Não vejo imagem melhor para analisar o quadro da eleição de ACM
Neto em Salvador do que a imagem do filme “O ovo da serpente”, do cineasta
sueco Ingmar Bergman. Logo que postamos, através das redes sociais, nossas primeiras
observações, a reação do público foi bastante radical, ora apoiando cabalmente o
projeto, ora falando de um possível retrocesso no quadro político baiano. A eleição de ACM
Neto e Arthur Virgílio, muito mais do que qualquer outro caso, pode ser
creditado como uma derrota do Planalto, precisamente de Lula, pelas razões já
expostas aqui no blog. Em Salvador, montou-se um amplo arco de forças políticas
em torno da candidatura de ACM com o objetivo de derrotar Nelson Pelegrino, o
candidato do PT, atingindo o governador Jaques Wagner e, por tabela, Lula. Prospecta-se para 2014 o
alinhamento do carlismo com setores do PMDB, de olho no Palácio de Ondina.
Diferentemente do que ocorreu em São Paulo, ainda é prematuro avaliar as causas
da volta do carlismo em Salvador. Atribui-se, entre outros fatores, o desgaste
proporcionado pela greve de policiais e professores ao Governo de Jaques
Wagner. Essa seria a primeira experiência executiva do neto de Antonio Carlos
Magalhães. Trincado com o Governo do Estado e com o Palácio do Planalto, é inegável que ele precisará de muita vaselina política para se relacionar com ambos. ACM Neto faz política desde muito cedo. Depois da morte de Luiz Eduardo Magalhães, certamente é ele o representante mais relevante do clã. Depois da morte de ACM, o velho, a família desintegrou-se, expondo evidentes rachaduras, motivadas, sobretudo, em razão do espólio econômico do avô. A volta do "carlismo", portanto, se entendido como um conjunto de forças que gravitavam em torno de ACM - algumas lideranças forjadas nesse período estão de volta com a eleição de ACM Neto - é até compreensível. Por outro lado, há um pouco de exagero de retórica nessa expressão, uma vez que, strictu sensu, o conjunto de forças políticas atuais não tendem a repetir o estilo do velho babalorixá da política baiana. Não chega a ser, portanto, um ovo da serpente, numa alusão ao filme de Bergman.
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