência do governador. Há muitos anos atrás, o Governo de Pernambuco também mantinha uma residência de veraneio na aprazível Porto de Galinhas, em Ipojuca. Dr. Miguel Arraes gostava muito desta granja, mas ela acabou tendo uma outra destinação. 

Mas vamos deixar os veraneios de lado e nos ater aos fatos políticos do estado. Faltam alguns ajustes em ambas as chapas e, até este momento, temos três pré-candidaturas postas. Lucas Ribeiro, pelo Progressistas, apoiado por João Azevedo; Cícero Lucena, que deve compor com o MDB de Veneziano e com o PSD dos Cunha Lima; e a pré-candidatura do senador Efraim Filho, pelo União Brasil. Os ajustes e "acomodações" se impõem. Cícero e João tentam obter o apoio do PT, com articulações de alto nível, vindas diretamente de Brasília. Segundo dizem, o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, tenta emplacar o nome do pai como candidato ao Senado Federal na chapa de João Azevedo. 

Sabe-se lá em que termos, o governador João Azevedo, através de uma fala transmitida por um site de João Pessoa, sugeriu que os apoiadores de Cícero Lucena poderão não pedir votos para ele em 2026. É um tipo de apoio de que ele, a rigor, não precisaria. Por razões óbvias, João não entra em detalhes sobre o assunto. Penso que ele deve se referir a um desses troncos familiares que estão em vias de juntar-se a Cícero Lucena. 

Editorial: Operação da PF prende o dono do Banco Master.


No curso da Operação Compliance Zero, a Polícia Federal prendeu o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, quando ele já estava  no Aeroporto de Guarulhos, de onde pretendia deixar o país. Ganhou repercussão a prisão deste cidadão em particular, mas a situação é bastante complexa, envolvendo as operações fraudulentas relacionadas às instituições bancárias e até mesmo as relações perigosas com o crime organizado, o que pode ligar a operação de hoje àquela outra operação da Polícia Federal, a Carbono Zero. Inserida nessas irregulares, os famigerados empréstimos consignados, o que chama a atenção da CPMI do INSS. Vamos deixar a poeira assentar para entendermos melhor esta situação. 

No que concerne às buscas e operações, foram apreendidos dinheiro em espécie, carrões de luxo, joias, relógios e outros pertences dos acusados. E, por falar na CPMI do INSS, na audiência de hoje esta sendo ouvido o senhor João Camargo, também conhecido com o cognome de Alfaiate do INSS. Ouvido não seria o termo adequado, uma vez que, amparado num habeas corpus concedido pelo STF e orientado por um batalhão de advogados, ele permanece em silêncio, mal respondendo questão que não o incriminaria, como, por exemplo, o valor cobrado pelo seus ternos. Não sei se estou completamente correto acerca do assunto, mas trata-se de uma atividade profissional hoje raríssima. Existe a suspeita de que Camargo teria aberto uma empresa funcionaria como lavagem de dinheiro das fraudes do INSS. João Camargo é conhecido como o alfaiate das estrelas. Vários famosos confeccionaram ternos em sua alfaiataria. 

O diretor da Polícia Federal, Andrey Rodrigues, esteve hoje na CPI do Crime Organizado, que dará continuidade aos seus trabalhos no dia de amanhã, 19, ouvindo o promotor público Lincoln Gakiya, um homem público jurado de morte pelo crime organizado. Durante sua fala, Andrey Rodrigues defendeu que o crime organizado não pode ser comparado a terrorismo e que suspeita-se de fraudes superiores a R$ 12 bilhões no sistema bancário, envolvendo as instituições alvos da Polícia Federal no dia de hoje. São duas comissões no mesmo horário. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Editorial: Pão ou aço?


