Quando nos dirigíamos ao trabalho, na manhã de hoje, observei alguns cartazes espalhados pelas ruas, convocando a população para novas manifestações contra o Governo da Presidente Dilma Rousseff, marcadas para o próximo dia 13 de março. As últimas manifestações ocorridas ficaram aquém do esperado pelos organizadores, reunindo alguns gatos pingados por todo o Brasil. Quase fomos trucidados pelos coxinhas, ao publicamos um artigo num site local, tratando deste assunto. De fato, os ânimos estão bastante acirrados entre petistas e coxinhas, ou entre aqueles que desejam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e os que são contra.
Há um termo muito interessante, utilizado sobretudo pelos economistas, para identificar aquela situação onde os indicadores da economia atingem níveis dos mais preocupantes, numa combinação nefasta de fatores: recessão, alta inflacionária, desemprego galopante, taxas de juros nas alturas, déficit nas contas públicas etc. Salvo algum engano, o termo é tempestade total. Se levarmos isso para uma esfera social mais ampla, talvez possamos falar numa situação de anomia social. Uma baita crise, respingando em todo o tecido social.
Isso vem a propósito das recentes declarações do marqueteiro do Planalto, João Santana, que coordenou as três últimas campanhas presidenciais do PT, que elegeu Lula, num primeiro momento, e, depois, Dilma Rousseff, cujo segundo mandato, a rigor, ainda não começou. Nessa fase da Operação Lava Jato, num conjunto de ações denominada de Operação Acarajé, o publicitário e a sua esposa estão sendo acusados de receber recursos ilícitos, fruto das falcatruas cometidas em transações de empreiteiras com a estatal Petrobras, como forma de remuneração pelo seu trabalho. O fato, se vier a ser confirmado, tem um peso enorme, pois pode significar a utilização de recursos irregulares na campanha presidencial que elegeu a chapa Dilma/Temer.
Fala-se em depósitos no montante de 7 milhões, transferidos para contas secretas no exterior, através de uma empreiteira. Sempre elas. Não costumamos fazer prejulgamentos e sempre oferecemos ao outro o princípio da presunção de inocência. Vamos aguardar as conclusões das investigações para formamos melhor juízo sobre os fatos. Curiosa essa sopinhas de siglas, onde a Polícia Federal já conclui que IL se refere ao Instituto Lula, MO ao Marcelo Odebrecht, "Feira" ao suposto apelido de João Santana, que nasceu numa cidade próxima à Feria de Santana, na Bahia, e "Vaca" a Vaccari, o tesoureiro da legenda, que já se encontra encarcerado. Isso é de uma fragilidade que salta aos olhos.
João Santana, que participava de uma campanha presidencial na República Dominicana, já pediu desligamento, retornou ao Brasil e entregou-se às autoridades, juntamente com a esposa, também publicitária. Em sua carta de despedida da campanha de reeleição do candidato Danilo Medina, o publicitário faz alusão a um fato que nos chamou a atenção: o clima de perseguição instaurado no país. Se, ao final, ficará provada, as irregularidades apontadas pela Polícia Federal, ainda é cedo para concluir. Segundo "Feira", todos os recursos em suas contas no exterior são provenientes de campanhas realizadas em outros países, nada tendo a ver com as campanhas do PT. Vamos aguardar os fatos.
Num aspecto, já se sabe que o João Santana foi assertivo: quando se referiu ao clima de perseguição que se vive no Brasil. Ontem, o blogueiro Renato Rovai voltou a bater na tecla de que Lula já foi condenado aprioristicamente. Faltam "apenas" os detalhes dessa condenação. Há uma espécie de indignação seletiva, conduzida por setores do judiciário, da mídia, com o concurso de uma Polícia que parece não ser orientada, necessariamente, por uma postura republicana. Nesta mesma semana, surgiram fatos desabonadores envolvendo o ex-presidente FHC e a emissora do Plim Plim. Um silêncio sepulcral, apenas quebrado pela luta incansável da imprensa alternativa e dos "blogs" sujos.
P.S.:De acordo com informações mais recentes, João Santana deverá admitir para a Polícia Federal a existência de caixa dois, em suas campanhas no exterior, patrocinadas pela Odebrecht. A construtora, inclusive, tem negócios em países onde o publicitário atuou. Fica patente a promiscuidade da relação dessas empreiteiras com o aparelho de Estado. É encrenca das grossas. Se existe caixa dois por aquelas bandas...
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