pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Tijolinho Real: O que está por trás e pela frente da greve dos professores de Pernambuco.
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sábado, 23 de maio de 2015

Tijolinho Real: O que está por trás e pela frente da greve dos professores de Pernambuco.






O Secretário de Administração do Estado de Pernambuco, Milton Coelho, concedeu uma entrevista a um portal de notícia local. Naturalmente que, entre outros assuntos, veio à tona a greve dos professores, já definida, com data de início para o dia 29 de maio. O secretário declara-se surpreso com a decisão do SINTEPE, homologada democraticamente em assembléia da categoria. É como se os professores tivessem voltado atrás em relação aos acordos já firmados com a categoria, como a supressão das penalidades aplicadas, reajuste de 7%, entre outras questões. Ora, seguindo o seu raciocínio, se os professores vão entrar em greve, revogue-se todos os acordos assumidos pelo Governo. Voltaríamos a um estágio onde as medidas punitivas seriam novamente aplicadas. Por outro lado, o senhor Milton Coelho observa um componente político nessa greve, como se os professores estivessem sendo movidos por outros interesses que não os meramente relacionados às suas condições de trabalho. Neste ponto parece que ele está procurando chifre em cabeça de cavalo. 

O quer está por trás da greve dos professores é, exclusivamente, questões relacionadas às condições de trabalho da categoria. Agora, a rigor, toda greve tem um componente político e, naturalmente, desgasta quem está no exercício do poder. Nunca entendi muito bem - já comentamos isso outras vezes - como o senhor Paulo Câmara, que conhecia as fragilidades das receitas estaduais, prometeu dobrar o salário dos professores. Se nos permitem, ele foi muito infeliz. Deve estar profundamente arrependido, assim como os professores que acreditaram nessa promessa. A expressão "por trás" foi muito usada nessa entrevista. Quem sabe um analista de discurso poderia identificar o que está "por trás" disso. Mas, vamos inverter essa tendência e procurar identificar o que vem pela frente. Primeiro, há um questionamento, pelas redes sociais, em torno desses 7%. Há quem informe que as coisas não são bem assim. Na verdade a proposta limitava-se à mudança de faixa, do tipo A para B, B para C. Depois, seria natural que o SINTEPE consultasse a categoria sobre o assunto, que poderia recusá-la. Parece-nos que foi isso o que ocorreu, o que não significa, necessariamente, um recuo. 

Como afirmamos desde o início, estamos diante de um impasse. A sequência de fatos envolvendo essa greve não tem sido satisfatória para os professores. Infelizmente. O Governo endureceu o discurso, chegou a demitir professores, atrasou a folha para descontar os dias parados, mobilizou o aparato repressor para impedir que os professores tivessem acesso a um evento que ocorria no Centro de Convenções. Deu vários indícios sobre como irá lidar com essa questão. A Justiça, por sua vez, foi célere no julgamento das ações movidas pelo Estado contra a greve. 

Para completar o enredo, a pasta é comandada por um burocrata, que já foi gestor de SUAPE, mas não entende patavinas de educação. A rigor, esses caras não estão preocupados com o que acontece no cotidiano das salas de aula. Organismos empresariais passaram a ter uma influência substantiva nos rumos das políticas publicas de educação no Estado. Isso desde aquele governador dos olhos verdes, um admirador confesso do modelo gerencial aplicado por aquele senador mineiro, derrotado nas últimas eleições. Como afirmou um comentarista às nossas postagens, o que eles querem é apenas alguns números pontuais para apresentarem no exterior, como, por exemplo, o "montante" de alunos que tiveram acesso aos programas de imersão de inglês no exterior. Mostram as famílias chorando no Aeroporto Internacional dos Guararapes e o "circuito" de publicidade institucional está montado. Já ia esquecendo: Para isso não falta dinheiro não. 

Você precisa ler também:

Vamos à luta, professores de Pernambuco.  

P.S do Realpolitik: Na realidade, senhor secretário, o que está por trás dessa greve são as precárias condições de trabalho da categoria, com a sua dignidade aviltada, não apenas pela perda do poder de compra dos salários,mas, igualmente, em razão das circunstâncias em que o "fazer pedagógico" hoje se materializa nas unidades de ensino. Precisaríamos de um outro artigo para enumerá-las tanto para você quanto para o secretário de educação do Estado.   

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