"Constitui-se numa tarefa complexa a análise dos dados de uma pesquisa. Eles, não raro, apresentam contradições internas que podem induzir a equívocos, assim como nos informar acerca da inconsistência daqueles números brutos. Essas preocupações também se aplicam a essa ultima pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha - publicado hoje, dia 1º, com grande estardalhaço - que apresenta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva liderando em qualquer cenário, tornando-se um candidato imbatível num eventual segundo turno. Os dados, no entanto, não se constituem em motivos reais para o regozijo dos petistas, que comemoram esse números nas redes sociais como se fosse a vitória do seu time de coração, num clássico decisivo, em final de campeonato, com a emoção dos pênaltis, de preferência com o Muralha como o arqueiro do time adversário. A primeira frustração é que a possibilidade de Lula ser candidato é quase zero. A segunda é que a mesma pesquisa mostra que sua capacidade de transferência de votos não é das melhores. A terceira frustração é que ele é seguido de perto, sentindo o cheiro do cangote, por um candidato de coturno, ex-militar, com o apoio de setores conservadores da sociedade brasileira, inclusive 46% dos jovens que apoiariam uma nova intervenção militar no país. Como informou recentemente um semanário internacional, é aqui que mora o perigo, ou seja, a possibilidade concreta de não termos na disputa presidencial de 2018 um candidato identificado com os anseios populares - representante dos setores mais progressista da sociedade - e, por outro lado, o crescimento do "mito", que pode ampliar sua margem de apoio no estamento militar, tornando-se o testa de ferro da ampliação do projeto golpista iniciado com a deposição da presidente Dilma Rousseff(PT), um candidato construído na esteira de uma plataforma político de cunho nitidamente fascista."
(José Luiz Gomes, cientista político, em editorial publicado aqui no blog)
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