pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Michel Zaidan Filho:Um monumento ao delator ou ao criminoso?
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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Michel Zaidan Filho:Um monumento ao delator ou ao criminoso?

 
 
 
      
Tratado com toda distinção, ora como doutor ora como vossa excelência, o ex-diretor da área de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa prestou o seu depoimento na CPI que investiga o desvio de dinheiro nos contratos bilionários das maiores empreeiteras do país com a estatal petrolífera. Costa foi aguardado com muita expectativa, pelos parlamentares da comissão, porque foi o primeiro delator premiado a colocar a boca no trobone e a partir daí, começaram as prisões, denúncias e convocações dos envolvidos pela Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro. O ex-diretor fez seu ato de contrição perante os deputados e senadores. Disse que estava arrependido, que reconhecia a sua responsabilidade civil e penal pelos ilícitos e manifestou preocupação com o sofrimento dos seus familiares. Mas confirmou - um a um - os nomes das empreiteiras envolvidas no escândalo, o valor das quantias distribuídas aos políticos e declinou o nome de cada um deles, com o seu respectivo partido.
 
Quando interrogado porque citava nomes de políticos já mortos (Janene, Sérgio Guerra e Eduardo Campos), ele respondeu que havia testemunhas vivas para comprovar as afirmações (o senador Fernando Bezerra Coelho e o deputado Eduardo da Fonte). Disse o delator premiado que o fato de Eduardo Campos e Sérgio Guerra terem morrido, em nada desqualifica ou anula o valor da informação. Pois a dinheirama embolsada por ambos ( 20.000.000,00 e 10.000.000,00) foram utilizados para financiamento das campanhas do PSB e do PSDB. E há o testemunho dos parlamentares que estão vivíssimos, embora neguém que tenham recebido ou visto o dinheiro.
 
Curiosamente, ninguém contestou na comissão as respostas dadas por Costa sobre o envolvimento desses políticos. Pelo contrário, foi solicitado a ele a confirmação de todos os nomes sob suspeição. O desvio do dinheiro, para os políticos de Pernambuco, se deu por ocasião das obras de construção da Refinaria Abreu Lima. Algumas das empreiteiras que deram o dinheiro eram sócias de empresas (Atlântico Sul) que forneciam peças e equipamentos à Petrobras. Por orientação de seu Janene, Paulo Roberto Costa autorizou o pagamento por aquelas empreiteiras dos valores já mencionados ao ex-governador de Pernambuco e ao ex-presidente do PSDB, bem como há vários deputados do PP.
 
 
É o caso de se perguntar se o delator merece receber um prêmio, por ajudar a passar a limpo a corrupção eleitoral no Brasil ou os políticos que se envolveram na falcatrua e morreram, antes de serem denunciados, processados e presos - exemplarmente? - Respondam voces, leitores críticos e honesto. Se a impunidade vigorá mais uma vez, então terá valido o crime e seus beneficiários podem continuar rindo à toa, mesmo no outro mundo. Se a delação premiada faz do doutor e da V.Sa. Paulo Roberto Costa um herói, também estamos diante de uma situação embaraçosa. Afinal, trata-se de responsabilidades solidárias: o corruptor e os corruptos. Não tem ninguém mais inocente. Todos são responsáveis pelos ilícitos que cometeram. Todos devem pagar!
 
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE

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