pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Eduardo Loureiro: Dúvidas profundas sobre o futuro do petismo
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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Eduardo Loureiro: Dúvidas profundas sobre o futuro do petismo


publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 14:18
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3 X 5 = 15?
5 de fevereiro de 2015
Por Eduardo Loureiro, no Página 13, via e-mail
Em 2003, Lula assumia a Presidência da República. Juntamente com as expectativas para um governo melhor, vinham os primeiros baldes de água gelada: anúncio da contra-reforma da Previdência, aumento dos juros e do superávit primário – e consequente redução dos níveis de renda e emprego.
Em 2005, houve eleição para Presidente da Câmara. Disputaram Luis Eduardo Greenhalgh e Virgílio Guimarães, pelo PT; Severino Cavalcanti e Jair Bolsonaro, pelo PP; e Luís Carlos Aleluia, pelo então PFL (atual DEM). A divisão entre as candidaturas petistas foi fatal. O desrespeito de Virgílio Guimarães pela escolha da bancada petista fez com que uma oportunidade para derrotar o governo petista fosse aberta. Severino Cavalcanti, numa aliança entre a oposição e o fisiologismo, foi ao segundo turno contra Greenhalgh e se elegeu presidente da Câmara.
Mais tarde, em junho daquele mesmo ano (a eleição à Câmara ocorrera em fevereiro), Roberto Jefferson denuncia um esquema de caixa 2 de campanha, que ele mesmo batizou de “mensalão”. O resto, é história.
Voltemos aos tempos atuais: em 2015, temos um ministro da Fazenda fiel aos mandamentos macroeconômicos ortodoxos e ao famoso “tripé da estabilidade”: câmbio flutuante, juros altos e superávit primário. Como resultado, aumento de 1,2% do superávit primário – não houve cortes orçamentários no ano passado para pagamentos de juros – e elevação da taxa SELIC em 0,5%.
No último domingo, 1º de fevereiro, o candidato à Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), conhecido por seu fisiologismo e vínculo com o empresariado, foi eleito em primeiro turno, contra Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG). Uma cisão na frágil base – calcada somente no institucionalismo – do governo Dilma II.
Um famoso filósofo prussiano escreveu, certa vez, que a história acontece a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. Não sei bem se podemos falar em repetição, uma vez que os problemas citados, em maior e menor grau, são recorrentes nos governos petistas, nos mais diversos níveis, desde 1995. Mas não se pode negar as sinistras semelhanças de 2003 e 2005 com 2015, bem como a imprevisível e explosiva mistura entre desorientação política e economia em compasso recessivo.
Além do mais, é importante ressaltar que a bancada petista de 2015 é menor e menos coesa politicamente que a de 2003 – embora a Reforma da Previdência tenha trazido importantes dissensos entre 2003 e 2005, incluindo diversas desfiliações. Além disso, Eduardo Cunha é mais articulado e possui maior sustentação empresarial que Severino Cavalcanti, e conquista a Presidência da Câmara de maneira mais folgada, na bancada mais reacionária desde 1964.
Também diferente de 2005, o país não apresenta crescimento econômico, tampouco melhora nas condições de emprego e renda da população (mesmo que ainda tímidas se comparadas ao período que se iniciaria em 2007). Além disso, já no começo de 2015, vive bombardeio semelhante da imprensa ao que se viu no processo pós- junho/2005.
Ou altera-se o rumo desta prosa, ou, dificilmente, teremos um desfecho diferente.
Cabe lembrar: em 2005, a militância foi fundamental para evitar que o processo de desgaste levasse Lula ao impeachment ou o PT e partidos aliados à derrota em 2006. A mesma militância que, de forma quase espontânea, elegeu Dilma em 2014, na eleição mais apertada do Brasil depois do fim do regime militar.
Boa parte desta militância já se manifestou profundamente decepcionada com os primeiros atos do governo Dilma, como a nomeação de seu ministério, as retiradas de direitos dos trabalhadores e as medidas econômicas contracionistas, interessantes somente ao mercado financeiro.
Estaria esta mesma militância disposta a receber mais um golpe, em troca de um futuro que se apresenta cada vez mais tenebroso? Ou a decepção – que leva a defecções à esquerda – e o oportunismo – à direita – serão a tônica do petismo daqui por diante?
Eduardo Loureiro é militante do PT e dirigente nacional da Articulação de Esquerda

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