sábado, 8 de março de 2025
sexta-feira, 7 de março de 2025
Editorial: Diálogos nada indiscretos sobre 2026.
Hoje, dia 07, saiu mais um pesquisa sobre a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desta vez realizada pelo Instituto AtlasIntel. Mais tarde estaremos comentando sobre o que o instituto apurou sobre a avaliação do Governo Lula3. Antecipo, no entanto, que os números continuam desfavoráveis e as estratégias para reverter a maré baixa, equivocadas. Sugere-se que o Governo não sabe o que fazer neste momento. Uma parte do Governo considera que gastar mais é a solução, quando talvez tenha sido exatamente este o motivo dessa degringola de avaliação negativa. Fazem ouvidos de moucos em relação aos conselhos e os apelos do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Horizonte alvissareiro para a oposição em relação às eleições presidenciais de 2026 neste momento, seria natural que o pessoal do Centrão, pragmático como eles são, já estivessem prospectando o ambiente de poder que se aproxima, já antecipando seus nacos e vantagens em relação ao próximo inquilino do Palácio do Planalto. O Centrão nunca comete erros nessa engenharia política. Nunca é pego desprevenido. Quando o indivíduo deixa de satisfazer aos seus interesses nada republicanos, cair em desgraça, eles não relutam em abandoná-lo.
Durante essa período carnavalesco, o Presidente Nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, teria mantido uma conversa com o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem já foi Ministro da Casa Civil. Questionado pela imprensa sobre o assunto, ele não negou que um eventual desembarque do Governo Lula3 também esteve nos diálogos mantidos, embora a pauta principal seja as eleições de 2026, onde a agenda da anistia aos implicados no 08 de janeiro será uma bandeira da oposição. Dia 16 os bolsonaristas voltam às ruas, tendo como pauta principal esta questão.
Editorial: A defesa dos implicados na tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro.
Crédito da Foto: Cristóbal Herrera\EFE. |
Estávamos lendo uma longa matéria do jornal Estado de São Paulo, onde os repórteres fizeram um trabalho primoroso sobre a linha de defesa dos implicados na tentativa de golpe de 08 de janeiro de 2023. Não temos espaço suficiente por aqui para esmiuçar os argumentos apresentados pelos advogados de defesa dos indiciados, mas, por outro lado, é possível perceber que a linha de defesa dos advogados mantém alguns pontos em comum, como a tentativa velada de advogar contra a permanência do Ministro Alexandre de Moraes na condução desse inquérito. Alguns deles pedem, inclusive, para serem julgados na primeira instância, uma vez que não possuem foro privilegiado.
Um outro ponto é que a maioria dos implicados alegam não terem tido acesso suficiente aos autos. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro argumenta, entre outros coisas, um depoimento do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, onde o tenente-coronel Mauro Cid, em conversa amigável com um suposto amigo, revela um suposto direcionamento de seu depoimento na Polícia Federal. Isso já foi esclarecido, o militar voltou atrás em sua declaração, mantendo o acordo de delação premiada. Outro dia líamos uma matéria sobre o recolhimento pessoal do ex-ajudante de ordens da Presidência da República. Conversa muito pouco, não confia mais em ninguém. Não é para menos. Curioso que ficamos sabendo que ele teria sido aconselhado à época a não aceitar a incumbência de tornar-se ajudante de ordens da Presidência da República.
Um dos melhores lances da defesa desses implicados pode ter sido a agenda que o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro obteve junto ao Presidente do Supremo Tribunal Federal, o Ministro Luís Roberto Barroso, onde pleiteou que o seu constituído fosse julgado no Plenário da Suprema Corte e não na primeira turma. Diante de uma quadra tão adversa em relação aos implicados, impõe-se a habilidade necessária para os avanços possíveis.
Editorial: Macron jé entendeu a nova geopolítica mundial.
A Rússia já controla 20% do território ucraniano. Os eventuais acordos de paz celebrados com o objetivo de cessar a guerra entre a Ucrânia e a Rússia não mudam esta situação. Os Estados Unidos não irão ajudar os ucranianos, conforme ficou claro depois da reunião no salão oval da Casa Branca. O presidente francês, Emmanuel Macron, percebeu que a situação era grave e sinalizou para a ampliação do seu arsenal nuclear, assim como enviar soldados para a Ucrânia, o que incomodou profundamente o presidente Putin, que fez chacota das afirmações do líder francês, ao fazer referência ao imperador Napoleão Bonaparte, derrotado em 1812, pelo general inverno, que também derrotaria as tropas de Hitler na Segunda Guerra Mundial.