Acordamos hoje sem muita inspiração para escrever. Assim como sugere algumas pesquisas sobre o eleitorado brasileiro, ninguém aguenta mais falar sobre polarização política, conforme sugere uma matéria da revista Veja desta semana. Começou cedo as especulações em torno daquele eleitorado nem nem, que sempre surge nos momentos iniciais e, depois, por algum motivo - talvez pela centrífuga da própria polarização - acabam assumindo um lado. Ciro Gomes que o diga, uma vez que ele fez de tudo e mais um pouco para que os eleitores confiassem em sua proposta de governo, nas últimas eleições. O que é mais interessante observar é que existe a eventualidade de o presidente Lula estar perdendo parte do seu eleitorado. 

Mas, abrindo as páginas do Jornal do Commércio, encontramos um artigo escrito por Raul Manhões de Castro. Algo sugere que ele pode ser parente do sociólogo Josué de Castro, mas não temos certeza. Terminado os trabalhos da COP30, o articulista estabelece uma relação entre Edgar Morim e Josué de Castro, sobretudo no que concerne ao que deve ser pensado quando está em discussão a preservação do planeta. Neste momentos as pessoas pensam nas florestas, no clima, na tecnologia e, por último talvez humanizar os padrões de relações sociais. Há alguns clássicos que não poderiam deixar de ser lidos por todos os estudantes brasileiros, independentemente de sua área de formação. O livro A Geografia da Fome, de Josué de Castro, é um deles. 

Quando ainda estávamos no batente de sala de aula, dávamos sempre um jeito de inseri-lo em nossas ementas de disciplinas. É curioso como muita gente imagina que Josué de Castro apenas se preocupou com a fome dos homens e mulheres do Nordeste. Ele também enveredou pela região Norte, onde ocorreu a COP30, ampliando seus espectros de observação da realidade da fome no país. Num dos momentos do seu texto, discutindo os dilemas do país ali pela década de 50\60, Josué observava que o país precisava decidir se enfrentaria a questão das desigualdades sociais ou da industrialização, o que ele traduzia à época como pão ou aço. O país optou pelo aço e até hoje amarga índices de desigualdades sociais aviltantes da dignidade humana. Parabéns a Raul Manhões de Castro pelo artigo inspirador.  

domingo, 16 de novembro de 2025

Editorial: CPMI do INSS entrará na fase dos consignados.


Se depender da disposição e da seriedade do relator Alfredo Gaspar, a CPMI entrará na fase dos consignados logo após o recesso parlamentar. Segundo avaliação do deputado, estima-se que 90 bilhões tenham sido desviados dos aposentados e pensionistas nesta modalidade de empréstimo. Possivelmente este será um ponto nevrálgico dos trabalhos daquela comissão, uma vez que pretende mexer no vespeiro das instituições bancárias do país. Há relatos de que algumas dessas instituições utilizavam-se de cartões dos clientes, deixados em agências bancárias, para realizarem operações de empréstimos sem autorização dos aposentados. 

Possivelmente, teremos uma dilatação dos prazos de conclusão dos trabalhos daquela comissão. Esta semana, por exemplo, duas reuniões estão sendo programadas. Segunda e terça-feira. Na terça-feira também teremos a segunda reunião de trabalho da CPI do Crime Organizado, cujos parlamentares preferiram prestigiar a COP30. Depois dos empréstimos consignados, teremos as discussões sobre as eventuais fraudes com o Seguro Defeso. O senador Carlos Viana, que preside os trabalhos daquela Comissão, não deixa de enfatizar os bons resultados trazidos pelas investigações dos parlamentares, em alguns casos, até mesmo se antecipando ou subsidiando os trabalhos da Polícia Federal. 

De fato, trata-se de uma comissão das mais exitosas, embora a grande mídia faça questão de não acompanhar os trabalhos. Isto ocorre desde o início até mais recentemente, quando um desses grandes jornais sugeriu que a CPMI do INSS tinha se perdido nas narrativas entre Governo e Oposição e não estava produzindo grande coisa. Um equívoco. Os parlamentares estão trabalhando bastante, com equipes de assessores mobilizados para colherem os melhores resultados das investigações. 

sábado, 15 de novembro de 2025

Editorial: Ouvidos de moucos na segurança pública.



