pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Descanse em paz, Amarildo. Em parte, a justiça foi feita.
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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Descanse em paz, Amarildo. Em parte, a justiça foi feita.



Até Junho de 2013, o pedreiro Amarildo de Souza era um cidadão comum, assim como os milhares de moradores da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Como de costume, foi a um barzinho ali da esquina, tomar uma cervejinha antes do almoço, para abrir o apetite, conforme os manuais de quem vive lá no morro. Numa abordagem policial, foi retirado do recinto, arbitrariamente, uma vez que não havia nenhum mandado de prisão contra ele, tampouco estivesse envolvido em algum flagrante que justificasse a sua remoção do local, para averiguações policiais. O que se seguiu a seguir foi um grande pesadelo. Para o pedreiro, para a sua família e para a sociedade brasileira, mas precisamente para aquele estratos que ainda possuem a capacidade de indignar-se diante das injustiças. Não vamos aqui nos referir aos indicadores sociais que informam como agem a nossa polícia, sobretudo a Militar, quando precisar lidar com aquela população marginalizada política, econômica e socialmente. 

Esses dados são de domínio público, denunciados até recentemente por Ongs como Human Rights Watch. Nossa Polícia Militar, por exemplo, é a polícia que mais mata em todo o mundo. Citar dados aqui seria não apenas desnecessário, mas poderiam cansar os nossos leitores. O caso Amarildo, em si, traduz todas as mazelas da corporação policial brasileira, com ingredientes que subsidiariam qualquer estudo sócio-antropológico sobre o assunto. Amarildo é pobre, favelado e negro. Na percepção desses policiais, portanto, aprioristicamente, tratado como um "marginal". Pelo visto, inclusive entre aqueles escolhidos para gerenciar uma UPP instalada na Favela da Rocinha, o que demonstra que esses policiais militares não receberam qualquer tipo de orientação especial para lidar com uma população subtraída socialmente, salvo alguma nova técnica de tortura, com o propósito de que eles confessem crimes não cometidos.  

As informações que se seguiram ao seu desaparecimento já indicavam que ele não seria encontrado com vida. Aliás, um dos episódios que precisam ser explicados, neste caso, é onde se encontra o corpo do ex-pedreiro. Aqui e ali, a Justiça faz justiça, como neste último caso e no caso do advogado Luiz Mattos, onde seus algozes também foram condenados, em julgamento no ano passado. Luiz Mattos foi assassinado por denunciar os crimes de pistolagem, cometidos por grupos de extermínio que atuavam na fronteira entre os Estados de Pernambuco e Paraíba. No caso de Amarildo, a exclusão e condenação de 13 policiais militares, com patentes de soldado a major, com penas sempre próxima ou acima dos 10 anos, é suficiente, até numericamente, para entendermos a dimensão do enredo "institucional" que culminou com o seu "sequestro", tortura, morte, ocultação de cadáver. E olha que as organizações dos direitos humanos e o Ministério Público ainda não estão satisfeitas com as penas imputadas, tampouco com o número de condenados.

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