Desnecessário informar a um leitor mais atento que a presidente Dilma Rousseff vive um mal momento. Aliás, isso já faz algum tempo. Venceu uma eleição apertada, por uma diferença de um pouco mais de 3 milhões de votos; seus adversários não dão trégua, montando, a cada momento, novas urdiduras para prejudicá-la; a economia não vai muito bem e ela acabou capitulando a um receituário de corte neo-liberal, quase sempre, cortando direitos e entregando a fatura para a classe trabalhadora; o escândalo de corrupção da Petrobras é sistematicamente explorado pelos seus inimigos e setores da imprensa e, para completar o enredo, depois de uma série de ações equivocadas, perdeu as eleições para a Presidência da Câmara dos Deputados, colocando uma pá de cal sobre o mínimo de escrúpulo republicano que ainda poderia se supor existir no Legislativo. Não sei mais o que poderíamos acrescentar a essa lista, mas, certamente, o rosário de problemas nesse início de Governo se apresenta como uma lista interminável.
Daqui para frente, sob a liderança de um Cunha, instalou-se de vez na Câmara Federal uma casta mafiosa, extremamente corporativa, que chantageará o Governo sistematicamente. Reforma política, regulação econômica da mídia... nem pensar. Se confirmada a previsão dos seus oráculos - José Serra é um deles - está em curso um processo de desgaste até o sangramento final da presidente Dilma, de preferência antes de concluir o seu mandato., através de um pedido de impeachment, gerado a partir das denúncias de Operação Lava Jato. Comenta-se que um advogado ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já teria consultado sobre a viabilidade jurídica do pleito. A bem da verdade, desde o seu vazamento, logo se pronunciou que o rolo era grande em ralação aos escândalos da Petrobras, embora seja hipocrisia apontar o PT como o único ou maior beneficiário do desvio de recursos. Instalou-se uma engenharia de corrupção naquela estatal - muito antes dos Governos do PT - da qual nem os governos militares estiveram de fora. Algo, porém, por inúmeras razões, parece evidente. O objetivo é "envolver" a presidente Dilma Rousseff, criando as condições necessárias para o seu possível impedimento. Desde o início esse objetivo parece claro: vazamento seletivo, próximo ao segundo turno das eleições; blindagem da tucanagem e criação das condições políticas favoráveis, como a eleição do Deputado Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados.
Encurralada, acossada, Dilma não tem sido muito feliz em suas atitudes: Faz concessões demasiadas para desafetos; se indispõe com aliados e os movimentos sociais. Dilma já devia saber que fazer concessões para essa gente é sinônimo de capitulação. A demissão de Graça Foster e toda a diretoria da Petrobras é apenas um capítulo desse enredo nebuloso que envolve o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Também aqui é muito difícil analisar o acerto de sua atitude, uma vez que tentou segurar, o quanto pode, a Graça na Presidência da Estatal. Uma das razões era a sua convicção na integridade da indicada, o que nos parece uma uma avaliação correta. No entanto, o desgaste tornaram a situação de Foster insustentável. Ela cai e para o seu posto está sendo especulado o nome de Henrique Meirelles, para variar, um nome da confiança do mercado. Não se sabe muito bem o que ele poderá fazer naquela estatal, mas uma das possibilidades possíveis e saneá-la para entregar ao capital estrangeiro.
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