Por razões óbvias, nunca saberemos os detalhes da entrada do BOPE na floresta que serpenteia o conjunto de favelas da Penha e do Alemão. Sabe-se que teriam usado drones para monitorar os movimentos dos traficantes na área e, mais recentemente, soube-se que eventualmente eles teriam realizadas incursões preparatórias em outras favelas com tal objetivo, testando o poder de fogo e as estratégias de defesa do pessoal do CV. Há pouco ficamos sabendo de novos confrontos entre o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, resultando na morte de 8 membros ligados ao CV, que estavam numa festa. Não seria improvável que tenhamos logo novos confrontos no sentido de vingar os mortos do CV. 

Este intróito serve para informar que a situação nunca esteve sob o controle do Aparelho de Estado no Rio de Janeiro. Anda circulando vídeos nas redes sociais sobre as cidades fantasmas no Ceará, ou seja, áreas urbanas desocupadas a mando de facções. Já se sabe que Governo e Oposição não construirão algum consenso mínimo sobre o assunto, até porque a direita pretende transformar tal questão num tema decisivo das eleições presidenciais de 2026. Na realidade, a direita está dando uma força, posto que pesquisas já indicam que este é um tema nevrálgico entre a população brasileira. Até recentemente, foi autorizado ao ex-presidente Jair Bolsonaro receber três governadores de Estado e o deputado federal Guilherme Derrite, relator do PL da Anistia. A ideia, como se presume, é a questão das eleições de 2026, nas entrelinhas apenas a questão da segurança pública. Estiveram presentes ao convescote de direita os governadores Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Cláudio Castro.  

Hoje os jornais trazem a informação de que eles também estão batendo cabeça em torno do tema da segurança pública, mas o mais provável é que o impasse mesmo seja em relação ao nome ungido pelo capitão como herdeiro do seu espólio político. Romeu Zema, governador de Minas Gerais, já andou sugerindo a construção de um presídio de segurança máxima no Amazonas e a transferência dos chefes de facções para o CECOT, a temida penitenciária de segurança máxima mantida em El Salvador, onde foram confinados os membros das gangues que aterrorizavam aquela país, cujos índices de violência despencaram. Não sem um preço alto a ser pago em relação ao respeito aos direitos humanos elementares. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Editorial: A lista do INSS



Ontem, 13, durante os trabalhos da CPMI do INSS, começaram a chegar as notícias acerca da nova operação da Polícia Federal e da CGU sobre o escândalo do INSS, onde milhares de aposentados e pensionistas foram roubados em seus proventos através do expediente dos descontos não autorizados. É curioso que, assim como ocorreu com a Lava Jato, estamos diante de mais uma daquelas listas, onde alguns servidores públicos, loobistas e beneficiários das entidades arroladas são tratados por cognomes, possivelmente com o propósito de dificultar a identificação. Isso de pouco adiantou, uma vez que, viemos a saber um pouco depois, esta nova operação, autorizada pelo Ministro André Mendonça, do STF, está baseada numa delação premiada de um dos envolvidos, Maurício Camissotti. 

Ao que se presume, ele entregou muita gente. Estima-se que somente para Stefanutto, supostamente, seria paga uma mesada de R$ 250,00 mensalmente. É espantoso e estarrecedor perceber que servidores de alto escalão do INSS estavam envolvidos nessas maracutaias até a medula. Presidente do órgão, procurador-geral, chefe de benefícios. Imaginem os senhores quando chegarmos ao andar de baixo da burocracia da entidade. Era uma engenharia de roubalheira que foi montada no órgão, independentemente das ideologias ou governos de turno. É cansativo observar, durante os trabalhos daquela comissão, parlamentares tentando imputar a responsabilidade sobre este ou aquele governo. Há servidores que, por possuírem a "senha" foram mantidos no cargo apenas para permitir a sangria dos aposentados. 

