pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Editorial: Socialistas e (ex) bolsonarista unidos em Santa Rita.



Mesmo com o apoio do clã Calheiros, em Alagoas o bolsonarismo mostrou sua força nas últimas eleições presidenciais. O candidato do PL, o atual gestor da cidade, João Henrique Caldas(PL-AL) desponta como grande favorito à reeleição, podendo liquidar a fatura ainda no primeiro turno daquelas eleições, segundo aponta os institutos de pesquisa.  Raposa curtida e cevada nas manhas da política local e nacional, qual não foi a surpresa para o PT o anúncio do nome de uma bolsonarista raiz para compor a chapa do candidato a prefeito da capital representando o clã dos Calheiros.  O PT retirou a candidatura do partido para apoiar o nome de Brito, indicado pessoalmente por Renan Calheiros. 

Pelo andar da carruagem política, situações desta natureza não são exceções. Estão ocorrendo em todo país. Na Paraíba, o radialista Nilvan Ferreira construiu uma trajetória política essencialmente montada no bolsonarismo. Em tal condição travou inúmeros embates com figuras históricas de outros grêmios políticos no Estado, quando da disputa de eleições anteriores. Apeado do PL, numa dessas manobras rasteiras, foi procurar abrigo na cidade de Santa Rita, onde ontem foi homologado como candidato do Progressistas à prefeitura local. O mais inusitado, no entanto, é o apoio recebido do socialista João Azevedo, atual governador do Estado, que ontem fez questão de prestigiar o lançamento de sua candidatura à prefeitura local.

Gilvan tem mágoas com os bolsonaristas locais, mas, sinceramente, deixar de ter sua admiração pelo capitão é pouco provável. Usando um preceito bíblico, sugere-se ser mais fácil um camelo passar no fundo de um agulha do que um bolsonarista raiz deixar de ser bolsonarista. Coisas da política. Aqui em Olinda, a chapa do PT tem um empresário bolsonarista como vice. Indicado pelos "comunistas" do PCdoB.   

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Editorial: Tam ram tam tam tam ram ! Os debates começam esta semana.



Como já se tornou uma tradição a Rede Bandeirantes de Televisão antecipa-se, e anuncia para esta semana os primeiros debates entre os candidatos que concorrem a prefeito das capitais. Várias afiliadas da emissora já anunciaram que irão promover este debate em suas praças, como é o caso da Rede Arupuã, em João Pessoa, que já confirmou a presença dos principais concorrentes à prefeitura da capital. Durante as convenções deste último final de semana, já é possível fazermos alguns prognósticos sobre o que vem por aí. Essas convenções serviram também para dá o mote sobre os ataques ou petardos que serão desferidos contra os adversários. Aqui no Recife, por exemplo, a condição de pobreza da população da periferia, que se arrasta desde as denúncias de Josué de Castro, ainda na década de 40 do século passado, sugere-se que será explorada pelos adversários do prefeito João Campos(PSB-PE). 

Os debates assumiram um formato bastante burocrático, repletos de melindres e regras, que contribuíram para acabar com a sua espontaneidade de outrora, mesmo que marcada por alguns arroubos intempestivos de alguns postulantes. Aliás, era exatamente esses destemperos que esquentavam os debates. Hoje existem procedimentos que não podem ser violados, sob a hipótese de sanções legais até mesmo contra as emissoras que os patrocinam. Com forte tradição no assunto, o jornalismo da Rede Bandeirante, comandado pelo jornalista Fernando Mitre, dá sempre um jeito de repercutir o debate logo em seguida, reunido uma equipe de bons profissionais e analistas políticos. 

Por vezes, o day after é melhor do que o próprio debate, uma vez que, conforme afirmamos,  pessoas muito bem qualificadas são convidadas. Está de parabéns o jornalismo da Rede Bandeirantes ao assumir este compromisso com a sociedade brasileira, na medida em que tais debates são essencialmente importante para o postulante discutir suas ideias para a polis, levando o eleitor a fazer suas escolhas de forma mais criteriosa. 

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Editorial: As alcovas da sucessão na Câmara dos Deputados.

 


A eleição para a Presidência da Câmara dos Deputados guarda algumas características bem particulares. Trata-se de uma dinâmica bem distinta de outras eleições. Não raro ocorrem algumas surpresas por ali, como um azarão, aparentemente sem chances, que se agiganta no momento da votação, assumindo o posto de comandante daquela Casa Legislativa. É uma eleição que se define nas alcovas, nos cafezinhos do buraco fundo, nos acordos entre os cavalheiros, onde são negociados os nacos de poder, entre outras benesses.  Como a imprensa, em geral, não tem acesso a essas informações, por vezes alça este ou aquele como favorito e acaba se equivocando. 

Durante muito tempo, o nome do deputado federal baiano, Elmar Nascimento, foi apresentado como o favorito de Arthur Lira para sucedê-lo na presidência daquela Casa. Recentemente, Elmar Nascimento ganhou o concurso do eventual apoio do MDB ao seu projeto, articulado a partir do apoio do União Brasil à reeleição do prefeito Ricardo Nunes, em São Paulo. Mesmo assim, sugere-se que suas chances não sejam das melhores, quando comparada ao pastor Marcos Pereira, deputado vinculado ao Republicanos, vice-presidente daquela Casa. 

Marcos Pereira vive um dilema em relação ao apoio do Governo Lula. Busca o apoio do governador Tarcísio de Freitas, de São Paulo, articulação que já contou até mesmo com a participação do Ministro Sílvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. Em princípio, apoiá-lo seria interessante para o Governo, conforme algumas avaliações iniciais. Afinal, trata-se de um evangélico, segmento do eleitorado que não se bica com o PT. Por outro lado, como apoiar um nome que conta com o aval do eventual adversário do PT em 2026? Neste introito, Lira faz mistério sobre o nome que conta com a sua unção. Correndo por "fora", mas com o apoio da oposição - o que não pode ser desprezado - o deputado federal Altineu Côrtes, do PL do Rio de Janeiro. 