Depois dos aperreios de Zelensky na Casa Branca, vários líderes europeus já manifestaram suas preocupações em relação ao posicionamento norte-americano em relação ao conflito Rússia-Ucrânia, um posicionamento que pode ser aplicado a todo o continente Europeu. E, por falar em confrontos, ontem o líder chinês, Xi Jinping, se pronunciou a respeito da batalha das taxas, informando que a China está preparara para enfrentar os Estados Unidos em qualquer modalidade de guerra. Nesta nova divisão da geopolítica mundial, segundo o jornal The Wall Street Journal, a China ficaria com o Pacífico como área de sua influência.
O Brasil tem sido moderado em relação à política de taxação dos produtos importados pelos Estados Unidos. Primeiro porque é prudente fazê-lo. Depois, os problemas internos estão dominando a agenda, a exemplo da alta dos produtos básicos nas prateleiras dos supermercados. Ontem dia 07, foi anunciado um pacote de medidas que visam baixar o preço de alguns produtos, que estão puxando a inflação para cima. Na outra ponta, como mais uma medida populista, o Governo pretende liberar créditos, o que seria desaconselhável neste momento, de acordo com os economistas, uma vez que a facilidade de aquisição da população a determinados itens poderia contribuir para inflacioná-los. Como se vê, já temos dores de cabeça demais por aqui.
quinta-feira, 6 de março de 2025
Editorial: Pacote anti-carestia é para ontem.
O presidente Lula fez duas reuniões com os seus ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Já íamos esquecendo. O novo homem forte da comunicação institucional, Sidônio Palmeira, também se fez presente, possivelmente ajustando o figurino para mais um pronunciamento de Lula em cadeia nacional. Os ministros já teriam conversados antes com os representantes dos setores produtivos e do varejo, com o propósito de ajustarem medidas e adotarem diretrizes que possam contribuir para a redução do preço de alguns produtos nas gôndolas dos supermercados.
Sempre que o processo inflacionário começa a assustar aparece um vilão. Desta vez temos dois fortes concorrentes. O café e o ovo são concorrentes fortes ao posto de vilão da inflação. A bandeja com trinta ovos já pode ser encontrada nos supermercados por R$30,00 reais, implicando concluir que um ovinho de galinha já está sendo comercializado a R$ 1,00. Lula deveria ter ajustado a Casa ali no início do Governo, tomando medidas para manter as contas públicas em ordem, evitando essa degringola. Agora é um pouco tarde e o ônus a ser pago será alto. Isoladamente, talvez não existe um fator que cause maior insatisfação em relação aos governantes do que um orçamento apertado, a carestia, a dificuldade de adquirir aqueles bens de primeira necessidade. O ovo talvez seja a única fonte de acesso a proteína animal de alguns estratos sociais.
A classe média já se queixa bastante do preço dos ovos. Imaginem como o aumento desse item está se refletindo junto a consumidores com poder aquisito menor. Ainda estamos aguardando a tão propalada colheita prometida pelo Governo Lula3. Pelo andar da carruagem política, talvez ala continue uma promessa, quem sabe de campanha. A campanha de 2026, uma vez que a picanha prometida em 2022 ainda não chegou aos pratos dos brasileiros, que hoje já ficariam satisfeitos que os ovos baixassem para patamares menores.
Editorial: Estados Unidos já controla o Canal do Panamá.
Incomodava ao presidente norte-americano, Donald Trump, a participação de empresas chinesas operando no Canal do Panamá. Os chineses tinham uma operação majoritária na operação de portos por uma das rotas de comércio mais importantes da humanidade. Trump chegou até a fazer alguns pronunciamentos sobre o assunto, o que mereceu resposta dura do presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que não gostou da afirmação do americano no sentido de "recuperar" o canal. Nos arranjos da geopolítica mundial, no entanto, as américas pertencem à área de influência dos Estados Unidos. Curiosamente, a China está diminuindo sensivelmente a sua influência sobre operações nos portos do Canal, se desfazendo das ações da BlackRock\Global Infrastructure Portners, empresa de Hong Kong. Com isso a CK Hutchison é quem passa a ter o controle majoritário nas operações do porto, o que significa dizer, simbolicamente, que os americanos já voltaram a manter o controle sobre o Canal do Panamá.