O senador Carlos Viana(Podemos-MG), que preside os trabalhos daquela CPMI, já identificou vários núcleos montados - quase sempre familiares - com o propósito de desviar recursos dos aposentados. A mesada pode envolver nomes diretamente vinculados ao Legislativo. E olha que os descontos irregulares é apenas a ponta do iceberg. São visíveis as irregularidades em relação aos empréstimos consignados, assim como em relação ao seguro defeso. Brasília, por exemplo, se tornou uma capital com vocação para a pesca, dado o números de beneficiários com o seguro na capital federal. Há alguma coisa de muito errado ali também.   

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Editorial: Stefanutto é preso em operação da Polícia Federal.

 


Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, é preso em nova operação da Polícia Federal, no curso das investigações dos desvios de recursos ilegais do INSS. Utilizamos um eufemismo aqui, mas, na realidade, o nome correto é roubo. E um roubo de proporção gigantesca, possivelmente bem superior às estimativas apresentadas até aqui. Enquanto escrevemos este editorial, novas operações no estado da Paraíba estão sendo realizadas pela PF com a mesma finalidade. Além dos carrões de luxo, ganhou repercussão hoje nas redes socais um cofre, empilhado de dinheiro roubado, apreendido na nova fase da operação, no estado do Maranhão. O lado bom é que observamos que o trabalho da Polícia Federal e da CPMI do INSS estão produzindo seus resultados. 

Nas últimas semanas, estiveram presentes às audiências os chamados Golden boys, ou seja, aqueles filhos ou parentes de corruptos que utilizaram seus escritórios de advocacia e "assessorias" para, literalmente, movimentarem o dinheiro desviado dos aposentados e pensionistas. Um deles estava de posse de um Iphone de R$ 14,000 e calçando um sapato de R$ 10,000. Louvável o apoio do STF, principalmente na pessoa do ministro André Mendonça que, coerentemente, vem dando suporte ao trabalho sério que vem sendo conduzido por aquela comissão, acatando as recomendações de decretação de prisões e modulando a concessão dos habeas corpus, respeitando, naturalmente, as prerrogativas dos convocados ou convidados.

Estamos numa expectativa danada em relação ao início dos trabalhos da CPI do Crime Organizado. Uma charge do Thiago Lucas, publicado neste blog no dia de hoje, retrata, com maestria este momento enfrentado pelo país no que concerne ao problema da violência. Enquanto os políticos e gestores públicos travam diálogos entre surdos, impossibilitando qualquer consenso mínimo em relação ao assunto, os índices de violência aumenta, comprometendo o cotidiano da população. No mesmo jornal, como um bom exemplo desta situação, a notícia de que a senhora que teria sido vítima de um estupro numa unidade policial, precisou mudar de endereço em função, provavelmente, de ameaças. 

Charge! Thiago via Jornal do Commércio.

 


quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Editorial: Bukele na CPI do Crime Organizado?



Quando da abertura dos trabalhos da CPI do Crime Organizado, o relator, o senador sergipano Alessandro Vieira, do MDB, leu uma lista com alguns nomes que deverão ser convocados para as audiências. Estudiosos, gente da área de segurança pública, acadêmicos. Uma lista bastante interessante para conhecermos essa realidade mais de perto. Depois surgiu uma nova lista de eventuais convidados, desta vez governadores e ministros de Estado. Ontem ficamos sabendo que o senador Magno Malta pretende apresentar um requerimento para a convocação do presidente de El Salvador, Nayib Bukele. Como se trata de uma autoridade de um outro país, talvez precise do sinal verde do Ministério das Relações Exteriores. 

Provavelmente aqui teremos problemas, pois não passa pela cabeça de ninguém que o Governo Lula teria boa vontade de trazer Bukele ao país, principalmente em tais circunstâncias. Agora há pouco ficamos sabendo que as mudanças introduzidas pelo relator, o deputado federal Guilherme Derrite, no PL das Facções foram apenas pontuais, fazendo algumas conceções apenas ao papel da Polícia Federal no combate ao crime organizado. Alguns entes federados correm o risco de colapsarem antes mesmo das eleições de 2026. A situação é bastante crítica. No Rio de Janeiro, apenas 15 cidades não estão sob o jugo de facções. 22% do território é controlado por elas. No Amazonas eles entraram até nos negócios com azeite de dendê, obrigando garimpeiros a atuarem em terras indígenas, com tal finalidade. 

