O teólogo Gustavo Gutiérrez recentemente esteve no Vaticano e foi muito bem recebido pelo Papa Francisco. Com o gesto, o Papa abriu o diálogo com uma das correntes mais rejeitadas pelo conservadorismo da Igreja Católica, a Teologia da Libertação. Tudo foi muito simbólico neste encontro, a começar pelas observações de Gutiérrez, indicando que talvez seja o memento de falarmos de uma era de pós-pobreza. Nada mais emblemático para quem, na Igreja, sempre defendeu uma linha de opção preferencial pelos pobres. Como mesmo afirmou o padre peruano, já que se fala tanto em pós-capitalismo e pós-socialismo. No país, existem alguns teólogos famosos ligados à essa teologia, como o Frei Beto e Leonardo Boff. Mas, para nós pernambucanos, talvez a figura mais identificada com essa linha de pensamento seja mesmo o eterno arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara muito identificado, igualmente, com a luta pelas direitos humanos no país, em momentos bicudos, como o da Ditadura Militar. Impossível de esquecer, no entanto, o Dom Hélder das Comunidades Eclesiais de Base, da luta pelas mais humildes. Já no final do seu episcopado, Dom Hélder sentiu o peso das medidas conservadoras do Vaticano. Resignou-se fora dos palácios - que, aliás nunca ocupou - naquela igrejinha humilde da Rua das Fronteiras, bem ao seu estilo. Agora, com um Papa que se propõe ao diálogo, vejo que ele pode ser reabilitado. Vou cometer a heresia de afirmar que este Papa está botando para lascar. Pediu pressa aos assessores nos processos que envolvem a beatificação de Dom Hélder e Dom Oscar Romero, que foi assassinado durante a guerrilha salvadorenha.
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