pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Drops político para reflexão: Uma sociedade de imaginário escravocrata.
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domingo, 29 de outubro de 2017

Drops político para reflexão: Uma sociedade de imaginário escravocrata.

 
"O novo livro do sociólogo Jessé de Souza é daqueles que se ler de um fôlego só. A Elite do Atraso, na realidade, é um ponto de inflexão nos trabalhos que tentam "explica o Brasil" ou, para ser mais modesto, entender o problema crônico das profundas desigualdades sociais entre nós, assim como a sua banalização, traduzida no não reconhecimento deste outro "desigual", o pobre.  É um livro que traz para o centro do debate o legado das políticas inclusivas da era petista, responsável direta pela sua defenestração do poder e posterior criminalização de suas principais lideranças, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT ousou. E ousou onde não deveria ousar, ou seja, mexer nos vis interesses dos senhores da Casa Grande. Falando-se assim, parece que estamos tratando de lugares comuns, clichês prontos, tentando justificar o injustificável, mas não é. A tese de que o PT foi apeado do poder em razão da corrupção - à qual o partido acabou sucumbindo, é um fato - é a mais estapafúrdia possível, uma vez que, logo em seguida, sob o beneplácito dessa elite, foi guindada ao poder uma verdadeira quadrilha. Somente os "coxinhas", formado por essa classe média guardiã dos interesses dessa elite, acreditaram nessa balela.
O problema endêmico das desigualdades no país, de acordo com o autor, não está relacionado à nossa corrupção crônica, possivelmente uma herança de matriz portuguesa, como sugere autores como o historiador Sérgio Buarque de Holanda. De acordo com Jessé, seria necessário buscar outras raízes para explicar nossa "vocação" histórica para manter um apartheid social que nunca foi rompido. Acredita o autor que a tese do "patrimonialismo", na realidade, além de "furada", assenta-se numa construção discursiva que reforça, no fundo, a manutenção dos privilégios de uma elite e a "banalização" da desigualdade, que traz, em essência, uma espécie de "despersonalização" do outro, aquele pobre, negro, excluído. Embora tenha presidido o IPEA durante os anos de 2015 e 2016, não se entenda nessa empreitada acadêmica de Jessé uma tentativa de defesa do legado petista. Trata-se de um estudo de quem, de fato, está preocupado em entender porque no, Brasil, os recursos são tão concentrados."
 
(José Luiz Gomes, cientista político, em editorial publicado aqui no blog)

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