pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Michel Zaidan Filho: Fragmentos de uma memória afetiva
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Michel Zaidan Filho: Fragmentos de uma memória afetiva

 Glória
 

Tive, ontem, que cumprir um dos rituais dessa nossa breve vida, mais triste que uma pessoa pode ter: velar e sepultar o corpo de uma jovem professora de 57 anos, do departamento de História da UNICAP e da FUNESO. Na capela da Universidade jesuítica, onde o corpo foi velado em meio a uma grande comoção popular, me veio a memória uma passagem de um teólogo reformado que perguntava, indignado, porque  prosperam os ímpios enquanto os bons desaparecem? - Pergunta difícil de entender, para quem não acredita em Deus e na salvação da alma. Embora o filósofo alemão diga que nós somos  seres para a morte e a  nossa   essência seja o tempo ou a historicidade, nós nunca nos conformamos com a morte. Menos ainda daqueles a quem veneramos, cultuamos e admiramos, como o vulto pálido, esquio e pequenino, que estava naquele esquife mortuário. Parecia uma santa. Estava perto disso. Uma pessoa simples, generosa, plural, tolerante, despojada, batalhadora e totalmente dedicada aos seus (amigos, familiares, alunos e colegas). O vulto mortuário correspondia de fato à lembrança e à memória dos que a conheceram. Arrostou muitas injustiças e perseguições. Sobretudo a arrogância e a prepotência daqueles que foram ajudados por ela. Desdobrou-se em muitas para dar conta de proteger ou auxiliar os que precisavam de sua ajuda e de seu conforto. Alimentou famintos, iluminou a muitos que procuraram suas luzes, abriu portas e caminhos para vários outros. Sempre fiel e dedicada aos seus amigos, nunca esqueceu de prestigiá-los. E enfrentou com dignidade os ataques dos que não tinham um terço do seu valor, como pessoa e professora. Glória Medeiros faleceu quando se preparava para uma seleção de Doutorado, na Universidade Católica. Deixou órfão uma legião imensa daqueles que lhe queriam muito bem e lhe eram gratos. Temos que velar e preservar essa memória de dignidade e honradez  deixada pela nossa companheira.

Michel Zaidan Filho é historiador, filósofo, cientista político, professor da Universidade Federal de Pernambuco e o coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE.

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