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Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 4 de agosto de 2024

Editorial: A Batalha dos Guararapes II



Em Jaboatão dos Guararapes trava-se uma das batalhas mais renhidas das próximas eleições municipais de 2024 em Pernambuco. É curioso como ali está se montando uma espécie de zona de luta livre, ou seja, mesmo aliados no plano estadual e nacional ali se digladiam para medir forças. Mano Medeiros, atual gestor, é candidato à reeleição pelo PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, aqui representado pelo ex-prefeito Anderson Ferreira, que dirige o partido. Embora filiado ao partido, aventa-se a possibilidade de o gestor preferir manter uma distância regulamentar do "mito". 

A deputada federal Clarissa Tércio, filiada ao PP, também é uma bolsonarista roxa. Na convenção de hoje, domingo, dia 04, que homologou seu nome como candidata da legenda àquelas eleições municipais, o presidente local do partido, o deputado federal Eduardo da Fonte(PP-PE), teceu alguns comentários que deixaram os bolsonaristas do PL bastante magoados. No dia de ontem, 3, foi a vez do PT homologar a candidatura do ex-prefeito Elias Gomes(PT-PE) como candidato do partido. Para ali convergiram os atores políticos mais relevantes da legenda no estado, a exemplo do deputado estadual João Paulo, que compareceu ao avento vestindo uma camisa lilás que está dando o que falar na crônica política local. 

PT e PSB articularam naquela praça uma retomada da chamada Frente Popular, em defesa da candidatura de Elias Gomes, tratada como prioritária para as pretensões do PT no plano nacional, assim como pelo prefeito João Campos(PSB-PE), no plano estadual, uma vez que encontra-se entre os seus projetos a eventualidade de uma candidatura ao Governo do Estado em 2026. Em meio a este turbilhão político, a governadora Raquel Lyra(PSDB-PE) encontra-se numa situação de equilíbrio instável. Se se inclina a apoiar o nome de Elias Gomes, estará apoiando o nome que está recebendo o apoio do seu principal adversário político no Estado, o prefeito João Campos. Se fica com Mano Medeiros, estará apoiando o nome de alguém do PL, embora mantenha distanciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Se resolve assumir o apoio ao nome de Clarissa Tércio, como deseja Eduardo da Fonte, terá que assumir que está apoiando um bolsonarista raiz, o que não seria nada conveniente quando se tenta construir as pontes com o Palácio do Planalto. Escolha difícil a da governadora. 

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O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife - Os PT's pernambucano.

Crédito da Foto: Blog do Magno Martins


Uma característica que sempre distinguiu o PT no escopo do sistema partidário brasileiro era a centralização de suas decisões, ou seja, o que era decidido por sua instância máxima era acatado nas instâncias estaduais e municipais da legenda por todo o país. Ao longo do tempo, no entanto, essa centralização tomou contornos de oligarquização e burocratização, asfixiando outras características, a exemplo da democracia interna do partido, igualmente elogiada por inúmeros estudos. Hoje, decisões tomadas por essas instâncias internas, antes solenemente respeitadas, podem sofrer sanções quando não intervenções da Executiva Nacional, como ocorreu recentemente em João Pessoa, quando as prévias para a escolha do nome que concorreria à prefeitura municipal foi abolida. 

Antes, a centralização cumpria o papel de observância das diretrizes ou resoluções do partido, permitindo que a coerência ou coesão pudessem ser observadas por todo o partido, nacionalmente. Num sistema federativo como o nosso e diante das oligarquias ou clãs estaduais que controlam os partidos políticos nos estados, naqueles tempos, tal centralização, de fato, poderia se constituir num ponto forte da legenda. Há dúvidas sobre se a mesma premissa se aplicaria à realidade atual. Um bom exemplo foi esta última nota infeliz de setores da direção da legenda reconhecendo a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela, que desagradou profundamente amplos segmentos do partido, sobretudo aqueles atores que precisam do apoio popular. 

Além de infeliz, tratou-se de uma nota burocrática, escrita por burocratas, que está produzindo vários ruídos e eventuais prejuízos eleitorais já nas próximas eleições municipais, uma vez que o teor está sendo sensivelmente explorada pela oposição. Ainda ontem, durante a convenção que homologou a candidatura de Ricardo Nunes como candidato a prefeito de São Paulo, ele tocou neste assunto, num petardo direto e certeiro contra o seu principal adversário neste momento, Guilherme Boulos, que conta com o apoio do Palácio do Planalto. 

Formado por grupos políticos com diversas origens, o PT sempre manteve essa característica de pluralidade. É natural, portanto, que aqui em Pernambuco possamos falar não de um PT, mas de vários PT's. O PT que se consorciou ao projeto de Eduardo Campos passou a ser apelidado de PT queijo do reino, uma vez que era vermelho por fora e amarelo por dentro. Agora surgiu um PT lilás, numa alusão a integrantes da legenda que estão se aproximando do Palácio do Campo das Princesas. Um blog local destacou a presença do deputado estadual João Paulo(PT-PE) em evento de lançamento da candidatura de Elias Gomes como candidato à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, vestindo uma impecável camisa lilás, a cor de preferência da governadora Raquel Lyra(PSDB-PE). 

