pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Segundo testemunha, vítimas da chacina do cabula, na Bahia, estavam desarmadas
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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Segundo testemunha, vítimas da chacina do cabula, na Bahia, estavam desarmadas

Segundo testemunha, vítimas da chacina do Cabula, na Bahia, estavam desarmadas

fevereiro 8, 2015 15:11
Segundo testemunha, vítimas da chacina do Cabula, na Bahia, estavam desarmadas


“Foram muitos, muitos tiros de uma só vez nos rapazes”, diz morador do local onde jovens foram baleados por policiais militares; governador da Bahia afirmou que, por ora, nenhuma medida será tomada, pois não há “indícios que teve atuação fora da lei”
Por Redação
Um morador do bairro Cabula, em Salvador (BA), onde doze jovens foram mortos por policiais militares na madrugada da última sexta-feira (6), afirmou que as vítimas estavam desarmadas e rendidas no momento da execução. O homem, que não quis se identificar, falou ao jornal Correio, da capital baiana.
“Foram muitos, muitos tiros de uma só vez nos rapazes que estavam desarmados”, afirmou. De acordo com ele, os disparos foram feitos em um campo de barro, rodeado por uma mata fechada. Um grupo de rapazes teria descido da viatura já sob a mira das armas dos PMs, e foi colocado de frente para o matagal e de costas para os policiais. “Todos estavam com as mãos para cima, outros com a mão na cabeça. Foi quando um PM obrigou um dos rapazes a sair com eles. Antes, o garoto foi quebrado na porrada”, completou o homem.
“De repente, ouvi rajadas. Me abaixei. Quando ouvi que não tinha mais nada, todos os rapazes estavam no chão”, contou a testemunha. Outros residentes da área confirmam as informações. “Os meninos estavam todos reunidos no campo, quando foram cercados pelas viaturas. Espancaram todos”, relatou uma mulher. “A polícia não tem o direito de fazer o que fez. A polícia é paga para proteger e não matar aleatoriamente”, declarou outra.
Entenda o caso
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, a ação ocorreu por volta das 4h de sexta-feira, na Estrada das Barreiras. Policiais da Rondesp (Rondas Especiais) teriam recebido a denúncia, vinda do Serviço de Inteligência da polícia, de que um grupo planejava assaltar uma agência bancária na região. Nove agentes, divididos em três viaturas, foram incumbidos de atender à ocorrência. Quando chegaram ao local, teriam encontrado seis homens e uma Saveiro branca próximos à unidade da Caixa Econômica Federal.
A versão da PM é a de que o grupo, ao perceber a chegada das viaturas, disparou em direção a elas. Em resposta, os policiais teriam iniciado o tiroteio. Os homens fugiram e adentraram um matagal, onde se encontravam outros integrantes da quadrilha, em um total de trinta pessoas.
A ação deixou, ao todo, 16 pessoas baleadas. Entre elas, dez chegaram sem vida ao hospital, uma morreu ainda no local do crime e a última faleceu ao entrar no centro cirúrgico. Até o momento, a polícia identificou apenas sete mortos: Adriano Souza Guimarães, de 21 anos; Caíque Basto dos Santos, de 16; Everson Pereira dos Santos, de 26; Bruno Pires do Nascimento, de 19; Ricardo Vilas Boas Sila, de 27; Natanael de Jesus Costa, de 17; e João Luiz Pereira Rodrigues, de 21. Famílias ouvidas pelo jornal Correio no hospital confirmaram também a morte de Vitor Amorim de Araújo e Tiago Gomes das Virgens, ambos de 19 anos. Dos quatro sobreviventes, três permanecem internados e um já recebeu alta e foi detido. Entre os PMs, um sargento foi atingido de raspão na cabeça, mas passa bem.
No Cabula, o clima é de medo. Familiares das vítimas afirmam já sofrer ameaças por parte dos policiais. Há rumores de que alguns deles, à paisana, estiveram presentes no enterro dos rapazes, realizado no último sábado (7).
Resposta do governador: nada será feito por enquanto
Na manhã da sexta-feira, o governador recém-empossado da Bahia, Rui Costa (PT), disse que, a princípio, nenhum dos policiais envolvidos na ação será afastado, já que não há “indícios que teve atuação fora da lei nesse caso”.
Costa comparou a atuação da PM à de um jogador de futebol. “É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, para fazer o gol. Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores da arquibancada irão bater palmas e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado, porque se tivesse chutado daquele jeito ou jogado daquele outro, a bola teria entrado”, declarou. “Nós defendemos, assim como um bom artilheiro, acertar mais do que errar. E vocês terão sempre um governador disposto a não medir esforços, a defender desde o praça ao oficial, a todos que agirem com a energia necessária, mas dentro da lei.”
Em entrevista ao portal da Ponte Jornalismo, Átila Roque, diretor da Anistia Internacional do Brasil, rebateu o governador. “Quando uma operação policial que termina com doze mortos é vista como normal, isso demonstra a falência do sistema de segurança pública”, argumentou. A ONG pediu ao governo da Bahia uma “investigação minuciosa, independente e célere” do caso.
Ainda de acordo com a reportagem da Ponte, o “Reaja ou será mort@”, articulação de movimentos e comunidades de negros e negras da Bahia, também encaminhou à SSP do estado um pedido de reunião com a participação da Anistia Internacional e de Justiça Global até a próxima terça-feira (10).
(Foto de capa: Reprodução/Youtube)
(Publicado originalmente na Revista Fórum)

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