Neste finalzinho de ano, um leitor atento ficaria impressionado com os sinais políticos que indicam o que deve ocorrer em 2017. Não quero ser pessimista, mas esses sinais não indicam um bom momento político para o próximo ano. Aliás, a fumaça negra atinge também alguns pontos nevrálgicos, como a erosão de direitos sociais e políticos conquistados nas últimas décadas, aliados a uma recessão econômica de proporções gigantescas. Que se vá 2016, mas não há nenhuma luz no fim do túnel de 2017. Infelizmente. Hoje, dia 28, o marqueteiro do PT, João Santana, voltou a ganhar espaço nas redes sociais. João vem sendo relativamente bem tratado por aquele juiz do Paraná que preside as investigações da Operação Lava Jato. Alguma razão deve haver para isso e a mais provável é a de que, em sua delação premiada, que já foi negociada, ele possa comprometer dirigentes petistas, o grande objetivo desse conjunto de forças. Lamentável que um dos equívocos do PT tenha sido essa associação com a corrupção estrutural do país, mas não custa lembrar que o partido não a inventou.
Num país como o nosso, de inversão de valores, onde o ilícito é a norma, uma construtora como a Odebrecht mantinha um departamento especializado da empresa apenas para cuidar das propinas aos políticos. Tinha um nome pomposo, mas, na realidade, se pudéssemos resumir, era um departamento de propina: Departamento de Obras Estruturadas da Odebrecht. Nos veio uma grande curiosidade em saber como o diretor deste departamento registrava essa "experiência profissional" em seu currículo ou, quem sabe, como se apresentava aos seguidores numa rede social como a Linkedin. É curioso isso, não. Como os bons manuais de administração de empresa tratariam essa sua ascensão profissional? Isso só mesmo no Brasil.
Naquele departamento, as pessoas são tratadas por apelido, o que leva a Polícia Federal, por exemplo, a fazer muitas confusão na identificação dos personagens. O termo "acarajé", por exemplo, certamente, conclui eles, se refere a algum político ou um conhecido marqueteiro baiano. Aqui em Pernambuco tinha um conhecido como "viagra". Nunca entendi muito bem o porque. Como se sabe, o Brasil é o Brasil e tem lá suas idiossincrasias. Em sua delação premiada , Cláudio Melo, ex-diretor da construtora, entregou um caminhão de políticos e uma penca de partidos envolvidos em algum ilícito, seja nas suas eleições, seja na gestão da máquina pública. Foram citados nada menos do que 51 políticos e 11 partidos, entre os quais o próprio Temer e seus auxiliares próximos como os ministros José Serra, Moreira Franco e Eliseu Padilha. Depois dessa bomba, começaram as especulações em torno das filagranas jurídicas em torno dessa delação premiada, numa manobra mais do que explícita no sentido de não rejeitá-la ou não homologá-la, quem sabe alegando algum vazamento indevido para a imprensa. O próprio Gilmar Mendes, que fala pelos cotovelos, já se pronunciou - sempre fora dos autos - a este respeito.
Se estivéssemos num país sério, muito provavelmente cairia o governo. A questão é que não estamos num país sério. No nosso modesto entendimento, as chances desse grupo deixar o poder são poucas. É quase certo, então, que se dê um jeitinho para que esses graúdos gatunos do erário sejam poupados. No dia de hoje surgiram mais denúncias envolvendo o líder do governo na Câmara Alta, Romero Jucá, ele que já é mais sujo do que pau de galinheiro. O mais engraçado de tudo isso é que nessa lista enorme apresentada por Cláudio Melo, onde o presidente Temer é citado 48 vezes, não aparece, em nenhum momento, o nome da ex-presidente Dilma Rousseff, em mais uma evidência inequívoca de que o seu cargo foi tomado por motivações escusas, sem respaldo jurídico. Pior, por um grupo de atores políticos que estão conduzindo o país para um lodaçal sem precedentes em sua história. Uma jabuticaba institucional onde não se vislumbra uma saída pela via democrática e consensual. Infelizmente. Até porque, a democracia parece mesmo não ser muito adequada ao arranjo neoliberal ora em curso no país, que avança sobre direitos, conquistas sociais e políticas com uma voracidade impressionante.
Naquele departamento, as pessoas são tratadas por apelido, o que leva a Polícia Federal, por exemplo, a fazer muitas confusão na identificação dos personagens. O termo "acarajé", por exemplo, certamente, conclui eles, se refere a algum político ou um conhecido marqueteiro baiano. Aqui em Pernambuco tinha um conhecido como "viagra". Nunca entendi muito bem o porque. Como se sabe, o Brasil é o Brasil e tem lá suas idiossincrasias. Em sua delação premiada , Cláudio Melo, ex-diretor da construtora, entregou um caminhão de políticos e uma penca de partidos envolvidos em algum ilícito, seja nas suas eleições, seja na gestão da máquina pública. Foram citados nada menos do que 51 políticos e 11 partidos, entre os quais o próprio Temer e seus auxiliares próximos como os ministros José Serra, Moreira Franco e Eliseu Padilha. Depois dessa bomba, começaram as especulações em torno das filagranas jurídicas em torno dessa delação premiada, numa manobra mais do que explícita no sentido de não rejeitá-la ou não homologá-la, quem sabe alegando algum vazamento indevido para a imprensa. O próprio Gilmar Mendes, que fala pelos cotovelos, já se pronunciou - sempre fora dos autos - a este respeito.
Se estivéssemos num país sério, muito provavelmente cairia o governo. A questão é que não estamos num país sério. No nosso modesto entendimento, as chances desse grupo deixar o poder são poucas. É quase certo, então, que se dê um jeitinho para que esses graúdos gatunos do erário sejam poupados. No dia de hoje surgiram mais denúncias envolvendo o líder do governo na Câmara Alta, Romero Jucá, ele que já é mais sujo do que pau de galinheiro. O mais engraçado de tudo isso é que nessa lista enorme apresentada por Cláudio Melo, onde o presidente Temer é citado 48 vezes, não aparece, em nenhum momento, o nome da ex-presidente Dilma Rousseff, em mais uma evidência inequívoca de que o seu cargo foi tomado por motivações escusas, sem respaldo jurídico. Pior, por um grupo de atores políticos que estão conduzindo o país para um lodaçal sem precedentes em sua história. Uma jabuticaba institucional onde não se vislumbra uma saída pela via democrática e consensual. Infelizmente. Até porque, a democracia parece mesmo não ser muito adequada ao arranjo neoliberal ora em curso no país, que avança sobre direitos, conquistas sociais e políticas com uma voracidade impressionante.
Está certo o patriarca do grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht, ao afirmar que governava o país há décadas. Num dos seus inspirados editoriais publicados no jornal Le Monde Diplomatique, o editorialista Sílvio Caccia Bava chamava a tenção para a extinção de um axioma, o que de a democracia era o governo do povo, pelo povo e para o povo. Esse axioma teria sido substituído pelo governo das corporações, pelas corporações e para as corporações, principalmente as corporações financeiras. Essas corporações passaram a ter um controle do Estado. A julgar pelo período de tempo em que a Construtora Odebrecht atua no país, parece que por aqui isso sempre foi assim e, se depender de nossa elite, assim será sempre.
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