Confesso que o Papa Francisco está nos surpreendendo positivamente. No
campo da diplomacia, reconheceu o Estado Palestino, vem mantendo boas
relações com Cuba, visitou a ilha caribenha e recebeu, até
recentemente,no Vaticano, o presidente daquele país, Raul Castro. São
diálogos amistosos, tipicamente no sentido de quem deseja aparar arestas
políticas ou ideológicas. Está em curso no Vaticano a elaboração de uma
nova encíclica. Francisco não teve a menor cerimônia em pedir, num dos pontos, a colaboração do teólogo brasileiro, Leonardo Boff, ligado à Teologia da Libertação.
Aliás, essa aproximação com a Teologia da Libertação , uma corrente
teológica duramente perseguida por setores mais conservadores do
Vaticano durante anos, tem sido uma prática constante do Papa Francisco.
Já recebeu informalmente Frei Beto, estuda a beatificação de Oscar
Romero - bispo de El Salvador morte durante a guerrilha - e do nosso
eterno arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. Depois de
décadas isolado, perseguido e vigiado, finalmente, o papa Francisco
tirou do ostracismo o principal expoente da teologia da opção pelos
pobres, o teólogo peruano, Gustavo Gutiérrez. Gustavo esteve no Vaticano
e elogiou a atmosfera que se respira na sede da Igreja Católica. Do
alto dos seus 84 anos, lúcido e com as convicções inabaláveis, Gutiérrez
deixou o seu recado: se fala tanto em pós-capitalismo, em
pós-socialismo. Talvez fosse o caso de falarmos em pós-pobreza. Bravo,
Gutiérrez!
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