A corrupção está entranhada na vida pública brasileira, certamente,
como advoga bons estudiosos do problema, como um traço marcante de
nossas execráveis características. O cinismo também
parece ser outra característica marcante, quem sabe, como uma mera
derivação. Recentemente José Sarney ocupou a tribuna do Senado para
fazer um caloroso discurso contra a corrupção no país, logo ele, cuja
vida pública não, necessariamente, um primor de lisura. O projeto que
prevê tarifa zero para os estudantes no transporte coletivo é de autoria
do Presidente daquela Casa, senador Renan Calheiro, que dispensa
apresentação. Mesmo diante do clamor das ruas - que exigiam, entre
outras coisas, o fim da corrupção - autoridades do Executivo e do
Judiciário são flagrados cometendo deslizes, utizando verbas e
equipamentos públicos em benefícios pessoais e de parentes. Refiro-me à
utilização indevida dos jatos da Força Aérea Brasileira. O Plebiscito
também está virando um joguinho de empurra-empurra que não sabemos onde
vai parar. Isso faz lembrar um outro autor - que não me recordo o nome
no momento - qu escreveu um livro denominado "O País das Alianças", onde
descreve que as "transições" no Brasil nunca chegaram à rupturas
radicais. Dá-se sempre um "jeitinho" de empurrar o jogo para a
prorrogação. Começo a suspeitar que é o que pode estar ocorrendo em
relação às reformas de base conclamada pelos gritos das ruas. Até mesmo a
ameaça remota de "Golpe de Estado", passou a ocupar a agenda dos
debates como uma possibilidade real. É fato que a nossa democracia - em
razão de inúmeros fatores - nunca esteve consolidada, mas daí à
possibilidade de os militares retomarem o poder vai um longo caminho.
Alguém, aqui pela redes sociais, indagava sobre quais as motivações de
algumas autoridades públicas continuarem com práticas desonestas,
práticas rejeitadas cabalmente pelos manifestantes que se mobilizaram
recentmente no país: cinismo? certeza da impunidade, ou a "inhaca" de
uma sociedade que possui, entre as suas características, a corrupção
como algo rotineiro? Eu fico com essa última possibilidade.
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