José Luiz Gomes da Silva
É sempre muito complicado comentar a atuação dos órgãos de imprensa no Brasil, sem cair naquele conhecido maniqueísmo, o que não favorece uma avaliação mais isenta. No final, acaba-se sempre elegendo aqueles órgãos representantes da imprensa "golpista" - que, de fato, existem - e, de outro lado os blogs "sujos", aqueles que fazem a defesa do governo, acusados de receberem patrocínio para tal. Pontualmente, porém, aqui e ali, mesmo entre os ditos representantes do "PIG", é possível, sim, se ler uma matéria de fato jornalistica, para muito além da compra do barco realizada por Marisa Letícia; as 37 caixas de bebidas enviadas por Lula ao Sítio de Atibaia; ou a antena da OI instalada naquela propriedade.
Li, por exemplo, imaginem os senhores, uma excelente matéria sobre a diminuição dos índices de violência no Estado de São Paulo. Se isso foi lido em jornais como a Folha de São Paulo ou O Estadão, logo se imagina que seria uma matéria laudatória, elogiando as políticas públicas do governador tucano Geraldo Alckmin. Qual não é nossa surpresa ao constatar que, ao ouvir o pesquisador, a diminuição desses índices é atribuída, pasmem, não ao aparelho de Estado, mas ao crime organizado em siglas como o PCC. Somente lendo a matéria vocês entenderão como o pesquisador chegou a essas conclusões.
Aqui na província, duas matérias recentes, uma do programa Fantástico, da Rede Globo, e outra do jornal Folha de São Paulo, deixou o staff socialista local apreensivo. Uma delas, a do Fantástico, seria sobre as obras de infraestrutura ainda inacabadas, previstas ainda para a realização da última Copa do Mundo. Esse enredo é bastante nebuloso, envolvendo questões como inversão de prioridades; denúncias de malversação de recursos públicos; gestão temerária e incompetente. A matéria deve respingar em pombas bastante emplumadas do ninho socialista, que hoje ocupam cargos relevantes na gestão da máquina pública estadual e municipal e pretendem, pelo visto, continuarem na vida pública.
De acordo com investigações da Polícia Federal, na construção da Arena da Copa, foram desviados, através de uma quadrilha organizada envolvendo agentes públicos e privados, algo em torno de 42 milhões de reais. Por favor vão se entender com a Polícia Federal pois quem afirma isso é o órgão. Outro fato que chama a nossa atenção é o "zelo" das autoridades públicas estaduais em honrar os compromissos - hoje a conclusão é que foram danosos ao interesse público - com a construtora que ergueu aquele elefante branco. Contingencia-se recursos do programa "Chapéu de Palha" e até UPAS deixam de ser concluídas, mas não faltam recursos para este fim.
O preço a ser pago por tudo isso são os enormes problemas provocados pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, como a Dengue, a Zica, a Chikungunya. Pernambuco lidera as estatística nacionais de casos de microcefalia, até segunda ordem, creditadas às complicações da Zica. A matéria do jornal Folha de São Paulo diz respeito às UPAS mantidas pela Prefeitura da Cidade do Recife, abarrotadas de pessoas esperando atendimento médico. Segundo a reportagem, passa das 10 horas, em média, para um paciente ser atendido numa dessas unidades.
Hoje fica patente que perdemos anos no enfrentamento de problemas estruturais, como saneamento básico, por exemplo. Estimativas mais otimistas das autoridades sanitárias do pais calculam que estamos defasados em 50 anos neste quesito, ou seja, se passássemos a trabalhar, de fato, pelo bem-estar da população, somente em 05 décadas teríamos as condições ideais mínimas de enfrentar surtos como este. Todos os entes federados, como já afirmei outro dia, têm culpa no cartório. Se olharmos no retrovisor de nossa história política, muitos governantes serão mostrados: governos militares, PSDB, PT.
Em última análise, num horizonte próximo, nada nos assegura que chegaremos em outubro próximo em condições melhores do que a atual. Em situações como esta, quem está no comando da máquina paga um preço maior nas urnas. Com um provável agravamento desses problemas - num período de vacas magras, com enormes dificuldades de financiamento da máquina - sabe-se lá como o eleitor chikungunya reagirá nas urnas.
Pelos jornais locais, sobretudo nos últimos dias, venho observando que a oposição vem marcando posições mais contundentes contra os governos socialistas, seja na Prefeitura do Recife, seja no Governo do Estado. Vem, pelo menos, demarcando posições num ano eleitoral, o que seria natural. Mas, ainda assim, observo que se trata de iniciativas pontuais, sobretudo entre os prováveis postulantes à cadeira de Geraldo Júlio no Palácio Antonio Farias, como é o caso de Priscila Krause(DEM), Sílvio Costa Filho(PTB), Edilson Silva (PSOL). Numa raia própria, posto que, a rigor, ainda não sonha com aquela cadeira, o vereador André Régis, entre os tucanos.
A Deputada Priscila Krause gosta muito de números e, sempre que pode, mostra a fragilidade das contas públicas do Governo do Estado. Até recentemente, o Deputado Sílvio Costa Filho mostrou a precária condição em que se encontra alguns UPAS mantidas pela Prefeitura da Cidade do Recife. Quem anda com o capital político um pouco "chamuscado" é o dirigente do PSOL, Deputado Estadual Edilson Silva. Ainda é cedo para apontar as razões para isto, mas nos aparece que alguns equívocos do mandato, aliado a uma exposição demasiada, pode estar contribuindo para o fato.
No geral, salvo as exceções, a oposição é fraca. A Casa de José Mariano, por exemplo, deixou de aprovar uma moção de desagravo ao professor Michel Zaidan, quando este foi vítima de um processo movido pelo governado Paulo Câmara(PSB), num típico delito de opinião.
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