Quando João Paulo faz esses movimentos e insinua que setores do partido poderão não seguir a orientação da legenda no projeto de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE), ele possivelmente fala por aquele PT das bases, dos movimentos sociais, um PT mais autêntico. Não seria improvável que ele esteja certo neste sentido. Este PT ainda é aquele PT que usa as já surradas camisas vermelhas dos militantes de esquerda, sempre em homenagem ao guru Karl Marx. O vermelho era a cor preferido do teórico alemão. 

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Editorial: Ainda repercute a infeliz fala de Lula sobre as mulheres.


Salvo melhor juízo, a Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, já teria corrigido a fala do presidente Lula em evento público. A ministra ainda não ficou satisfeita e deve procurar o presidente para manter com ele uma conversa sobre o assunto. Há algum tempo Lula tem sido infeliz em suas falas. Isso se arrasta desde a última campanha presidencial, quem sabe até respingando sobre a avaliação do seu Governo, o que seria ainda pior. Logo após afirmar que, se for corintiano tudo bem, Lula assinalou que não enxergava nada de anormal sobre as eleições na Venezuela, quando o mundo todo concentra seus holofotes para denunciar as irregularidades ocorridas nas últimas eleições presidenciais naquele país. 

O descalabro foi de tal monta que inúmeros países já reconheceram o candidato "perdedor" como o vencedor daquelas eleições. Por razões óbvias, sobretudo um homem público, deve tomar muito cuidado com o que se fala. Há alguns anos atrás, aqui em Pernambuco, uma jornalista realizou uma matéria sobre as "Mulheres Caranguejos", que seriam adolescentes que se prostituíam numa área de manguezal entre o Recife e Olinda, naquela extensão da Rua da Aurora, a mais recifense do Recife, segundo Gilberto Freyre, por ser a mais banhada pelo Rio Capibaribe. Telúricas gilbertianas a parte, o problema era de uma gravidade absurda. 

Para completar o enredo macabro, policiais que faziam a segurança no local, segundo denúncias das próprias adolescentes, ao invés de proibirem tais práticas, se tornavam  lenientes ou coniventes com a ilegalidade. Ao ser ouvido à época sobre o problema e eventuais decisões a serem tomadas a este respeito - no sentido de adotar medidas contra os policiais que agiam dessa forma - o  Secretário de Defesa Social limitou-se a afirmar que as mulheres sentiam atração pelas fardas, o que teve uma repercussão profundamente negativa, culminando com o seu afastamento do cargo, determinado pelo então governador Eduardo Campos.  

Cobramos aqui pelo blog um pronunciamento da Secretária da Mulher à época, que se manteve omissa em relação a este fato, incapaz de se pronunciar sobre um grave equívoco de um dos membros da equipe do governo. É saudável, portanto, a atitude de desconforto sentida por Cida Gonçalves, que administra uma pasta que tem como missão exatamente o desenvolvimento de políticas de gêneros que se contrapõem ao machismo e a misoginia renitentes na sociedade brasileira. Jamais ela poderia ser omissa, o que significaria, em última análise, expor as contradições do seu próprio trabalho.  Ponto para Cida Gonçalves, torcendo para que o presidente Lula seja mais comedido em suas falas. 

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sábado, 3 de agosto de 2024

Editorial: Quem matou Ismael Hanieyh


Serviços secretos que se prezam não saem por aí anunciando que mataram este ou aquele inimigo. Assim, embora acusado, o Mossad, o temido serviço secreto de Israel, não assumiu o atentado que matou o líder político da resistência islâmica do Hamas, Ismael Hanieyh, que estava no Irã para acompanhar a cerimônia de posse do novo presidente do país. Matéria da revista Veja desta semana aponta que vários servidores ligados ao aparato de inteligência e segurança do Irã foram afastados do seus cargos em razão do atentado. 

A ousadia do ato implica em falhas imperdoáveis, sobretudo se entendermos que Ismael encontrava-se em uma fortaleza, uma residência militar fortemente protegida. A princípio foi divulgado que o artefato havia sido plantado no local há bastante tempo, aguardando apenas a chegada do hóspede, disparado por controle remoto. Agora as próprias autoridades iranianas informam que o artefato foi disparado de fora, possuía algo em torno de sete quilos. Integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana asseguram que haverá retaliações, no momento certo, possivelmente na mesma proporção. 

Não é a primeira vez que isso ocorre naquele país, evidenciando a vulnerabilidade do sistema de segurança interna. Faz sentido as intervenções nesta área nevrálgica, pois algo sugere que tal operação possa ter contado com infiltrados ou agentes duplos atuando dentro do país. Vários físicos nucleares que trabalhavam no projeto de desenvolvimento de uma bomba atômica no país já foram assassinados, alguns deles dentro do território iraniano.  

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Editorial: Deputado paraibano destinou mais de um milhão em emendas parlamentares para o Ceará.

Crédito da Foto: Valter Campanato\AB


Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal, através do Ministro Flávio Dino, estabeleceu algumas regras que devem orientar os critérios de liberação, aplicação e controle sobre as emendas do relator, ou seja, aquelas que integram a excrescência do orçamento secreto. Na medida, o senhor Flávio Dino também recomendou que os órgãos de fiscalização e controle do Estado realizam um rastreio para se saber o que foi feito com os recursos dessas emendas. Sabe-se que iremos encontrar coisas cabeludas por aqui. A ponta o iceberg já começa a aparecer através de uma matéria do site Metrópoles, onde se constatou que um deputado federal paraibano destinou, apenas em 2024, mais de um milhão de reais em emendas parlamentares para o Estado do Ceará. 

Em princípio, num raciocínio republicano, o natural era que essas emendas tivessem como objetivo o seu Estado, ou mais precisamente, as cidades vinculadas à sua base eleitoral, verbas que deveriam ter uma destinação para atender demandas públicas, onde cada centavo aplicado pudesse ser prestado conta ao Estado. Que danado leva um deputado paraibano a destinar verbas de emendas parlamentares para o Ceará? Por que essas emendas foram liberadas para um Estado que não é o de sua atuação política? 