E, por falar em facções ou crime organizado, cresce a tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela. A possibilidade de os Estados Unidos iniciarem operações dentro do território daquele país latino-americano é hoje algo dado como certo e irreversível. Curiosa é uma declaração do assessor Celso Amorim, no dia de hoje, 12, informando que se algo ocorrer àquele país seria uma obrigação do Brasil ajudar Nikolás Maduro. 

Editorial: Os reflexos da Operação Contenção sobre a aprovação de Lula.


Finalmente, sugere-se que o Governo Lula está construindo um entendimento com o deputado federal Guilherme Derrite, relator do PL Antifacção. Existem alguns pontos polêmicos, como aquele dedicado ao trabalho da Polícia Federal no combate ao crime organizado, o que, convenhamos, seria um retrocesso inconstitucional. Até o eventual apoio do presidente Lula a um determinado candidato ao Senado Federal pelo estado da Paraíba, nas eleições de 2026, entrou nas negociações dos bastidores da política brasiliense. Hoje saiu uma nova pesquisa do Instituto Quaest Genial, sobre a aprovação do Governo Lula 3. Os escores, embora dentro da margem de erro entre aprovação e desaprovação, de alguma forma, não são alvissareiros, uma vez que indicam uma tendência, ou seja, de uma espécie de perda de tração ou esgotamento da capacidade do presidente Lula em recuperar seus índices de popularidade, o que ele vinha fazendo até recentemente. 

Um dado ainda mais preocupante, concluído pelo próprio Instituto, é que este fato deveu-se à repercussão do posicionamento do presidente Lula acerca dos traficantes - aquela fala infeliz - e em relação aos reflexos da Operação Contenção, que teve o apoio de percentual expressivo da população, de acordo com os levantamentos realizados inclusive pelo próprio Instituto Quaest/Genial. O Governo Lula 3 já percebeu que precisa tomar alguns cuidados nesta área nefrálgica de segurança pública, onde a Oposição vem ganhando a narrativa. No dia de ontem, 11, ficamos sabendo que até o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, pode ser convocado a uma sessão da CPI do Crime Organizado. O requerimento partiria do senador Magno Malta, que já enfrentou até motosserra quando esteve à frente dos trabalhos numa dessas CPI's. 

O projeto piloto de retomada de territórios ocupados por facções, que está sendo desenvolvido pelo Ministério da Justiça, no Rio Grande do Norte, se bem-sucedido, poderá se constituir num trunfo do Governo contra a Oposição, que mantém um discurso hoje mais afinado com o sentimento da população. Talvez por medo, diante do descalabro em que se transformou a segurança pública no país. Isso pouco importa. Os índices de aprovação de Cláudio Castro melhoram sensivelmente depois da Operação Contenção. 

 

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Editorial: Governo não se entende com Derrite sobre PL antifacção.



Na semana passada ouvimos alguns considerações, até positivas, de gente do Governo Lula 3, acerca do relator do PL Antifacção, o deputado federal Guilherme Derrite, que se licenciou do cargo de Secretário de Segurança Pública de São Paulo para assumir a função de relator do projeto. As ponderações eram que se tratava de uma pessoa de Oposição, mas com perfil técnico. Não apostaria um centavo num eventual entendimento entre Derrite e o Governo Lula 3. Hoje, 11, a imprensa traz uma série de matérias tratando do distanciamento entre ambos no que concerne às modificações introduzidas pelo deputado no PL Antifacção, principalmente em relação aos enquadramentos dessas organizações criminosas como terroristas. 

