Os governos Lula e Dilma se apoiam na prioridade
do social. Apoiaram-se no diagnóstico correto de que a desigualdade
social, a pobreza e a miséria são os problemas fundamentais que o Brasil
arrasta ao longo dos séculos. E no fato de que os governos neoliberais –
Collor, Itamar e FHC – exacerbaram esses problemas, revelando o ponto
mais frágil desse tipo de governo.
Ao longo dos anos foi ficando claro que o imenso apoio popular dos governos, desde 2003, se deve, no essencial, às políticas sociais. O deslocamento das bases sociais fundamentais de apoio dos governos Lula e Dilma para os setores e as regiões mais pobres confirmava esse fenômeno.
Mesmo a oposição, depois de tentar negar que o país tinha mudado muito, e mudado para melhor, teve que reconhecer essas transformações sociais. Tentou dizer que provinham do governo FHC, mas implicitamente reconheciam as transformações.
Dilma se comprometeu, neste mandato, a terminar com a miséria no Brasil, projeto que segue adiante, apesar do baixo crescimento da economia. Mas Dilma já não pode se candidatar para um novo mandato com as mesmas propostas anteriores. Seja porque não se propõem plataforma apenas baseada na extensão do que já foi conquistado, seja porque os avanços inquestionáveis demonstram suas debilidades nas justas demandas de melhoria na qualidade dos serviços públicos. Seja também porque já se deu o processo de naturalização das conquistas obtidas nos mais de 10 anos dos governos do PT. Além de que, como as manifestações evidenciaram, os setores da juventude não foram contemplados em suas demandas específicas.
O equivocado diagnóstico de que o Brasil já teria se tornado um país de classe média ajudou a dificultar a percepção de acúmulo de problemas persistentes na sociedade brasileira, a começar pelos de transportes, mas cuja lista se estende aos problemas de moradia, de saúde, de educação, de segurança, entre tantos outros.
A nova plataforma, que deve orientar a campanha eleitoral e o segundo mandato da Dilma, deve se centrar numa revolução na educação e na saúde no Brasil, que, apesar de certas melhorias, continuam a ser setores muito deficitários. Além da melhoria nas prestações do serviço público, nas outras áreas mais sensíveis à vida da grande maioria da população, como o transporte, segurança, o saneamento básico.
Compreender o significado das mobilizações populares recentes significa também atuar em outras direções. A primeira delas: atuar em políticas para a juventude, setor em que o governo foi muito carente até aqui. Se houve avanços em áreas dirigidas para a formação e a profissionalização – como a grande ampliação de vagas nas universidades, na escola técnicas, a políticas de cotas etc. –, nos temas específicos da juventude não houve avanços importantes.
Temas como a descriminalização das drogas leves, da democratização da internet, da legalização do aborto e, especialmente, da priorização das políticas de cultura, para o conjunto da juventude – mas, em particular, para a juventude das periferias das grandes metrópoles – devem ser assumidos pelo governo.
Ao lado deles, a democratização dos meios de comunicação e das campanhas eleitorais – substituindo o financiamento privado pelo público – atendem às demandas de uma política realmente democrática, transparente.
Será com uma nova plataforma, que vá do aprofundamento da democratização social à democratização política e cultural, que se conseguirá consolidar os avanços da década e levar o Brasil a ser um país justo, soberano e solidário.
Ao longo dos anos foi ficando claro que o imenso apoio popular dos governos, desde 2003, se deve, no essencial, às políticas sociais. O deslocamento das bases sociais fundamentais de apoio dos governos Lula e Dilma para os setores e as regiões mais pobres confirmava esse fenômeno.
Mesmo a oposição, depois de tentar negar que o país tinha mudado muito, e mudado para melhor, teve que reconhecer essas transformações sociais. Tentou dizer que provinham do governo FHC, mas implicitamente reconheciam as transformações.
Dilma se comprometeu, neste mandato, a terminar com a miséria no Brasil, projeto que segue adiante, apesar do baixo crescimento da economia. Mas Dilma já não pode se candidatar para um novo mandato com as mesmas propostas anteriores. Seja porque não se propõem plataforma apenas baseada na extensão do que já foi conquistado, seja porque os avanços inquestionáveis demonstram suas debilidades nas justas demandas de melhoria na qualidade dos serviços públicos. Seja também porque já se deu o processo de naturalização das conquistas obtidas nos mais de 10 anos dos governos do PT. Além de que, como as manifestações evidenciaram, os setores da juventude não foram contemplados em suas demandas específicas.
O equivocado diagnóstico de que o Brasil já teria se tornado um país de classe média ajudou a dificultar a percepção de acúmulo de problemas persistentes na sociedade brasileira, a começar pelos de transportes, mas cuja lista se estende aos problemas de moradia, de saúde, de educação, de segurança, entre tantos outros.
A nova plataforma, que deve orientar a campanha eleitoral e o segundo mandato da Dilma, deve se centrar numa revolução na educação e na saúde no Brasil, que, apesar de certas melhorias, continuam a ser setores muito deficitários. Além da melhoria nas prestações do serviço público, nas outras áreas mais sensíveis à vida da grande maioria da população, como o transporte, segurança, o saneamento básico.
Compreender o significado das mobilizações populares recentes significa também atuar em outras direções. A primeira delas: atuar em políticas para a juventude, setor em que o governo foi muito carente até aqui. Se houve avanços em áreas dirigidas para a formação e a profissionalização – como a grande ampliação de vagas nas universidades, na escola técnicas, a políticas de cotas etc. –, nos temas específicos da juventude não houve avanços importantes.
Temas como a descriminalização das drogas leves, da democratização da internet, da legalização do aborto e, especialmente, da priorização das políticas de cultura, para o conjunto da juventude – mas, em particular, para a juventude das periferias das grandes metrópoles – devem ser assumidos pelo governo.
Ao lado deles, a democratização dos meios de comunicação e das campanhas eleitorais – substituindo o financiamento privado pelo público – atendem às demandas de uma política realmente democrática, transparente.
Será com uma nova plataforma, que vá do aprofundamento da democratização social à democratização política e cultural, que se conseguirá consolidar os avanços da década e levar o Brasil a ser um país justo, soberano e solidário.
Postado por Emir Sader às 18:23
(Portal Carta Maior)
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