Depois das bravatas no salão oval da Casa Branca, onde manteve um diálogo ríspido com o presidente norte-americano, o presidente da Ucrânia Volodymir Zelensky, hoje se monstra mais convencido de que não há muito o que se possa fazer, a não ser aceitar as condições impostas para uma solução de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Deve prevalecer a solução americana. Até a CIA deixou de oferecer colaboração de inteligência aos americanos. E, assim, a humanidade vai se "acomodando" a nova ordem mundial, liderados pelos países das ogivas nucleares.
Donald Trump dobra a aposta em relação à política de aplicação de taxações aos produtos importados de diversos países, inclusive o Brasil. Já afirmou que, se houver retaliação da outra parte ele aumentaria as taxas aplicadas anteriormente, produzindo um grande impasse. No final, o que deve ocorrer é que países como a China, o México, Canadá e Brasil vão acabar aceitando as condições impostas pelos americanos. A conta chegou, como diria o brilhante cartunista Laerte.
quarta-feira, 5 de março de 2025
Editorial: Agora é oficial. Raquel Lyra vai se filiar ao PSD.
Desta vez acabou a novela em torno da saída da governadora Raquel Lyra do ninho tucano. Especulava-se que o seu passe estava sendo desejado pelo MDB, que receberia a governadora de braços abertos, independentemente das querelas paroquianas, onde o diretório estadual da legenda já estaria de mala e cuia no Palácio Capibaribe, ao lado de João Campos, prefeito do Recife, seu principal oponente nas eleições de 2026. Os tucanos ainda estão indecisos sobre que rumo tomar, o que não se constitui em nenhuma novidade. Imaginávamos que a governadora seguisse o voo dos caciques da legenda, mas o tucano de bico fino, Aécio Neves, apesar de gostar da governadora, afirmou que ela se sentisse livre para seguir o seu voo rumo a outro porto seguro.
O PSD, comandado nacionalmente por Gilberto Kassab, tornou-se um partido estratégico, de grande capilaridade. Será um dos grêmios partidários fiéis da balança para as eleições presidenciais de 2026 e, por hora, não pretende embarcar no projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas Kassab é Kassab e, no momento oportuno, ele saberá seguir o candidato com melhores condições de assumir a cadeira do Palácio do Planalto. Ratinho Junior, filiado à legenda, ainda aparece muito discretamente nas pesquisas de intenção de voto. O PSD integra a base de apoio ao Governo Lula, mas, por outro lado, mantém uma aproximação que lhes permite se afastar no momento certo, dependendo da conjuntura politica.
É como recomenda a máxima: Nunca tão próximo que não se possa se afastar, nunca tão distante que não se possa se aproximar. No caso de Raquel Lyra em relação ao Governo Lula, um distanciamento agora já seria mal interpretado, uma vez que o diálogo já ultrapassou a linha institucional. Nas palavras de Rui Costa, Ministro da Casa Civil, ela é uma aliada do Governo. Outro dado de conjuntura política que deve ser observado é que, em tese, não há uma movimentação de preparação de Lula em termos de um nome para a disputa de 2026. Deverá ser ele mesmo, que vem perdendo apoios até em estados da região, caso de Pernambuco e da Bahia. Se não estancar a sangria, como ele chegará em 2026?
Editorial: A guerra tarifária dos Estados Unidos.
Os chargistas sempre traduzem bem o comportamento dos atores políticos. Não poderia ser diferente com o talentoso Quinho Ravelli, que hoje atua no jornal Estado de Minas. A charge de hoje do artista é sobre a guerra tarifária iniciada no Governo Donald Trump, estabelecendo taxações sobre os produtos importados que entram naquele país. O arrocho no momento é em relação ao México, o Canadá, a China, mas, em pronunciamento recente no Congresso americano, o presidente já sinaliza que o Brasil também sofrerá retaliações.