Quem acompanha minimamente o trabalho de Derrite sabia disso. Na realidade, estamos aqui diante talvez do maior gargalo de segurança pública hoje no país, ou seja, a ausência de um consenso mínimo entre os entes federados e o Governo Federal. A questão da segurança pública no país, passa, necessariamente, pela reestruturação das polícias estaduais. Algo que não se consegue sem um amplo entendimento. Entes federados não aceitam, sequer, que a coordenação de políticas públicas de segurança tenham a diretriz do Governo Federal, como se percebeu na última reunião em Brasília. Derrite deverá ser um dos primeiros convidados para os trabalhos da CPI do Crime Organizado, algo que deverá também ocorrer com o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. 

Será um oportunidade de Lewandowski expor a experiência do projeto piloto de retomada de território que está em andamento no Rio Grande do Norte. O Governo precisa ficar muito atento a isso, para não ficar à reboque, a exemplo do que ocorreu recentemente, quando da Operação Contenção desencadeada pelo Governo do Rio de Janeiro. Um fiasco, sob certos aspectos, mas deu a chance à oposição de vencer a guerra de narrativas em relação à eventual ausência de apoio federal para as operações e, igualmente, à sua inércia. Como já afirmamos antes, o governador Cláudio Castro ocupou um vácuo perigoso, convencendo a maioria da população sobre as ações contra o crime organizado. Segundo consta, já haveria dez novas operações previstas. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Editorial: CPI do Crime Organizado pretende convocar ministros e governadores.


Na abertura dos trabalhos da CPI do Crime Organizado, o relator, o senador sergipano Alessandro Vieira, do MDB, leu uma lista dos nomes que deverão ser convocados para as audiências daquela comissão. Gostamos bastante da lista que foi apresentado, pois apresenta nomes que lidam diretamente com essa questão, seja exercendo o papel de agentes públicos, seja encapsulados nos centros acadêmicos, realizando suas pesquisas e publicando livros. Hoje, 10, saiu a notícia de que esses nomes poderão ser ampliados, envolvendo o convite a 11 governadores de Estado e autoridades públicas de Brasília. Ministros do Governo Lula estão nesta lista. Entre esses governadores, salvo melhor juízo, um deles reclamou, argumentando que gostaria de ser convidado: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que se tornou polêmico em razão da política de segurança pública adotada em seu estado. 

Goiás é hoje um dos estados menos violentos do país, uma vez que as ações de facções ali foram sensivelmente controladas. Isso mostra como os índices de violência hoje no país estão intimamente ligados às ações do crime organizado. Se esses grupos ampliam seus territórios e seus tentáculos numa determinada região, é ilusório apresentar eventuais índices de diminuição dos CVLI uma vez que eles podem "explodir" a qualquer momento posterior. Estávamos dando uma passadinha pela site de notícias da Paraíba. São recorrentes assassinatos em áreas como Cabedelo, Santa Rita, Conde, Bayeux, exatamente em áreas nevrálgicas, conflagradas, onde existe uma forte atuação do crime organizado. 

E, por falar em governadores, soubemos há pouco, através dos nossos informantes plantados no Palácio Redenção, que um senador local está convidando o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, para realizar uma palestra na Paraíba, onde deverá falar a respeito da Operação Contenção. Esta operação, sob certos aspectos, foi um verdadeiro fracasso, mas Castro ganhou a disputa de narrativa contra o Governo Federal. Ele aproveitou bem o medo da população e a inércia de ações mais efetivas contra as facções. Está se tornando pop-star. A situação do Rio de Janeiro e outros estados da federação é bastante complicada. Apenas 15 cidades cariocas não estão sob o controle efetivo do crime organizado. 

sábado, 8 de novembro de 2025

Editorial: Os 200 anos do Diário de Pernambuco


Todas as homenagens merecidas ao tradicional Diário de Pernambuco, que completou 200 anos de existência recentemente. Ontem estava sendo aguardada, com grande expectativa, a abertura uma espécie de cápsula do tempo, de 100 anos, quando o jornal completou um século de existência. Trata-se de um jornal intrinsecamente ligado à nossa História Regional e até de nossa Geografia, uma vez que, para o historiador Durval Muniz de Albuquerque, sua identidade com o Nordeste é tão expressiva que o espaço geográfico da região passou a ser delimitado, certa medida, por sua área de circulação. O Nordeste ia até onde o Diário de Pernambuco chegava. Ele está presente até em textos consagrados de nossa literatura, a exemplo do livro Banguê, do escritor paraibano José Lins do Rego. A referência vem num sentido jocoso, quando o coronel Zé Paulino, percebendo que o rebento, seu neto Carlinhos, não dava para a lida do eito do engenho, diz para ele que o Diário já havia chegado. 