São perguntas que ficam no ar e demonstram a clarividência e o acerto do ministro Flávio Dino sobre a necessidade de que sejam adotadas medidas que minimizem o desvio de finalidades dessas emendas, por vezes liberadas a esmo, apenas para atender demandas e interesses de personas ou grupos, o que se constitui num rombo em termos de mais-valia pública. 

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Editorial: Kim Kataguiri deve mesmo apoiar a reeleição de Ricardo Nunes.



Kim Kataguiri(UB-SP), que objetivava habilitar-se como candidato à Prefeitura de São Paulo nas próximas eleições municipais, parece ter desistido deste objetivo. Na realidade, as contingências políticas o obrigaram a isto. Há alguns dias o União Brasil, partido do deputado, resolveu compor a frente ampla em apoio à reeleição de Ricardo Nunes, num acordo fechado no âmbito municipal, mas com arranjos que envolvem, inclusive, a sucessão na Câmara dos Deputados. Isolado no âmbito municipal e nacional, não restou outra alternativa ao pré-candidato, que deve seguir a orientação da legenda, abdicando de sua candidatura.  

A quadra da disputa paulistana, neste momento, encontra-se embaralhada ou embolada. Há três candidatos tecnicamente empatados, como é o caso de Ricardo Nunes(MDB), José Luiz Datena(PSDB-SP) e Guilherme Boulos(PSOL-SP), todos com 20% das intenções de voto. Nenhuma outra pesquisa foi realizada depois que o Instituto Quaest apontou esses índices. Se os índices de Pablo Marçal (PRTB-SP) melhorarem, aí sim é que o jogo fica completamente embolado. Num cenário como este, difícil fazer algum prognóstico. Ricardo Nunes tem a máquina, Datena tem a televisão e Boulos tem o Planalto, que o apoia ostensivamente, estabelecendo a sua eleição como prioritária para os projetos políticos do PT em 2026.  Por "PT" leia-se Lula. 

Vamos aguardar algum descolamento de um dos candidatos, o que talvez possa indicar uma definição ou tendência de voto, na realidade.  Alguém outro dia estava discutindo sobre as estratégias que estão sendo adotadas pelos tucanos, que não estão concentradas unicamente no apelo midiático do apresentador José Luiz Datena. Envolveria até mesmo um eleitorado evangélico. Vamos aguardar um pouco mais. Nunes já andou dando uma alfinetada no apresentador ao afirmar, governar uma cidade não é um programa de televisão. 

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Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Editorial: Na ausência das atas, países começam a reconhecer Gonzáles como presidente eleito da Venezuela.


Expirado o prazo para a apresentação das atas de votação que, teoricamente, dariam a vitória a Nicolás Maduro na Venezuela, países como os Estados Unidos, o Uruguai, o Peru, o Equador e a Argentina começam a reconhecer Gonzáles como o presidente eleito da Venezuela nas eleições realizadas no último domingo. O país mergulhou numa espiral de instabilidade política bastante complicada. Mais de uma dezena de pessoas foram mortas e estima-se que 1200 pessoas estão presas por protestarem contra o resultado oficial apresentado pelo CNE, o que corresponde ao TSE brasileiro. 

O ex-presidente Jânio Quadros costumava afirmar que intimidade gerava filhos e aborrecimentos. A relação de intimidade do CNE com o chavismo impossibilita a sua condição isenta de árbitro legítimo das eleições do último domingo. Este é o perigo de envolver negócios públicos com as instituições que, num regime democrático, precisam guardar as reservas necessárias. Até recentemente, um árbitro de surf das olimpíada de Paris foi afastado da competição por ter tirado uma foto com um competidor. Por mais que ele viesse a atuar com o profissionalismo que o habilitou ao posto, alguém poderia questionar. 

Nas instituições democráticas, quando isso ocorre, tais instituições caem no descrédito e perdem a sua condição de arbitrar contendas entre os atores com a independência necessária que se impõe. O CNE está longe de contornar o impasse sobre o resultado das eleições do domingo. A crise tende a agravar-se à medida em que se intensificam os protestos de rua.  

Editorial: PT da Paraíba proíbe alianças com o PL.



O PL, no plano nacional, montou uma espécie de central de denúncias para receber informações sobre eventuais alianças entre integrantes da legenda e partidos como o PT. Ontem, dia primeiro, o PT da Paraíba baixou uma resolução determinando o veto a quaisquer alianças eleitorais entre membros do partido e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro. Partido centralizado, o que se constituía numa vantagem em termos do nosso sistema partidário, já houve um tempo em que o PT atendia unicamente a uma resolução nacional. Até neste sentido parece que o grêmio partidário fundado numa reunião histórica no Colégio Sion, em São Paulo, na década de 80, observa-se mudanças significativas na legenda. 

No caso do PT, estamos tratando de uma decisão tomada por um diretório regional e não pela Executiva Nacional. Aqui em Pernambuco, por exemplo, mais precisamente em Olinda, o PT aceitou colocar na vice que disputa a Prefeitura da Marim dos Caetés um empresário bolsonarista militante, hoje vinculado ao PCdoB, para não faltar a cereja do bolo. Ficamos por aqui imaginando o que não estaria pensando os petistas paraibanos sobre este assunto. Mesmo naquela época, quando o partido determinava a política de alianças no plano nacional, pontualmente, haviam situações onde essas resoluções não eram respeitadas, dada a dificuldade das composições políticas nos rincões do país. 