Em sua charge, republicada aqui pelo blog, o cartunista Quinho observa que estamos tratando aqui do primeiro arsenal utilizado pelo presidente americano. Os países atingidos estão reagindo, seja pela via diplomática, como é o caso do México, que atendeu às queixas do presidente americano - reforçando a vigilância na fronteira, diminuindo o fluxo de drogas e imigrantes ilegais - ou através da mesma moeda, como é o caso da China e do Canadá, que prometem retaliar os produtos americanos importados. Um dos grandes problemas que a humanidade enfrenta hoje é a ausência de arbitragem. Há um processo de desmonte ou fragilização sistemática dos organismos mundiais que sempre eram acionados nessas ocasiões, impondo regras e exigindo seu cumprimentos pelos países membros. A diplomacia vem perdendo espaço neste momento.
Nós estamos retroagindo no processo civilizatório. A ascendência dos grupos de extrema-direita pelo mundo afora pode ser um reflexo deste momento de obscurantismo da humanidade. Ainda ontem comentávamos sobre uma matéria do The Wall Street Journal, onde é tratado uma divisão do globo terrestre, que ficaria sob a esfera de influência direta de três nações, todas repletas de ogivas nucleares: Estados Unidos, com as Américas; A China com o Pacífico; e a Rússia com a Europa. Não apenas Zelensky, mas outros líderes europeus já manifestaram suas preocupações com o projeto expansionista da Rússia.
Editorial: Boulos ministro?
Lula tem tomado algumas decisões que estão deixando o mundo político atônito. Resolveu fazer de Edinho Silva o novo presidente do PT, mesmo contrariando ala cada vez mais barulhenta da legenda, que prefere um nome do Nordeste. Noutros tempos, isso se resolvia com um pouco de vaselina política, mas, a julgar pelas ponderações do ex-timoneiro José Dirceu, que conhece o partido como ninguém, se os ânimos não forem apaziguados, os danos produzidos poderão ser preocupantes. Contrariando toda a lógica da manha política, optou por indicar o nome da deputada federal Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, um cargo que exige um traquejo politico que, definitivamente, a deputada não tem.
Análises mais recentes sugerem que Lula teria abandonando o varejo politico e estaria, na realidade, preocupado com as articulações em torno das macros alianças relativas ao seu projeto de 2026. Será? Curioso que a própria Gleisi teria endossado a tese da indicação de um nome do Centrão para o varejo político junto à Câmara dos Deputados, assumindo a condição de líder do Governo Lula3. Em mais um lance curioso, o nome do deputado federal por São Paulo, Guilherme Boulos, voltou à bolsa de aposta na condição de eventual indicação para um ministério em Brasília. Derrotado em São Paulo, Guilherme Boulos integra o PSOL, partido que só acompanha o Governo em votação no Congresso quando as conveniências ideológicas ou programáticas da legenda se coadunam com as pautas em votação. Não é incomum o partido votar contra o Governo.
Guilherme Boulos é literalmente um coelho que está sendo retirado da cartola. Com que propósito? Projetá-lo para a disputa de 2026? Mesmo depois da experiência paulista, que mostrou que uma chapa puro-sangue não trouxe os resultados esperados?
terça-feira, 4 de março de 2025
Editorial: Humberto Costa pode assumir a Presidência do PT.
Mesmo durante o período momesco, as movimentações políticas na capital federal continuam a todo vapor. Duas informações chegaram à imprensa, que, de alguma forma, foge ao algoritmo da política. O Centrão não ficou nenhum pouco satisfeito com a indicação da deputada federal Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. O mais surpreendente é que, dizem que com o sinal verde da nova Ministra das Relações Institucionais, cogita-se a indicação de um nome do Centrão para fazer o meio de campo da liderança do Governo na Câmara Federal. Por outro lado, o partido enfrenta dificuldades em relação a definir um nome para a Presidência Nacional da legenda, algo que, segundo o experiente José Dirceu, poderia cindir o partido, produzindo alguns danos preocupantes.
