1. ao insistir numa candidatura própria mesmo percebendo o antipetismo - dejeto do segundo turno das eleições presidenciais - que crescia na Câmara dos Deputados, ao insistir nisso em vez de apoiar a candidatura de algum aliado de partido que gozasse de menor antipatia, de modo que Cunha fosse derrotado de cara, o PT jogou a presidência da Câmara no colo de seu inimigo íntimo;
2. com a derrota nas eleições pra presidência da Câmara e a consequente perda de posições na Mesa Diretora, o PT fará questão de pegar a presidência de três comissões de peso legislativo - o que significará deixar, de lado, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (como o PC do B também não optará por esta comissão, o provável é que ela caia nas mãos de algum partido que tenha, como objetivo, impedir o avanço legislativo em relação aos DHs de minorias e às liberdades individuais, como, por exemplo, PSC, PP, PR et caterva);
3. com a eleição de Cunha, a presidenta Dilma passa a uma situação difícil: ao adotar medidas neoliberais, à moda PSDB, para a economia, ela desmobilizou as forças políticas progressistas que lhe garantiram a diferença de votos em relação a Aécio Neves no segundo turno das eleições presidenciais; parte dessas forças políticas - em especial as mais à esquerda (entre as quais me incluo) - sentiu-se traída quando a presidenta pendeu pra direita em sua política econômica e, da presidenta, essa esquerda vem se afastando; e, apesar dessas políticas neoliberais feitas para agradar os detratores, a presidenta não os agradou de fato e ainda teve de amargar ver seu inimigo chegar à presidência da Câmara - o que significa, pra Dilma, a perda da governabilidade; perda que se somará ao enfrentamento de uma oposição de direita (PSDB, DEM e PPS) ressentida e revanchista (fora a contribuição da "grande" mídia para jogar a opinião pública contra seu governo).
A presidenta terá dificuldades para governar e a população sofrerá as consciências dessa dificuldade. Tempo ruim virá pra todos nós - progressistas, minorias e pobres em geral - se algum vento não dissipar as nuvens de chumbo!
Jean Wyllys é Deputado Federal pelo PSOL do Rio de Janeiro
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