Depois de abortadas as prévias para a escolha do candidato que disputará a Prefeitura de João Pessoa, o nome do deputado estadual, Luciano Cartaxo, foi confirmado com o aval da Executiva Nacional, o que ficou parecendo(?) uma intervenção. Há, nitidamente, indisposições entre as instâncias partidárias municipais, regionais e nacional da legenda.  Quando falamos no início sobre as vantagens da condição de centralização do PT, considerávamos não o processo de decisões monocráticas ou oligárquicas, característica danosa que o partido assumiria ao longo dos anos de existência, mas o fato de as decisões nacionais serem respeitadas pelas instâncias estaduais, o que geralmente não ocorreria em partidos como o antigo PMDB, controlado por oligarquias familiares estaduais. Na última eleição presidencial, por exemplo, setores estaduais do partido deixaram de seguir a orientação de apoio ao nome da candidata da legenda, Simone Tebet, para apoiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pará e Alagoas são dois bons exemplos. Estados que, inclusive, tiveram integrantes desses clãs familiares contemplados no Governo Lula. 


Editorial: A medida saneadora do ministro Flávio Dino sobre as famigeradas emendas secretas.


A licenciosidade na liberação e uso dessas emendas parlamentares se tornaram um duto temerário sobre o emprego correto das verbas públicas, algo que atenta, inclusive, contra os princípios republicanos e democráticos, como já sugeriu a Ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal. Mesmo com tal advertência, desde então, os congressistas nada fizeram para impor um mínimo de transparência e regras claras sobre o emprego das verbas liberadas por essas emendas pelos parlamentares. Gradativamente, o Executivo foi perdendo controle sobre tal processo, permitindo que o parlamento tivesse autonomia sobre elas, fomentando uma espécie de semipresidencialismo ou parlamentarismo de coação. 

A medida adotada pelo Ministro Flávio Dino, então, se traduz numa medida essencialmente saneadora, de zelo pelo emprego dos impostos recolhidos de cada cidadão brasileiro. Merece o reconhecimento de nossa sociedade, embora tenha o efeito de produzir novas indisposições entre os Três Poderes da República. Corrupção nunca foi grande novidade no país, mas nos últimos meses o quadro parece ter se agravado. É Ministro de Estado sendo indiciado, governadores indiciados, com pedido de afastamento do cargo, AGU ou TCU sustando procedimentos licitatórios suspeitos e coisas assim. 

Neste sentido o mínimo que se poderia ser feito é o que está sendo proposto pelo Ministro Flávio Dino, ou seja, critérios federativos para liberação e, principalmente, rastreio do emprego do dinheiro público liberado. Ponto para o Ministro Flávio Dino que, com a decisão, impõe medidas republicanas no emprego das combalidas verbas públicas, não raro, vítima de alguns espertinhos. 

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Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Editorial: Melhora a avaliação da governadora Raquel Lyra, segundo pesquisa da Quaest.



Os pesquisadores do Instituto Quaest estiveram aqui em Pernambuco para aferir o humor dos pernambucanos em relação à governadora Raquel Lyra(PSDB-PE). Raquel teve um começo difícil, em razão de uma série de problemas. Os problemas são de tal monta que não vamos reproduzi-los por aqui. Ensina os nordestinos que isso só traz azar. Bom mesmo é empurrar a bola para frente e aproveitar os bons ventos. O Palácio do Campo das Princesas está comemorando os números apresentados pelo Instituto Quaest. 53% dos pernambucanos aprovam a gestão da tucana. 

Ocorreram grandes investimentos em publicidade institucional, mas não há publicidade institucional que consiga melhorar a imagem de um governo que esteja muito ruim. A governadora tem marcado alguns pontos positivos em termos de políticas públicas e a isso se atribui a melhoria dos seus índices de popularidade. Há algumas áreas nevrálgicas, como a segurança pública, um gargalo que ainda preocupa. Pernambuco é o terceiro Estado mais violento do país, atras apenas do Amapá e da Bahia. No último final de semana foram registrados 35 homicídio no Estado. São índices apenas comparáveis ao período anterior à implantação do Pacto pela Vida, quando Gino César ainda era vivo e acordava os pernambucanos com esses números pavorosos. 

A governadora tem um projeto de reeleição em 2026. Se o prefeito João Campos pode se permitir algum suspense sobre o assunto, no caso de Raquel isso não é possível. Sua permanência no ninho tucano é outro grande dilema. Os dirigentes da legenda fazem de tudo para mantê-la no ninho, mas os tucanos não querem nem ouvir falar de boas relações com o  Palácio do Planalto. A primeira batalha política a ser travada diz respeito às eleições municipais de 2024, onde o Campo das Princesas aposta todas as fichas para, se não vencer as eleições, criar um monte de obstáculos ao atual gestor, João Campos, do PSB. 

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Editorial: A incrível "resiliência eleitoral" de Michelle Bolsonaro como representante do bolsonarismo.



A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, demonstra uma resiliência eleitoral significativa quando testada como opção do bolsonarismo para as eleições presidenciais de 2026. Se as eleições fossem hoje, Lula derrotaria qualquer herdeiro do espólio político e eleitoral do ex-presidente Bolsonaro. Mas, entre os nomes que se apresentam como prováveis candidatos do bolsonarismo àquelas eleições, Michelle Bolsonaro, por enquanto, seria a melhor alternativa eleitoral. A resistência ao seu nome vem de alguns setores do PL, além de integrantes da própria família Bolsonaro, que desejam uma candidatura mais modesta para ela, quem sabe ao Senado pelo Distrito Federal. 

Há outros nomes sendo trabalhado, principalmente o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. Tarcísio, inclusive, está a um passo de ingressar no PL e adota uma diretriz de políticas públicas que o coloca claramente como um antípoda ao Governo Lula, como as privatizações, por exemplo. A última delas foi o colosso da SABESP, empresa saneada, lucrativa, bem gerida, que jamais deveria entrar nessa onda de privatizações, sobretudo depois das experiências desastrosas de outros países, que estão reestatizando empresas de saneamento.  