Não imaginávamos que o problema atingisse tais proporções, mas, segundo o timoneiro de outrora, o caso é grave. Uma ala da legenda prefere um nome do Nordeste, enquanto Lula, até então, nutria simpatias pelo nome de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara. Um grupo da legenda, colocou na cabeça que teria que ser um nome do Nordeste. Já explicamos que um nome paulista poderia ser até estrategicamente bem-vindo, uma razão dos percalços que o partido enfrenta no maior colégio eleitoral do pais. O grupo que defende um nome do Nordeste não acompanha o raciocínio deste editor. Talvez em razão dessas querelas internas, o partido optou pelo consenso em torno do nome do senador pernambucano, Humberto Costa. Pelo menos são esses os rumores de carnaval na capital federal. Humberto é nordestino e muito próximo a Lula.
Depois de refletir bastante sobre a indicação de Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais, passamos a alimentar uma hipótese em torno da escolha de Lula. As espumas que se formaram, como resultado das pancadas da água do mar sobre as pedras produziram dois indicadores importantes. Os jornais noticiam que Lula pretende fazer uma visita a um assentamento do MST; Guilherme Boulos passou a ser sondado como eventual ministro.
P.S.: Contexto Político: Na realidade, permanece o impasse na legenda. O senador Humberto Costa assume apenas interinamente a direção nacional do PT, em substituição a Gleisi Hoffmann. A decisão sobre o novo presidente da legenda será tomada em junho, com maiores chances para Edinho Silva, apadrinhado por Lula.
Editorial: The Wall Street Journal e a nova ordem mundial.
Ontem comentávamos por aqui sobre uma matéria da conceituada revista britânica The Economist acerca da saúde da democracia brasileira. O diagnóstico é preciso, estamos de acordo que as nossas instituições democráticas não estão com a saúde em ordem, mas temos profundas divergências sobre as causas da doença, assim como sobre o tratamento a ser ministrado. Uma dose da dipirona anistia, clamadas por notórios golpistas em apuros, por exemplo, não seria bem-vinda no nosso caso. O mais preocupante, no entanto, é um editorial publicado na segunda-feira, também pelo prestigiado jornal americano The Wall Street Journal, bíblia do mundo corporativo, onde é tratado um suposto acordo que o jornal denomina de nova ordem mundial, dividindo o planeta em áreas de influência dos Estados Unidos, China e Rússia.
Pelo raciocínio do editorialista do jornal, explica-se, por exemplo, o comportamento relativamente amigável adotado pelo presidente Donald Trump em relação à China e a Rússia. Nesta nova ordem, o mundo ficaria dividido assim: Os Estados Unidos ficaria com as Américas, a China com o Pacífico, e a Rússia com a Europa. Faz sentido, por exemplo, consoante tal análise, o posicionamento dos Estados Unidos em relação à guerra na Ucrânia, onde Trump já decidiu que não mais ajudará Zelensky, assim como seus pronunciamentos em relação ao Canal do Panamá, o Canadá e o México.
Na época da antiga União Soviética chamávamos isso de Guerra Fria, mas acreditamos que o conceito já não atende mais as circunstâncias atuais, onde sugere-se mais uma aliança global entre as grandes potências mundiais. Naqueles tempos, depois da crise dos mísseis instalados em Cuba, em 1962, a ilha ficou completamente isolada, depois que os americanos e os russos sentaram à mesa para dirimir essa questão. Os soviéticos retiraram o mísseis, a ajuda militar e informaram que não participariam de nenhum levante revolucionário na América. Dizem que o comandante Fidel Castro à época, deu muitos socos na mesa. A referência é para refletirmos sobre como ficará a situação da Venezuela, que mantém cordiais relações com a Rússia e a China.
segunda-feira, 3 de março de 2025
Editorial: "Ainda Estou Aqui" vence o Oscar de Melhor Filme Internacional.
Este Oscar é emblemático por vários motivos. Trata-se do primeiro prêmio da categoria arrebatado por um filme brasileiro. E não é qualquer filme. Trata-se do filme "Ainda Estou Aqui", realizado pelo cineasta Walter Salles, tendo Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro como protagonistas principais, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, deputado sequestrado e morto durante a ditadura militar instaurada no país com o golpe civil-militar de 1964. São muitos emblemas. O filme é odiado pela extrema direta brasileira, que chegou a propor um boicote fracassado à película, talvez por reabrir as feridas sobre os horrores praticados durante o regime militar.
