pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O fim de uma segunda opinião
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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Editorial: O fim de uma segunda opinião

 
1984Até recentemente, li uma longa entrevista do editor Mino Carta, publicada num informativo editado pelo Sindicato dos Servidores Federais de Pernambuco. Durante a entrevista, o editor da revista Carta Capital relata as dificuldades de manter aquela publicação em circulação, um problema que não se restringe à sua revista, mais alcança todos os outros órgãos da chamada imprensa alternativa, aquela através da qual se pode ler uma segunda opinião sobre os fatos. A revista segue uma linha editorial mais à esquerda do espectro político. Quando Lula chegou à Presidência da República, conta Mino Carta, o teria convidado ao Planalto e perguntado a ele qual o cargo que ele gostaria de ocupar. Mino Carta informou que não desejava cargo algum, apenas sugeria que os veículos de comunicação do país tivessem um tratamento isonômico no tocante às verbas de publicidade institucional, o que acabou nunca ocorrendo.
 
Já era esperado que um dos momentos específicos da estratégia golpista iniciada em 2016, com a deposição da presidente Dilma Rousseff, seria atingir de morte os veículos da chamada mídia alternativa, aqui inclusivo os chamados blogs "sujos", ou seja, blogueiros independentes, que emitiam as suas opiniões não necessariamente consoante os humores dos governantes de turno. Não deu outra. Vários deles já saíram de circulação, conforme assinalou o editor do jornal Le Monde Diplomatique, Sílvio Caccia Bava. O que todos esperavam é que, no poder, o PT democratizasse o setor, contingenciado que as verbas oficiais de publicidade institucional fossem melhor distribuídas pelos diferentes meios, inclusive com percentual específico destinado à blogosfera. Como isso não ocorreu, a situação tornou-se insustentável para alguns desses veículos. Sem apoios oficiais e sem verbas da iniciativa privada, que não tem o menor interesse em associarem suas marcas à contra-hegemonia.
 
Na Argentina, relata Mino Carta, existe uma espécie de financiamento sindical a esses órgãos. Aqui no Brasil, além da estrutura sindical também enfrentar um forte "assédio", há o problema da desunião da esquerda naquilo que é "essencial".Quando perceberam a gravidade do problema, esses órgãos passaram a buscar nos leitores uma possibilidade de continuarem atuando em defesa da democracia, da liberdade de expressão, do Estado Democrático de Direito. Pelo andar da carruagem política, a estratégia também não surtiu efeito. São muitos os que já fecharam as suas portas e outros que se encontram nesta iminência. Assim como Sílvio Caccia Bava, fazemos um apelo aos leitores para continuarem prestigiando esses canais alternativos de informações, notadamente nesses tempos bicudos de obscurantismo. Neste ritmo, logo, logo assim como descrevia George Oswell, no célebre 1984, durante os horários nobres da emissora do plim plim, teremos aqueles dois minutos para "malhar" o "Judas". Na verdade, diria Lula, já faz algum tempo que temos muito mais do que os dois minutos de malhação daqueles que, por algum motivo, incomodam o establishman.

P.S.: Contexto Político: Acabei de ler no microblog Twitter que as postagens dos blogs Tijolaço, DCM e O Cafezinho estão sendo lidas como spam pelo Facebook. Mais um motivo para preocupações.  

   

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