pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Arraes, Arraes, Arraes!
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Arraes, Arraes, Arraes!




José Luiz Gomes



Escrevi um longo artigo sobre a biografia e a trajetória política do senhor Miguel Arraes de Alencar. Infelizmente o artigo foi escrito há um longo tempo e, por mais que o tenhamos procurado nos arquivos, não mais o encontramos. Não iríamos esperar essa efeméride para publicá-lo. Na realidade, a ideia era publicá-lo num site de pesquisa escolar mantido por nós, fornecendo mais um verbete de pesquisa, onde essas novas gerações teriam a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre Miguel Arraes. O artigo também chegou a ser publicado no site de uma instituição de pesquisa local, mas, certamente, teríamos as mesmas dificuldades de encontrá-lo. Possivelmente, não vamos recordar por aqui tudo que havia escrito naquele artigo, mas as lembranças possíveis já nos felicitam em homenageá-lo. 

Pelo título da crônica acima um leitor mais observador logo concluirá que somos suspeitos para falar do senhor Miguel Arraes de Alencar. E é verdade. As cenas narradas por um enviado da revista IstoÉ ao Crato, no Ceará, para cobrir a visita do ex-governador aos seus irmãos, quando de sua volta do exílio, sempre nos deixam bastante emocionados. Segundo o repórter, a visita foi seguida de um cortejo de sertanejos que entoavam: É o filho de Dona Benigna! É o filho de Dona Benigna! Por falar em Dona Benigna, certa vez um preposto do Deputado Federal Jarbas Vasconcelos(PMDB) escreveu um duro artigo contra o governador, publicado num jornal local, e o refutamos no mesmo espaço, solicitando àquela articulista que tivesse mais respeito pelo filho de Dona Benigna. Estudioso da quadra política pernambucana, não raro éramos contingenciado a conhecer um pouco mais sobre este ator político. 

Pontualmente, em nossas conversas com Luciano Siqueira, Manuel Correia de Andrade, Jáder de Andrade, padre Reginaldo Velozo, os atores políticos da província ligados ao PT, sempre que possível, colhíamos alguns dados, uma opinião pessoal ou qualquer outra informação sobre o grande líder político pernambucano. Luciano Siqueira, por exemplo, quando questionado sobre as alianças de Arraes com setores conservadores da política pernambucana, sempre emendava que, apesar de não ser comunista, Arraes nunca abandonou os comunistas, estabelecendo com eles um diálogo permanente desde a década de 50. Aliás, sobre isso convém aqui fazer uma observação: Arraes foi eleito pelo primeira vez, em 1947, pelo PSD, como se sabe, uma agremiação política nada afeita ao ideário marxista. 

Profundo conhecedor das questões fundiárias da região Nordeste, o geógrafo e historiador Manuel Correia de Andrade foi convidado para integrar o seu governo. Homem de livros, Manuel teria esboçado alguma resistência em integrar o seu governo, informando-o que não entendia nada de política. Arraes ficou em silêncio por alguns instantes, pigarreou, informou-o que o estaria convidando em razão dos seus livros e emendou: Quando você receber um político e precisar negar alguma coisa, negue, mas ofereça um cafezinho. Com o saudoso Jáder de Andrade, longas tardes de conversas, algumas delas na sede do PT. Com os barbudos do PT, sempre os sermões de Dona Magdalena sobre a preocupação em torno da divisão das forças de esquerda no Estado, num aspecto por muitos desconhecido: o ativismo político de Dona Magdalena Arraes. 

Com o professor João Francisco - outro que nos deixou muito cedo - muitas conversas sobre o seu livro A Pedagogia da Revolução, onde o autor realiza uma brilhante análise de discurso sobre os governos de Cid Sampaio - Governo do Estado de Pernambuco - e o Dr. Arraes, que exercia a chefia do executivo municipal. Por essa época foi criado o Movimento de Cultura Popular, o MCP, com a participação de Anita Paes Barreto, Germano Coelho, Paulo Freire, Paulo Rosas, Abelardo da Hora e outros personagens igualmente importantes. O MCP foi criado a partir de uma proposta do grupo, prontamente aceita por Arraes, que adotou o nome a partir de uma experiência que ele havia conhecido na França. 

Há muitas coisas a se admirar no ator político Miguel Arraes de Alencar. Arraes era um democrata convicto, um político de uma profunda sensibilidade social, um nacionalista. Na crise mais aguda do Governo Lula, durante as denúncias do Mensalão, Arraes deixou a província para emprestar-lhes solidariedade, num ato jamais esquecido por Lula, que favoreceu o quanto pode o seu neto governador, Eduardo Campos. Quando governador, Arraes protagonizou grandes acordos e pequenas grandes obras. Ficaria conhecido pelo "acordo do campo". Sobre as pequenas grandes obras, poderíamos citar aqui o seu programa de eletrificação rural, apontado pelos seus críticos como atrasado, uma vez que não acompanhava a "modernidade". Sobre isso, Arraes sempre retrucava que modernidade para o homem do campo era acender um bico de luz para iluminar sua choupana, comer um cuscuz com charque com café da hora, levar uma prosa com os amigos num alpendre iluminado. 

Como bem informava o professor Jorge Siqueira, o maior capital político de Arraes foi obtido quando ele dirigia o antigo Instituto do Açúcar e do Álcool. Ali, ele passou a ter um controle sobre as divisões familiares da aristocracia açucareira do Estado, que o fazia, através de alianças, cindir os votos conservadores nas eleições majoritárias. Quando foi deposto pelo golpe civil-militar de 1964, os militares se "arranjaram" com Paulo Guerra, filho dessas oligarquias. Para que, no futuro, seus filhos tivessem motivos de orgulho do pai, deixou o Palácio do Campo das Princesas pela porta da frente, honrando os votos dos pernambucanos que o haviam conduzido ao cargo através do voto. Acima de tudo, Arraes foi um homem honrado, de rara coragem cívica e espírito público. Personagem ou atores políticos como Miguel Arraes faz uma falta danada nesses momentos de instabilidade institucional que estamos vivendo. Não sei se há algum inconveniente nisso - se houver estou disposto a rever nossa posição - mas, entre tantas fotos do Dr. Arraes, resolvi ilustrar esta crônica com um flagrante obtido por seu fotógrafo oficial,Alcir Lacerda, já falecido, na praia de Porto de Galinhas, num raro momento de descontração, acompanhado da esposa Dona Magdalena.

P.S.: Contexto Político: O "banho" de nossa crônica sobre Miguel Arraes nas redes sociais.

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Miguel Arraes de Alencar (*1916 +2005) foi eleito pela primeira vez governador de Pernambuco pelo Partido Social Trabalhista (PST), em 1962.


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