Infelizmente, essas vísceras abertas ainda não foram suficientes para impedir as ações das doidivanas dos quartéis, que dão plantão nas portas dessas corporações pedindo intervenção militar. A revista The Economist dá uma nota baixa à nossa democracia. O problema são os indicadores nos quais a revista britânica se apoia para baixar os nossos escores. Ficaríamos mais tranquilos se eles se baseassem nos indicadores que realmente conta. Desde 2013 que a saúde de nossas instituições democráticas exige alguns cuidados. Navegamos sob águas turvas, sob ameaças autoritárias constantes. Por pouco não tivemos a materialização de um golpe de Estado.
Emparedados contra as instituições democráticas, esses sublevadores do ordenamento do Estado de Direito agora clamam por anistia. Uma características dos golpistas é a covardia. Até recentemente, um dos advogados de um desses sujeitos afirmou que tudo não passou de bravatas. Até agora nenhum deles assumiu sua condição de sublevadores do ordenamento democrático.
Editorial: Centrão já analisa um desembarque do Governo Lula3.
A fissura sugere ser mais acentuada em relação ao PP, cujo Presidente Nacional, o senador Ciro Nogueira, já andou se pronunciando a este respeito, sugerindo uma conversa com o Ministros dos Esportes, André Fufuca. Na opinião de Ciro Nogueira, o governo não vai bem - o que não chega a ser uma novidade - e a estratégia de comunicação institucional está completamente errada, ao expor Lula a uma situação vexatória. Neste momento, uma exposição demasiada do presidente poderia agravar ainda mais o problema de popularidade. Do ponto de vista do pragmatismo político ninguém dá lições ao Centrão.
A luta é por vantagens, nacos de poder. A indicação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais pode estar sendo lida como uma rebeldia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na medida em que ela dificultaria ainda mais as negociações do grupo com o Governo. Depois de meditar sob a massaranduba do tempo, passamos a vislumbrar uma possibilidade de explicação para a indicação da deputada ao cargo. Vamos expô-la por aqui, durante esses nossos diálogos.
domingo, 2 de março de 2025
Editorial: Guarda-Municipal transformada em polícias metropolitana.
A tendência é que as guardas-municipais sejam transformadas em polícias metropolitanas, como já ocorre em Itaquaquecetuda e, mais recentemente, em Cascavel, no Paraná. Soma-se a esse sinal verde uma tendência natural dos gestores municipais, em razão dos altos índices de violência registrados no país afora. A insegurança pública será tema do grande debate das eleições presidenciais de 2026. Já existe até candidato que lançou seu nome para a disputa a partir desta plataforma, como é o caso do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que ostenta os melhores índices de popularidade no estado que governa, principalmente em razão do seu trabalho na área de segurança pública. Mesmo sendo este um tema nevrálgico, ele precisa construir um programa de governo mais amplo, do contrário não se viabiliza.
A partir de sua experiência na Policia Civil, onde exercia o cargo de delegado, o atual prefeito de Itaquaquecetuda, Eduardo Boigues, do PL, ofereceu total prerrogativa de atuação de sua guarda-municipal, equipando-a com viaturas e armamentos. Foi reeleito com 91,70% dos votos, tornando-se o prefeito eleito com o maior índice de votação do país. Isolou completamente os adversários. O Governo Federal, por sua vez, encontra enormes dificuldades de enfrentamento deste problema, sobretudo por adotar uma agenda dissonante com setores expressivos da oposição, seja em sua representação congressual, seja em alguns estados governados por gestores de oposição, que criam resistências em acatar as diretrizes emanadas do Ministério da Justiça.
São agendas diametralmente distintas. Enquanto a Bancada da Bala adota o lema do bandido bom é bandido morto, buscando inspiração quem sabe no Nayib Bukele, o Governo Lula, por razões óbvias, manifesta uma preocupação com o respeito aos direitos humanos, a humanização no cumprimentos das penas, na regulação das operações policiais, evitando os eventuais abusos e violações. Historicamente, o país parece flertar com uma cultura do encarceramento. Já somos o terceiro país em número de população carcerária do mundo. Apenas como exemplo das precárias condições de cumprimento das penas, Pernambuco possui 11.767 vagas em suas unidades prisionais, com uma população carcerária de 32.781 presos. Isso é uma média geral, mas existe um caso, salvo melhor juízo no município de Igarassu, de um presídio onde a proporção seria de um para cinco.
sábado, 1 de março de 2025
Editorial: Qual a aposta de Lula com Gleisi Hoffmann na articulação política?