Lá pelas bandas de Goiás está se criando uma outra alternativa, mas esta se vincula muito mais ao projeto partidário do União Brasil. Ronaldo Caiado, inclusive, faz questão de se posicionar com reticências ao bolsonarismo mais radical. O plano de Bolsonaro e dos bolsonaristas mais entusiasmado é que o próprio capitão possa assumir a condição de candidato à reeleição em 2026. Estão trabalhando com esta hipótese, considerando, sobretudo, uma via parlamentar para habilitá-lo. Caso isso não se concretize, vão ter que assumir o ônus de contrariar a alternativa ditada pelo eleitorado bolsonarista, ou seja, rifar Michelle Bolsonaro. 

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Editorial: Resolve o problema mostrar as atas da votação na Venezuela?



Uma charge do grande cartunista Laerte, publicada na Folha de São Paulo do dia de hoje, 01, reproduzida aqui pelo blog, nos remete a uma questão das mais delicadas. Quando, finalmente, as atas eleitorais das eleições presidenciais da Venezuela são apresentadas, possivelmente confirmando a vitória de Nicolás Maduro, a população as ignora, mantendo os protestos de rua, que estão cada vez mais se intensificando naquele país, inclusive com o registro de mortes. A Venezuela, depois das eleições do último domingo, entrou num impasse gigantesco. Parte da população, talvez a maioria, a julgar pelas manifestações de rua, não aceitará a vitória de Nicolás Maduro e isso é ponto pacificado. País que há algum tempo enfrenta uma renitente instabilidade política, a vitória de Gonzáles representaria alguma esperança para parcela da população. Era uma válvula de escape social que foi novamente frustrada. 

Com a apresentação das atas, talvez sejam aparadas algumas arestas diplomáticas com alguns países, inclusive o Brasil, mas é só. Nada muito além disso, uma vez que, motivada por fatores sociais e econômicos, bem explorados politicamente pela oposição, a população diz um ensurdecedor não ao presidente Nicolás Maduro. Segurar essa ondas de protestos poderá produzir um custo altíssimo, como, aliás, já vem se verificando. Maduro conta com o apoio dos militares, conforme pronunciamento recente do Ministro da Defesa. São Forças Armadas formadas no escopo da ideologia política do chavismo. Por enquanto, aparentemente, uma vez que aventuras golpistas por ali são recorrentes, não se evidenciam defecções.

O contorcionismo diplomático do Governo Lula em torno do assunto, inevitavelmente, não deixaria de produzir seus efeitos políticos junto à oposição, que já protocola pedidos para ouvir nossas autoridades diplomáticas sobre o assunto. Os analistas políticos já concluíram que o presidente Lula, apesar de não admitir, endossaria a nota dos dirigentes do PT, que acataram a vitória de Nicolás Maduro nas eleições venezuelanas do último domingo. 

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Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 31 de julho de 2024

Editorial: 47% aprovam o Governo Lula.



Pesquisa realizada pelo PoderData, divulgada no dia de hoje, 31, aponta que 47% dos brasileiros aprovam o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto 43% desaprovam. Embora esses índices indiquem um empate técnico, pelo menos numericamente, o Planalto pode comemorar uma tendência de queda de popularidade que estava sendo observada nos últimos meses. Alguns analistas sugerem que não haveria motivos para grandes festejos. Tais oscilações se dariam por inúmeros fatores, alguns dos quais inconsistente ao longo do tempo. 

Há problemas na condução da política econômica, na articulação política, no meio ambiente, na segurança pública e, mais recentemente, no campo da política externa, onde o PT tem uma opinião que, pelo menos publicamente, não seria um posicionamento endossado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos referimos aqui às eleições recentes na Venezuela, eivada de dúvidas sobre a sua lisura, mas já endossadas por setores da legenda. Recentemente, o presidente Lula fez um pronunciamento em cadeia nacional sobre uma espécie de prestação de conta de um ano e meio de governo. Apresentou alguns indicadores pouco convincentes sobre o avanço civilizatório em relação ao Governo anterior. 

Neste caso, para confirmar ou não tal tendência de melhoria em seus índices de popularidade é necessário aguardamos novas pesquisas daqui para a frente. O Instituto Quaest já havia verificado que os evangélicos estariam mais tolerantes com o presidente Lula. Afinal, as Sagradas Escrituras recomendam o perdão. Aqui bastaria uma fala infeliz para o presidente ser condenado novamente a arder nas labaredas do inferno. 

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Editorial: Polícia Federal pede afastamento do governador Cláudio Castro por suspeita de corrupção.

 


No dia de ontem, 30, a Polícia Federal indiciou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, por suspeita de corrupção passiva e peculato. Hoje, 31, a mesma Polícia Federal recomendou o seu afastamento do cargo. A máquina pública do Estado do Rio de Janeiro, ao longo dos anos, entrou num estágio irreversível de corrupção, de onde sugere que não mais sairá. Trata-se de uma máquina bichada, onde o ator político só entra se fizer alguns acordos prévios, comprometendo irremediavelmente a lisura na condução dos negócios públicos. Sugere-se que talvez não haja mais solução para o problema, a julgar pelo andar da carruagem política. O Rio de Janeiro já vive um processo de mexicanização. 

A ladroagem tornou-se a regra, independentemente das ideologias políticas. É um Estado que precisa ser reconstruído, republicanizado. Não é uma tarefa simples, como se sabe. 60% do território da capital já é controlado por grupos de traficantes ou milicianos, inviabilizando o fazer política sem a intersecção, de alguma forma, com esses grupos que atuam no Estado. Recentemente fomos informados de que os neotraficantes evangélicos estariam proibindo a realização de missas da Igreja Católica em suas áreas de atuação. No dia de ontem, o Jornal Nacional exibiu as velhas cenas das malas ou mochilas cheias de dinheiro. 

