pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Democratas voltam a sonhar com os Coelhos
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sábado, 7 de outubro de 2017

O xadrez político das eleições estaduais de 2018, em Pernambuco: Democratas voltam a sonhar com os Coelhos

Resultado de imagem para Mendonça Filho/Fernando Filho
 
José Luiz Gomes da Silva
 
Cientista Político
 
 
 
Religiosamente, acompanho o programa Canal Livre, da Rede Bandeirante, transmitido da madrugado do domingo para a segunda-feira. Como o programa é gravado ao meio-dia, eles bem que poderiam retransmiti-lo naqueles horários mais convenientes do que nobre, ali pelas 22:00 horas. Infelizmente, parece que a prioridade daquela empresa não é o jornalismo político. Um dos últimos programas entrevistou o Deputado Federal Rodrigo Maia(DEM), Presidente da Câmara dos Deputados. Uma das primeiras impressões é que se trata de um político muito hábil, donde talvez se entenda um pouco as especulações de que poderia tornar-se um fantoche no plano dos militares, na eventualidade de um recrudescimento do golpe institucional de 2016. Fantoche, neste caso, seria um "civil confiável". Matreiramente, os entrevistadores tentaram de tudo para atirá-lo contra o presidente Michel Temer(PMDB), sabedores das indisposições entre ambos. Não conseguiram.

Lá para as tantas, no entanto, ele fez um comentário longo, onde remontou as tessituras em torno da montagem do projeto presidencial do ex-governador pernambucano, Eduardo Campos(PSB). Por aqueles idos, Eduardo Campos costurou alianças à direita do espectro político, filiando ao PSB vários integrantes dos Democratas. Com a sua morte, talvez a tendência mais coerente aos socialistas seria voltar às suas origens, como, de fato, hoje é forte a tendência neste sentido, se considerarmos o realinhamento com os comunistas, pós-comunistas, trabalhistas e, até quem sabe, os petistas. Como o projeto de uma guinada mais ao centro estava relacionado ao ex-governador, com a sua morte, morreria, naturalmente, essa tendência do partido. O apoio ao governo do presidente Michel Temer serviu para definir esse jogo, isolando os "autênticos" e as velhas raposas Democratas, de sotaque conservador deste sempre, que esboçaram uma profunda revolta com as sanções aplicadas pela direção da legenda socialista. 

Na percepção de Rodrigo Maia, em se precisando fazer este caminho de volta, que esses descontentes voltassem a perfilar ao lado dos ex-companheiros, desta vez ajudando a alicerçar planos mais ambiciosos da legenda. As articulações estavam bastante azeitadas. No raciocínio de Rodrigo Maia, qual o problema de um aliado fiel do governo desejar seu crescimento? Nenhum, responde ele. Eis que, numa manobra inusitada e inesperada, a cúpula política do Governo Michel Temer age, no sentido de atrair o senador Fernando Bezerra Coelho para o PMDB pernambucano, criando um impasse com a direção regional da legenda, sob o controle do Deputado Federal Raul Henry, fiel escudeiro de Jarbas e vice-governador do Estado. O impasse, como se sabe, além dos problemas políticos, gerou uma disputa jurídica, decididas mais recentemente em duas liminares em favor do grupo político de Jarbas Vasconcelos.

Diante do exposto, numa linguagem comum aos advogados, qual seria o caminho do senador Fernando Bezerra Coelho? Suas movimentações indicavam que ele poderia ter alguma carta na manga, quem sabe avalizada pelo Executiva Nacional da legenda. Mas, diante da presença do Ministro da Educação, Mendonça Filho, aqui na província - inclusive em missões oficiais no reduto político da família Coelho - começou a ser aventada outra possibilidade, ou seja, o jogo ser zerado e os Coelhos migrarem, na realidade, para os Democratas. Evitando as polêmicas acerca do assunto, Mendonça Filho chegou a insinuar que o partido poderia receber em suas fileiras algo em torno de 09 socialistas, quem sabe com o concurso da família Coelho. Não seria improvável essa hipótese, diante da absoluta impossibilidade de convivência civilizada entre os Coelhos e os seguidores do ex-governador Jarbas Vasconcelos.  

Mas, como o projeto maior da frente de oposição seria o de conquistar o Governo do Estado nas próximas eleições estaduais, quanto maior o dano provocado aos ocupantes do Palácio do Campo das Princesas, tanto melhor para a frente. Uma situação ideal seria contar com os Coelhos como aliados, de preferência tirando o PMDB do palanque situacionista. É neste sentido que se especula que os Coelhos ainda não teriam jogado a toalha no tocante ao imbróglio que se formou em torno do controle do clã sobre o PMDB local. Com as barbas de molho já há algum tempo, o governador Paulo Câmara teria uma agenda com o propósito de acertar alguns pontos com o comando do PP local, na pessoa do Deputado Federal Eduardo da Fonte, que deseja uma participação maior no Governo para consolidar a aliança em torno do projeto de reeleição do governador Paulo Câmara(PSB). É bom que se diga que este partido construiu uma capilaridade política importante aqui no Estado - seguindo numa raia própria e autônoma - que não se curvou nem ao processo de eduardolização da política pernambucana. Vão com algumas cartas para a negociação.

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