Antes de sermos mal interpretado, vale aqui fazer uma ressalva. Somos um dos admiradores da deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann. Mulher íntegra, guerreira, petista autêntica, daquelas que mantém as raízes fincadas nas teses da legenda, criada na histórica reunião do Colégio Sion, em 10 de fevereiro de 1980. Mas todos estão se perguntando sobre qual teria sido a aposta de Lula em nomeá-la para a Secretaria de Relações Institucionais. Conforme assinalamos em postagem anterior, ainda estamos tentado decifrar as espumas formada pelas pancadas da água do mar sobre as pedras. Como diria aquelas pessoas que tentam se afastar de perguntas cabulosas, repetimos o mantra: Tudo é possível, inclusive nada.
Talvez o líder petista tenha simplesmente errado, como ele tem errado em outros momentos neste terceiro mandato. Uma outra possibilidade é a de se aferrar aos mais autênticos companheiros, fechando o circuito daquele PT mais renhido, isolando a área mais liberal da legenda, como se sugere que hoje seja representada pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A ala populista do PT tem sido mais influente junto ao presidente, sugerindo que Lula já fez a sua opção. Alguém hoje já andou especulando sobre os bilhões que deverão ser gastos no sentido de adoção de políticas de cunho social para recuperar a avaliação positiva junto ao eleitorado antes de 2026.
Agora vamos ser francos por aqui. Gleisi é mulher de luta, de batalhas, de enfrentamentos. Não se trata de uma pessoa talhada para o cargo ao qual foi indicada, uma função que exige do sujeito engolir sapos, perfil diplomático, conciliador, agregador, fazer concessões para além de sua vontade pessoal. Gleisi, definitivamente, não atende a este perfil.
Editorial: Polícia Rodoviária Federal rompe parceria de ação conjunta com o MP e a PF no combate ao crime organizado.
A Polícia Rodoviária Federal anunciou que está rompendo a pareceria com os Ministérios Públicos Estaduais e a PF no combate às ações do crime organizado. A Polícia Rodoviária Federal atuava numa força tarefa conjunta, junto ao GAECO e o FICCOS, no enfrentamento das ações desses grupos por todo o país. Durante este convênio, a PRF participou de ações das mais importantes, dando uma inestimável contribuição, daí a nossa estranheza ao anúncio de rompimento da parceria. Desnecessário mencionarmos aqui as inúmeras operações importantes às quais a PRF esteve envolvida, a exemplo da Operação Fim de Linha, que desvendou o esquema nebuloso da participação do crime organizado na operação do transporte público em São Paulo.
Há muito tempo a PRF havia deixado de cuidar apenas das estradas federais. Na PEC da segurança proposta por Ricardo Lewandowski, Ministro da Justiça, o órgão deveria cumprir um papel de Polícia Ostensiva, em apoio às operações das polícias estaduais. Por este raciocínio, tal parceria deveria, na realidade, ser ampliada e não reduzida. Questionado a esse respeito, o diretor do órgão, Antônio Fernando Oliveira, informou tratar-se de uma decisão tomada em razão da ausência de um respaldo jurídico mais consistente para viabilizar essas ações, o que poderia vir a ser questionado no futuro.
Na realidade, tratamos aqui de uma questão que levantamos há algum tempo, ou seja, a ausência de consensos mínimos no que concerne à segurança pública entre o Governo Federal e os entes federados. A PEC da segurança pública anda emperrada em razão dessas divergências. Os governos estaduais adotam linhas de ações em suas políticas de segurança pública nem sempre convergentes com as diretrizes federais. Os estados governados pela oposição montaram até um consórcio para discutirem e implementarem ações conjuntas de enfrentamento ao crime organizado. Por outro lado, a segurança pública tornou-se o maior problema do Governo Lula3 e será a grande bandeira eleitoral das eleições presidenciais de 2026. E, a rigor, infelizmente, tem muita gente interessada, na realidade, que o problema não se resolva para o Governo sangrar nas urnas.