Não sei se os leitores já observaram, mas as malas ou mochilas carregadas de dinheiro de propina, como já ocorreu no passado recente, não provam absolutamente nada. É impressionante. O rapaz entra num recinto com uma mochila praticamente vazia e sai com uma mochila abarrotada de grana. Em Salvador encontraram um apartamento com malas cheias de dinheiro em espécie e o proprietário do imóvel escapou ileso. Imaginem se algum dia isso ocorresse na residência de um pobre mortal, de um cidadão comum.  

Editorial: Se Lula não vê nada de mais, nós vemos de menos.



Se Lula não vê nada de mais nas eleições da Venezuela, nós vemos de menos. A História nos ensinou sobre a necessidade de tomar alguns cuidados com as ações da oposição na Venezuela, quase sempre insufladas pelos interesses geopolíticos do Tio Sam no continente.  Desta vez, no entanto, é preciso admitir que as mobilizações de rua que estão ocorrendo naquele país são reflexos de uma grande insatisfação da sociedade venezuelana contra o governo de Nicolás Maduro. É o ápice de uma crise política e econômica que se instaurou no país há algum tempo. Não existe democracia onde o outro lado não pode vencer uma eleição. É mais ou menos o que pode estar ocorrendo naquele país. 

Há menos transparência do que o necessário acerca do resultado das eleições presidenciais do último domingo. Muitas instituições públicas daquele país já estão contaminada pelo chavismo, o que somente ampliam as dúvidas sobre a lisura do pleito. Deixaram de ser instituições de Estado já faz algum tempo. Aliás, o Estado ali é o chavismo. O Governo do PT faz um contorcionismo diplomático dos diabos para se posicionar em relação às eleições naquele país. Celso Amorim, Assessor Especial da Presidência para Assuntos Internacionais, pondera que é necessário aguardar a divulgação das atas, prometidas até a sexta-feira. 

Por outro lado, dirigentes da legenda e do MST já se manifestaram em apoio a Nicolás Maduro, produzindo um frisson entre setores do partido e do Governo Lula. No dia de ontem, Lula manteve uma conversa com o presidente Norte-Americano, Joe Biden, onde trataram da situação naquele país, literalmente conflagrado. Sugere-se que o chavismo tenha chegado a um fim melancólico, a julgar pelas mobilizações de rua, que estão longe de arrefecer. Há um impasse político de consequências preocupantes para a população. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 30 de julho de 2024

Editorial: Venezuela conflagrada.

 



Infelizmente, o que está ocorrendo na Venezuela seria perfeitamente previsível. A oposição denuncia um suposto sequestro de um dos líderes da oposição ao presidente Nicolás Maduro, Freddy Superlano. Já foram registradas as mortes de quatro pessoas que participavam dos protestos contra as eleições de domingo. O Governo Lula, por razões óbvias, se mostra prudente em relação ao assunto, mas dirigentes do PT e de movimentos sociais como o MST já demonstraram acatamento do resultado de um pleito eivado de questionamentos. A oposição já empurra o Governo Lula entre aqueles que endossam a suposta vitória de Nicolás Maduro nas urnas, com aqueles ingredientes conhecidos. Dirigentes do PT já forneceram a munição que eles desejavam. 

Nicolás Maduro já recomendou aos países que não reconhecem o resultado da eleição para retirarem suas representações diplomáticas do país. Infelizmente, a Venezuela entrou numa espiral perigosa, onde, certamente, os protestos tendem a se ampliarem, assim como a repressão a tais movimentos, intensificando a atuação das forças policiais do Estado. Para completar o enredo, Nicolás Maduro já recebeu o apoio dos seus principais apoiadores, inclusive no campo militar, como é o caso da Rússia, do Irã, da China. É uma encrenca das pesadas, daí se entender as conversas entre Lula e Joe Biden. 

No caso da Venezuela, ou se é a favor ou se é contra, assumindo o ônus político daí decorrente. Ou o Brasil assume uma posição em defesa da democracia e se coloca contra o que está ocorrendo naquele país ou endossa o suposto resultado das urnas, que apontou a vitória de Nicolás Maduro. Não há meio termo. A ginástica diplomática do Governo Lula não irá produzir bons resultados, como, aliás, já está cabalmente demonstrado. 

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Editorial: Governo e oposição agendam mobilizações de rua para o mesmo dia na Venezuela.



As últimas informações dão conta de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve um diálogo recente com o presidente norte-americano, Joe Biden, onde esteve em pauta a situação da Venezuela. Alguns países já reconheceram o resultado do pleito, divulgado pelas autoridades eleitorais daquele país, mas pairam inúmeras dúvidas sobre o resultado anunciado, uma vez que se fala em sabotagem, as atas não são divulgadas e coisas assim. A oposição não tem dúvidas, mas a certeza de que venceram as eleições e estão sendo garfados. 

Os países que reconheceram a vitória de Nicolás Maduro são ditaduras republiquetas ou democracias iliberais, a exemplo da Rússia. Relações econômicas e militares estão entre os incentivos para reconhecimento da suposta vitória de Nicolás Maduro. A Venezuela entrou num círculo perigosíssimo. O país está mergulhado numa crise política e econômica sem precedentes. Para completar o enredo, tanto o governo quanto a oposição agendaram manifestações de rua para o dia de hoje, 30. Sabe-se lá o que poderá ocorrer, num clima de acirradas indisposições entre ambos os lados. 