Carlinhos passava as manhãs pensando no "futuro" do Santa Rosa deitado numa rede e lendo o Diário de Pernambuco. Um grande amigo de José Lins, o antropólogo pernambucano Gilberto Freyre, tem uma história profundamente afetiva com o Diário de Pernambuco. Foi um colaborador assíduo daquele jornal, publicando artigos com regularidade, atividade que não interrompeu nem quando esteve nos Estados Unidos, realizando uma temporada de estudos. De lá ele plantou as sementes do seu regionalismo, traduzido, em parte no O Livro do Nordeste, quando reuniu artistas, escritores e intelectuais para produzirem artigos analisando alguns aspectos da região, por ocasião do centenário do jornal. 

Segundo registros, foi o primeiro livro organizado no país, identificando em Gilberto um grande pioneirismo em várias áreas do conhecimento, inclusive em seus métodos de pesquisas ecléticos, transgressores, exclusivos, quando muito mitigados. Esta característica ele demonstraria desde a infância, quando insistia em desfigurar os rostos dos quadros que pintava sob a supervisão de Teles. E, por falar em pioneirismo, não é pequena a inserção do sociólogo com a imprensa, a começar pela experiência de A Província. Gilberto chegou a dirigir o Diário de Pernambuco, onde lapidou um grupo seleto de gente boa de pena, a exemplo do jornalista Aníbal Fernandes. Trata-se de um dos período mais turbulentos do jornal, período da ditadura do Estado Novo, quando o jornal fechava as trincheiras contra o interventor Agamenon Magalhães.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Editorial: Cícero janta com Dirceu. Vem novidade por aí?


Foi muito feliz a raposa da política mineira, Magalhães Pinto, quando afirmou que política é como as nuvens, ou seja, muda repentinamente. Até recentemente, um senador paraibano, que luta por sua reeleição em 2026, corria o risco de ser rifado pelo Planalto, em razão das articulações de Lula com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que implicariam em apoiar um nome ligado ao parlamentar paraibano para concorrer ao Senado Federal. Seria injusto, uma vez que o cidadão tem demonstrado um comportamento exemplar em relação ao Governo Lula 3, pautando suas ações  orientadas pela bússola governista. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, hoje no MDB, que já esteve ao lado do governador João Azevedo, uma vez preterido como candidato, rompeu com o grupo, embora afirmasse, surpreendentemente, que continuaria apoiando o projeto de eleição do governador ao Senado Federal. 

Uma incongruência que ele acabou admitindo recentemente, afirmando que sua obrigação é com os senadores que deverão concorrer em sua chapa para disputar o voto eleitores rumo ao Palácio Redenção. O político mais "manhoso" da Paraíba vem entabulando conversas com o PT. Esteve com Edinho Silva, Presidente Nacional do partido, e, ontem, dia 06, jantou com a eminência parda do partido, José Dirceu. Na agenda, um eventual apoio do PT ao seu projeto de se eleger governador do estado, em 2026. Essas costuras políticas têm avançado, até porque conta com o aval do MDB local, afinado com a ala do partido que se inclina a apoiar o projeto de reeleição de Lula em 2026. 

Embora tenha demonstrado uma inclinação natural em apoio à chapa que está sendo montada por João Azevedo, Cida Ramos, que o dirige o Diretório Estadual do PT na Paraíba, já afirmou que as portas não estão fechadas para uma negociação política com o prefeito da capital. O prefeito que goza de um capital político nada desprezível, que vai de uma extremo ao outro do espectro ideológico, monta uma chapa competitiva e lidera todas as pesquisas de intenção de votos realizadas até este momento.