Série baseada na tetralogia policial do escritor cubano Leonardo Padura estreou na Netflix na última sexta (9)
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Amanda Massuela
O detetive Mario Conde agora tem rosto, pele e osso. Interpretado pelo ator Jorge Perugorría no longa Vientos de la Habana e na série Quatro estações em Havana, o personagem mais famoso do escritor cubano Leonardo Padura chegou aos cinemas espanhóis em setembro e na plataforma de streaming Netflix na última sexta (9).
“É uma sensação muito estranha, mas foi muito agradável [ver o personagem], porque o ator Jorge Perugorría faz uma interpretação esplêndida. Ele sabe incorporar seu caráter, sua forma de falar, transmite sua tristeza e melancolia características”, disse Padura à CULT.
O autor nunca descreveu Conde fisicamente em seus romances, deixando a cargo de cada leitor imaginar o protagonista de sua Tetralogia das Quatro Estações – formada pelos títulos Passado perfeito, Ventos de quaresma, Máscaras e o recém lançado no Brasil Paisagem de outono. “Descrevo todas as outras personagens, mas não Conde. Por isso é necessário ver se Pergurroía cumpriu as expectativas dos leitores ao interpretá-lo. No meu caso, ele as cumpriu.”
Nos quatro romances, Padura narra o cotidiano do tenente investigador pelas ruas da capital cubana durante as quatro estações de 1989, ano da queda do Muro de Berlim. Por meio do olhar de Conde, o escritor quer produzir uma crônica do que tem sido a vida cubana nas últimas décadas e olhar para a história do país como “a causa do que somos e vivemos”.
“A literatura não tem a obrigação de fazer essa crônica. O jornalismo, sim. Mas sinto que o jornalismo cubano não pôde realizar essa tarefa do modo que deveria, porque é demasiadamente oficial”, afirma. “Portanto, deixo que meus romances participem dessa construção de uma imagem possível de Cuba, que não é a única e nem a mais verdadeira. Mas creio que se parece bastante com a verdade – mais do que o jornalismo. E Mario Conde foi um instrumento fundamental para esse propósito.”
Estações de Havana, série da Netflix baseada na tetralogia policial do cubano, teve o roteiro adaptado pelo próprio Padura junto de sua mulher, Lucia Lopez Coll. Sem previsão de lançamento, o autor prepara ainda uma nova história para Conde, que termina justamente no dia em que se inicia o processo de negociações entre Cuba e os Estados Unidos. “É um fenômeno complexo e muito recente. Necessito de uma distância para poder vê-lo, para deixar que se estabeleça.”
*Tradução Edoardo Ghirotto
(Publicado originalmente no site da revista Cult)
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