Num país cindido, de profunda instabilidade política, qualquer que fosse o resultado das urnas, teríamos sérios problemas pela frente. O Brasil não é, necessariamente, um grande exemplo para aquele país. Por aqui até golpe de Estado foi tentado recentemente, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro perdeu as últimas eleições presidenciais. Felizmente tal círculo autoritário, pelo menos temporariamente, foi interrompido no país.  

Editorial: Pesquisa Quaest mostra empate técnico entre Nunes, Boulos e Datena.



São Paulo promete uma das disputas mais acirradas dessas próximas eleições municipais. A última pesquisa do Instituto Quaest, encomendada pelo Genial Investimentos, naquela praça mostra um empate técnico entre os candidatos Ricardo Nunes(MDB), atual gestor que concorre à reeleição, Guilherme Boulos(PSOL), que conta com o apoio do Palácio do Planalto, e  José Luiz Datena, recentemente oficializado como candidato tucano ao pleito. Apesar das indisposições internas com alguns setores do partido na capital, José Luiz Datena se constitui, hoje, na grande aposta dos tucanos para retomarem o controle sobre o seu ninho mais emplumado. 

Nesta última pesquisa o empate é quase numérico mesmo, uma vez que Nunes pontua com 20% das intenções de voto, enquanto Datena e Boulos aparecem com 19% das intenções de voto. É curioso fazer essas continhas, pois, numa pesquisa recente, surgiram hipóteses sobre como as escolhas dos vices podem favorecer ou não os titulares. Marta Suplicy, por exemplo, poderia contribuir para ampliar os votos de Guilherme Boulos em algumas zonas eleitorais da capital. Por outro lado, o coronel Mello, vice de Ricardo Nunes, contaria com resistências em algumas áreas da periferia da capital, possivelmente em razão de sua identificação com forças militares. 

Os pesquisadores do Instituto Quaest entrevistaram 1002 pessoas entre os dias 25 e 28 de julho. A pesquisa está registrada sob o número: TSE\SP 06142\2024. Eis os escores: 

Ricardo Nunes( MDB) - 20%

Guilherme Boulos(PSOL) - 19%

José Luiz Datena(PSDB) - 19%

Pablo Marçal (PRTB) - 12%

Tabata Amaral(PSB) - 12%

Kim Kataguiri(UB) - 3%

Marina Helena (Novo) - 3%

Altino(PSTU) - 1%

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 29 de julho de 2024

Editorial: As incongruências do discurso de Lula.



Não vamos aqui entrar nas nuances, mas ocorreram algumas incongruências no discurso proferido no dia de ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há controvérsias acerca do número de pessoas que passam fome no país, assim como os indicadores econômicos, passando pelas ações ambientais, que, até o momento, deixam a desejar. Pelo andar da carruagem política, além das contradições internas, o discurso ainda soou eleitoreiro, conforme sugere os tucanos, que estão entrando com uma ação contra o discurso do presidente no TSE. 

A despeito das fragilidades, os tucanos pleiteiam o lançamento de uma candidatura presidencial em 2026. As preferencias recaem sobre o ex-senador Aécio Neves(PSDB-MG). Sugere-se, neste caso, que o presidente apenas tenha lido o discurso preparado por seu assessores. Aliás, esses ghost writers já foram mais criteriosos no passado. Até quando não fala de improviso, o presidente Lula tem cometidos algumas derrapagens, neste caso, em particular, por imprecisões. É preciso muita calma nessas horas. 

O assessor do Ministério das Relações Exteriores, Celso Amorim, por exemplo, preferiu aguardar um pouco mais antes de se pronunciar ou reconhecer a vitória de Nicolás Maduro na Venezuela. Sabe-se que aquelas eleições estão eivadas de dúvidas sobre o resultado final apresentado.  Por enquanto, apenas o MST e algumas ditaduras latino-americanas já reconheceram o resultado das eleições de ontem. 

Editorial: A batalha da Princesa do Agreste.



Os pesquisadores do Instituto Simplex\CBN estiveram em Caruaru, conhecida como Princesa do Agreste, para aferir as tendências de voto dos munícipes em relação às próximas eleições municipais de outubro. Reduto político da atual governadora do Estado, Raquel Lyra(PSDB-PE), aquela cidade do Agreste tornou-se sensivelmente estratégica para os seus projetos políticos. É praticamente certo que ela se candidate à reeleição nas eleições estaduais de 2026. Neste caso, poderá bater chapa com o jovem prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), caso o seu caminho político esteja devidamente pavimentado como agora, onde ele desponta em condições de liquidar a fatura pela reeleição à Prefeitura do Recife ainda no primeiro turno. 

Caso isso ocorra, sugere-se que ele entre de sola nas eleições da cidade de Caruaru, em apoio ao seu candidato, o ex-prefeito José Queiroz(PDT). O candidato apoiado pelo Palácio do Campo das Princesas, Rodrigo Pinheiro, do PSDB, lidera a pesquisa realizada pelo Instituto Simplex\CBN, mas empatado dentro da margem de erro do Instituto, que é de 4,55 p.p. O Instituto ouviu 400 pessoas, no dia 22 de julho. No Estado, já ocorre uma espécie de eleição dentro de outra, ou seja, em 2024 estão sendo dadas as cartas do que poderá ocorrer em 2026. Tanto o Palácio do Campo das Princesas quanto o Palácio Capibaribe, neste sentido, intensificam as suas articulações pelas diversas regiões e microrregiões do estado. 

Aduba-se as bases agora para colher os resultados em 2026. A pesquisa do Instituto Simplex\CBN está registrada sob o número TSE PE-04026\2024. Eis os números: 

Rodrigo Pinheiro(PSDB-PE)  21,6%

José Queiroz(PDT-PE)  15,8%

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo.