pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 1 de março de 2024

Editorial: A polêmica PEC da blindagem.



Nos últimos anos, se tornaram até comuns a presença de Polícia Federal nos corredores do Poder Legislativo, em Brasília, cumprindo mandados de busca e apreensão em gabinetes de parlamentares. Salvo melhor juízo, ainda continuamos com as melhores notas nos rankings das nações mais corruptas do mundo. Infelizmente. No dia de ontem, por ocasião da 25ª fase da operação lesa-pátria, a Polícia Federal apreendeu com um dos implicados no fomento e financiamento à tentativa golpista do 08 de janeiro, um verdadeiro arsenal de guerra. 

Neste aspecto, a PF tem dado até sorte. Entra com um mandado para cumprir ações específicas e acaba encontrando coisas até mais cabeludas. O ex-presidente de uma agremiação partidária destituído do cargo, apresenta um dossiê sobre eventuais irregularidades cometidas pelo seu sucessor. Parece ter aprendido a lição com uma velha raposa da política baiana, que costumava usar tal expediente para chantagear seus desafetos. 

E assim caminha o Brasil descendo a ledeira, lavando a roupa suja em praça pública. A construtura que deixou ao léu ferramentas que permitiram aos detentos escaparem do presídio de segurança máxima de Mossoró está em nome de um laranja que mora na periferia de Brasília e recebeu o auxílio Covid-19. Na época da Ditadura Militar, alguns jornais publicavam receitas de bolo, quando tinham suas matérias censuradas. Mesmo assim, o competente jornalista  Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta, encontrava uma meneira de se inspirar em alguns fatos pitorescos para as suas crônicas.Segundo uma biografia do cronista, nem na praia,com os familiares, ele se permitia baixar a guarda. Uma das coisas que nos intrigam até hoje é que os militares nunca incomodaram o Sérgio Porto. 

Se Sérgio Porto vivesse em nossos dias, o que não faltaria seria motivos para despertar sua inspiração e pena afiada. A Oposição, acossada pelas ações de busca e apreensão em seus gabinetes, resolveu apresentar uma PEC, que já está sendo denominada de "PEC da Blindagem", com o propósito esdrúxulo de impedir ações de buscas e apreensões no Legislativo, sugerindo uma interdição específica, salvaguardando alguns atores, algo que não se aplica a nenhum cidadão ou cidadã comum. Ah! E, por falar em Sérgio Porto, a empresa que está em nome de um laranja possui capital de 195 milhões e ostenta o curioso nome de R7- Facilities.   

Editorial: Aumento exponencial dos casos de dengue no país.

 


Neste mesmo período, no ano passado, os casos registrados de dengue não passavam dos 207 mil. Hoje, os casos já superam o número de um milhão de pessoas infectadas. Em tais circunstâncias, o número de mortes pela doença também aumentaram sensivelmente no mesmo período. Sete Estados da Federação já declararam estado de emergência, em razão da proliferação da doença. O Ministério da Saúde já teria autorizado o início do processo de vacinação para a próxima semana, mas com as limitações conhecidas, ou seja, com restrições de áreas de cobertura bem definidas, além da escolha de uma população alvo, ou seja, adolescentes, onde a vacina japonesa Qdenga teria demonstrado maior eficácia. São 521 municípios. 

Várias campanhas institucionais estão sendo veiculadas, seja no âmbito federal, seja no âmbito dos estados. Há uma grande mobilização no país no sentido de combater os focos do mosquito transmissor da doença. Não é improvável, como sugere a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, que as fortes precipitações pluviométriras tenham dado uma força na proliferação dos mosquitos transmissores da doença. Excesso de chuva água acumulada, possivelmente contribuíram bastante. 

A Oposição explora como pode esta situação difícil de saúde pública vivida pelo país neste momento, mas um infectologista ouvido pelo editor do blog assinalou que, curiosamente, o fenômeno do recrudescimento da dengue também pode ser observado em países europeus, onde a doença estaria erradicada, como a França, a Inglaterra. Claro que em proporções bem menores, mas não deixa de ser algo inusitado. Mais uma vez, assim como ocorreu com a Covid-19 - que, infelizmente, também vem registrando aumento de casos, sobretudo depois das últimas aglomerações do carnaval - são os abnegados profissionais da FIOCRUZ que acena com uma vacina para enfrentar o problema. 

O laboratório está desenvolvendo uma vacina em tempo recorde, com o acompanhamento simultânio da ANVISA, com o propósito de destravar a burocracia de sua liberação. A estimativa é que em meados de 2025 já tenhamos a vacina disponível para ser aplicada na população. Até lá, vamos virando os baldes, observando com cuidado os reservatórios de planta, tampinhas de cabeça para baixo, evitando que o mosquito se reproduza.   

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Editorial: Depoimento do general Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira preocupa a caserva.



Alguns fatos sobre o que ocorreu por ocasião do Golpe Civil-Militar de 1964 apenas muitos anos depois foram revelados. Apenas por dever de oficio, outro dia tivemos acesso a um texto importante sobre aqueles dias de atmosfera democrática nublada  que o país atravessou, escrito por um dos atores mais ativos e relevantes daqueles episódios, o general Sylvio Frota, que travou uma verdadeira batalha contra o processo de abertura política desencadeado pelo general Ernesto Geisel. Da linha-dura e contrário à abertura, comandante do Exército, Geisel precisou, muito provavelmente, contar com a ajuda do bruxo Golbery de Couto e Silva para encontrar o momento certo para afastar Sylvio Frota do cargo, sem isso representasse algum "trauma". 

Valeu-se de um feriado em Brasília, quando os militares estavam em suas casas, em churrasco com os familiares. Sem tropa, o general teve que se submeter ao destino. Aproveitou o seu tempo de pijama para produzir um dos mais importantes documentos sobre aquele período, com relatos e papéis raros, dos seus arquivos pessoais, que somente ele teria conhecimento. O livro chama-se Ideais Traídos. Como registro histórico, um texto impecável. Aliás, um camalhaço de mais de quase 700 páginas, publicado pelo seu filho, depois de sua morte. Salvo melhor juízo, não seria desejo do militar publicar o texto.  

O recente depoimento do general cearense Theophilo Gaspar Oliveira à Polícia Federal, que teria durado aproximadamente cinco horas, possivelmente é um dos mais esclarecedores até este momento. O general teria descido às minúcias sobre todas as etapas da tentativa de golpe do 08 de janeiro. No cargo que ocupava por ocasião da tentativa de golpe, o general comandava as tropas especiais, os chamados "Kids Pretos", que, conforme afirmamos pela manhã, a eventual participação dessa tropa de elite nas tessituras golpistas ainda suscite algumas controvérsias. 

Talvez não mais depois do depoimento do general. Segundo informe de alguns canais de comunicação, a caserva teria ficado bastante apreensiva com a franqueza do general em seu depoimento à PF. Caso se confirme o teor do seu depoimento, inclusive, talvez precisemos reavaliar a real participação de alguns atores naqueles episódios. Vamos aguardar as conclusões das investigações da Polícia Federal.  

Editorial: Depois da "ressaca" das manifestações bolsonaristas da Paulista, Planalto fica de olho nos evangélicos e nos trabalhadores de plataforma de aplicativos.


Alguém já advertiu sobre os perigos de sermos submetidos ao excesso de informações. Algumas delas sequer podemos checar se se trata de uma informação procedente ou mais uma fake news, que se tornaram recorrentes. Duas dessas informações recentes precisam ser analisadas com os cuidados que se impõem nesses tempos bicudos. Durante aqueles dias sombrios, onde se tramou contra as nossas instituições democráticas e a abolição do Estado Democrático de Direito, até o momento, a informação que temos é que os comandantes militares do Exército e da Aeronáutica não concordaram com a trama. Hoje, porém, nos chega a informação que, supostamente, o comandante do Exército teria acionado um chefe-militar dos "Kids Pretos", com o objetivo de conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O cidadão ficaria responsável pela prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. 

Outra informação, ainda confusa, seria a investida do Governo Lula para se contrapor à força demonstrada pelo bolsonarismo no último domingo 25, na Paulista. Um nicho eleitoral que anda atravessada na traquéia do PT desde a última campanha presidencial são os evangélicos. Por um "mal de origem", o descolamento das bases durante o processo de oligarquização da legenda, o partido perdeu completamente o timing neste sentdo. Chegou o momento que até a insuspeita Deputada Federal Benedita da Silva, aconselhou a Lula estabelecer pautas econômicas genéricas que pudessem incorporar tais grupos, evitando a cilada de se meter em questões mais nevrágicas. A opinião sobre o aborto, por exemplo, quando o petista derrapou num primeiro momento.  

No final o PT perdeu rebanho.  Se destrincharmos o perfil dos votos daquela eleição, possivelmente iremos chegar à conclusão que tal nicho votou majoritariamente no candidato Jair Bolsonaro. É preciso tomar muito cuidado com esse grupo, uma vez que eles são muitos sensíveis às fake news, como, por exemplo, aquela disseminada durante a campanha, onde se dizia que, se eleito, Lula fecharia as igrejas evangélicas. Pelo sim, pelo não, com o apoio estratégico desse grupo às manifestações da Paulista, melhor ficar de orelha em pé e ouvidos bem abertos sobre os ruídos das ruas.  

Assim, o staff de Lula estaria preparando uma série de medidas que poderiam suscitar uma reaproximação com este nicho eleitoral, como reavaliar a questão da tributação dos templos. O que nao nos parece muito claro ainda é a investida sobre os trabalhadores por plataformas de aplicativos, onde se prevê uma série de cumprimentos de direitos trabalhistas básicos, comuns a qualquer cristão. Por que eles seriam diferentes? Aqui vai uma interrogação: Este grupo teria uma identificação maior com o bolsonarismo? 

Editorial: Afinal, os "kids pretos" participaram ou não das tessituras e tentativa de golpe do 08 de janeiro?



Há, ainda, algumas controvérsias em torno de uma eventual participação de membros das forças especiais do Exército, também conhecidos como "Kids pretos", na frustrada tentativa de golpe do 08 de janeiro. A revista Piauí aprofundou tal questão numa longa matéria, onde há relatos até de especialistas na área, identificando no ataque à séde dos Três Poderes, em Brasília, as digitais de atuação desse agrupamento de forças especiais, como as ações coordenadas, derrubada dos gradis e a utilização dos mesmos para escalar as rampas, assim como o uso de luvas especiais para dissipar as bombas de gás. 

Tudo meticulosamente pensado, sugerindo que o grupo havia recebido as instruções devidas. Depois ocorreram outros episódios que se somariam a este, como o ataque aos veículos estacionados, por ocasião da tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal, em Brasília, assim como a derrubada de torres de transmissão logo em seguida às depredações de prédios públicos do 08 de janeiro. Como pano de fundo, que neste caso não é cueca, a revista examina a formaçáo dos militares que se assenhoaram do ex-presidente Jair Bolsonaro, quase todos eles oriundos dessa tropa de elite do Exército. 

O próprio ex-presidente seria um "Kids Pretos" frustrado. tentou duas vezes entrar na tropa, não sendo bem-sucedido. Com o avanço das investigações sobre a responsabilização de militares envolvidos na trama golpista, agora chega uma informação que pode ser decisiva. Um militar que comandou essas tropas, ouvido pela Polícia Federal, teria informado que recebeu a recomendação do então comandante do Exército à época para uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro. Tal comandante ficaria com a incumbência de prender o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

O termo "recomendação" não se coaduna com o vocabulário da caserna. O mais apropriado seria "ordem". Nas narrativas até agora vazadas sobre a intentona golpista, realmente, tais fatos se encaixam no script. Existe um agrupamento militar sediado em Goiás que seria o responsável pelas ações militares mais efetivas, ou seja, ficaria encarregado de cumprir as missões mais espinhosas, de cunho estritamente militar. Seria um grupo operacional que daria suporte ao núcleo "político" do golpe. Vamos aguardar as conclusões da Polícia Federal, que nos parecem bem próxima de concluir as investigações.  

Editorial: Clima pesado nas eleições que definem o novo dirigente do União Brasil.



De tão escabrosas, não vamos aqui entrar nas nuances sobre o que anda rolando na sucessão dentro do União Brasil. São chantagens, ameaças, intervenções da Executiva Nacional e casos de polícia. Nem parece que estamos tratando de uma sucessão dentro de um grêmio partidário. Dizer que o acordo que havia entre Luciano Bivar, atual dirigente da legenda, e o vice, Rueda, foi quebrado pelo atual manda-chuva é o mínimo. Se dependesse dele,não entraríamos no processo eleitoral que deve escolher o novo dirigente nacional da legenda.  

Este apego ao cargo do pernambucano Luciano Bivar vem desde a época em que ele dirigia o PSL, ocasião em que trocou inúmeros entreveros com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Sabe-se muito bem o que estava em jogo. Concretizada a funsão do PSL com o DEM, o acordo previa que ele assumisse o comando da legenda, enquanto ACM neto assumiria a Secretaria-Geral do recém-criado União Brasil. O estilo de Luciano Bivar desagradou imensamente uma boa parte dos integrantes da legenda pelo país afora.  Uma de suas estratégias foi agir com mão de ferro para manter o controle sobre os diretórios regionais, inclusive o de Pernambuco, quando judicializou uma decisão soberana dos conterrâneas que escolheram o nome do Deputado Federal Mendonça Filho para dirigir o partido no Estado.  

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é outro integrante da legenda que não se bica com o atual dirigente partidário. Bom de trato, bem articulado e com o apoio de inúmeros membros da legenda, Rueda deve ser conduzido à condição de novo presidente do União Brasil. Será que vamos precisar entrar numa nova contenda para retirar o teimoso Luciano Bivar de sua poltrona? Não conhecemos muito bem qual a linhagem familiar dos Bivar, mas algo está sugerindo um DNA do velho coronelismo da política pernambucana. 

Na terra do "familismo amoral" as coisas funcionam mais ou menos assim. Instituições públicas são tratadas como negócios familiares desde 1500. Sempre que tratamos desses assuntos por aqui, personagens como o cientista político norte-americano Benfield e o historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda se remexem nas suas tumbas, conclamando: Bem que eu avisei!!!  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Editorial: A "fritura" de Alexandre Padilha



Nos corredores de Brasília, um dos assuntos em pauta é uma provável substituição do Ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha. Nesses casos, antes da canetada definitiva, as ações de desgate começam corroer a resistência do infeliz. O Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira(PP-AL), por exemplo, já estaria despachando diretamente com o Ministro da Casa Civil, Rui Costa. As relações de Padilha estariam truncadas até com o líder do Governo, José Guimarães, do PT cearense, nome na bolsa de apostas para assumir tal ministério, num eventual afastamento do atual títular. 

Costumamos sempre enfatizar sobre os problemas estruturais por aqui, algo que não se resolve apenas com a troca de nomes. Depois de inúmeras refregas, somente agora o Governo ameaça retaliar os deputados da base que teriam assinado o mais recente pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por que somente agora o Governo resolveu adotar uma postura mais rigida? Há de se perguntar, ainda, se a correlação de forças em jogo lhes faculta tal endurecimento de postura, sobretudo num momento de negociações cruciais na área econômica. 

47 parlamentares da base da apoio governista assinaram tal documento. O documento foi protocolado com 140 assinaturas. O mais provável é que a bravata não passe mesmo de uma simples bravata no final. O resulado desse jogo é o seguinte: O pedido de impeachment será engavetado e o Governo volta atrás na decisão de retaliar os parlamentares. Temos reafirmado por aqui que as coisas estão se tornando muito previsíveis no Brasil. 50% da população, segundo o Instituto Genial\Quaest, desejam a prisão de Jair Bolsonaro, reflexo de um país literalmente cindido ao meio. 

Editorial: Esquerda organiza uma "grande" mobilização na Paulista.


Com a maturidade, começamos a perceber que alguns enfrentamentos se tornam desnecessários, uma vez que comprometeriam a nossa preciosa paz. Mesmo quando a causa é justa. Por vezes, os adversários são tão medíocres que se torna inútil travar uma batalha com eles dentro dos planos legais, democráticos, republicanos, civilizados. Já foram suficientemente cevados dentro do estorvo da mediocridade. Seria inútil porque eles voltariams às sua atitudes abjetas na primeira oportunidade que tiverem. Tais atitudes integram, indissoluvelmente, o seu modus vivendiMelhor mesmo guardar a distância regulamentar. 

Não parece ser este, no entanto, o raciocínio das forças progressistas do país, que estão programando uma grande manifestação para a Av. Paulsita, apenas com o propósito de apresentarem números superiores aos atingidos pelos bolsonaristas no último domingo 25. Com isso, eles tentam construir uma narrativa equivocada sobre o que ocorreu na manifestão bolsonarista. Há aqui uma guerra de narrativas que bem já poderiam ser enquadrada como disseminação de fake news. Desta vez os bolsonaristas não foram à Paulista pedir golpe de Estado. Afirmamos isso com a autoridade de um não bolsonarista. 

Há uma série de organizações de esquerda irmanadas neste projeto, como a UNE, o MTST, o MST, partidos como o PSOL, PT, PCdoB, entre outros tantos. Não seria o momento oportuno, uma vez que eles perderam a capacidade de mobilizar seus apoiadores como em outros tempos. Esta variável não poderia deixar de ser considerada, sobretudo nesses tempos bicudos, onde um tropeço por aqui será magistralmente explorado pelos adversários. 

Os apoiadores de Luiz Inácio Lula da Silva estão impondo uma reflexão que se faz necessária. As pesquisas continuam apontando que o morubixaba mantém seu capital político inalterado desde as últimas eleições, embora com índices de avaliação oscilantes, em alguns levantamentos apontando tendência de queda. Estranha o "acanhamento" desses apoiadores. Conforme comentamos no dia de ontem, nem mesmo no aconchego dos lares eles acompanham o líder, conforme atesta o fracasso das lives. O que estaria ocorrendo. Eis aqui uma boa dica de pesquisa para ser explorada pelos institutos. 

Editorial: Governo, enfim, promete retaliar parlamentares da base que assinaram impeachment de Lula.


O Governo Lula está prometendo retaliar parlamentares da "base" que estão entre aqueles que assinaram o mais recente pedido de impeachment do presidente Lula,sob o argumento de crime de responsabilidade, depois das declarações do presidente sobre o conflito entre o Estado de Israel e o Hamas. Há dúvidas sobre  se o governo reúne condições políticas para tanto, mas a medida, a rigor, cumpre uma função de exigir um mínimo de coerência desses parlamentares. O  sujeito tem as emendas liberadas, ocupa cargos na máquina e se contrapõe aos interesses do Governo. Existem outros adjetivos mais adequados para definir a situação, mas vamos ficar na "coerência" para não colocarmos mais combustível nesse ambiente já suficientmente incendiário. 

Das 140 assinatutas do pedido, 47 são de parlamentares do Progressistas, Republicanos, Unão Brasil e MDB, com seus nacos de poder e os cifrões das emendas parlamentares. Somente no último "convescote" entre Executivo e Legislativo, foram liberados R$ 20 bilhões em emendas. O Governo deveria adotar tal procedimento como norma. Não sabemos o porquê da preocupação pontual em relação ao recente pedido de impeachment, quando se sabe que os canapés servidos durante o happy hour já o teria contornado. O próprio Arthur Lira considera a iniciativa como açodada. 

Trata-se do maior pedido até este momento, a oposição deve pressionar pelo seu encaminhamento, mas não vai passar disso. Até este momento, o morubixaba petista ainda pode descansar, com tranquilidade, a cabeça no travesseiro. Neste momento, todas as preocupações do Presidente da Câmara dos Deputados estão voltadas pela sucessão da Casa, onde ele trabalha para fazer o seu sucessor. Empoderado e com prestígio junto aos parlamentares, até o ex-presidente Jair Bolsonaro andou opinando sobre o assunto, se colocando contra um dos postulantes.

E, por falar no ex-presidente, no dia de hoje tomamos conhecimento, através de uma pesquisa do Instituto Genial\Quaest, que 50% da população brasileira deseja a sua prisão. Essas coisas estão se tonando óbvias demais, reflexo de um país completamente cindido entre bolsonaristas e lulistas. Sugere-se que quem deseja a sua prisão corresponde exatamente aos apoiadores do morubixaba petista.   

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Editorial: Mesmo numa manifestação exitosa, Bolsonaro deu o azar de falar nessa famigerada minuta do golpe.



O Ministro Alexandre de Moraes, durante uma audiência na Suprema Corte, volta a insistir no tema de que não há crime para o golpe de Estado. A razão é simples. Se os conspiradores forem exitosos, a primeira medida é cercear as instituições da democracia, interditando-as da capacidade de aplicar a lei contra os transgressores. É neste sentido que as tessituras e ou artimanhas de caráter golpista devem ser punidas com todo o rigor. Não podemos baixar a guarda, como ocorreu com o Cléber Bambam, que perdeu a luta por nocaute depois de apenas alguns segundos. 

Os bolsonaristas organizaram uma manifestação ordeira, pacífica, dentro do espírito democrático, bastante exitosa na Av.Paulista, durante o último domingo. Eles contiveram, inclusive, o ímpeto de portarem faixas e cartazes, o que se trata de uma exigência demasiada para os mais radicais. O mais exaltado foi o pastor Silas Malafaia, que ousou fazer algumas referências às instituições e autoridades da República. Os demais oradores foram bastante moderados, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, solicitando passar uma borracha nisso tudo, esqucer o passado, anistiando aqueles que atentatarm contra o Estado Democrático de Direito. Longe de tal premissa ser aceita, mas, enfim...

O mais difícil os bolsonaristas conseguiram, ou seja, arregimentar tanta gente e mantê-las em comportamento sob controle. Não ocorreram incidentes durante o evento. Não há registro de brigas, roubos, furtos e coisas assim. O comportamento do Governo Lula é o comportamento de quem ficou incomodado com o êxito da manifestação. A narrativa dos desdém é um bom exemplo do que estamos afirmando. Vamos admitir: Os caras são bons de organização e a base de apoiadores do ex-presidente não foi corroída. 

Há um problema. Ao fazer referência à tal ementa golpista, aquele rascunho sobre o Estado de Sítio, encotrado pela Polícia Federal em sua mesa de trabalho na séde do PL, em Brasília, a fala pode ser incriminadora do ex-presidente, ou seja, sugere-se que ele sabia sobre esta ementa e isso poderá ser usado contra ele. O ex-presidente está precisando, como diria nossos avós, tomar um banho de sal grosso todas as manhãs. Que seus apoiadores evangélicos não leiam este texto.  

Editorial: Como reconstruir o ninho tucano?

 


Eis aqui uma resposta difícil, que deverá ser dada pelo ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, atual presidente nacional da legenda. Hoje, talvez não possamos falar em nenhum ninho tucano com plumagem suficiente para acomodar os interesses dos seus integrantes pelos estados da federação. Se num passado recente, as rusgas entre o ex-governador paulista João Dória  e o então governador do Rio Grande do Sul foram suficentes para cindir ainda mais a legenda, hoje o embate talvez se dê entre os projetos políticos do ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves - que passou a considerar a possibilidade de voltar a disputar a Presidência da República - e o atual governador gaúcho, Eduardo Leite, desde algum tempo aspirante ao cargo. 

Aqui nos parece não haver dúvida sobre a prevalência de Eduardo Leite sobre Aécio Neves. Por uma centena de motivos. Enquanto Ricardo Nunes estava presente às manifestações bolsonaristas na Paulista, Eduardo Leite estava num encontro regional da legenda em São Paulo, sempre com o propósito de apaziguar os ânimos. Questionado se acompanharia o projeto de reeleição de Ricardo Nunes, como se previa, o tucano informou que o partido deverá seguir um outro caminho, talvez encampando um nome próprio para concorrer ao Edifício Matarazzo. Talvez o próprio Matarazzo. Andrea Matarazzo. 

Uma das premissas acalentadas pelos tucanos é a necessidade de reconstruir a legenda em todo o país, o que pressupõe a urgência em construir nomes que possam disputar as próximas eleições municipais pela legenda. Encampar apoios a candidatos de outros partidos não se coaduna com este projeto. Pelo andar da carruagem política, no entanto, não seria improvável novas defecções entre eles, a exemplo da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, praticamente com um pé fora do partido. 

Raquel é da última fornalha de jovens governadores eleitos pela legenda, nos quais apostamos que poderiam se constituir numa alternativa à sua reconstrução. Algo sugere que possamos ter errado por aqui em certa medida. Nem mesmo Eduardo Leite anda satisfeito com os rumos da legenda.  

Editorial: Caroline de Toni na presidência da poderosa CCJ? Mais encrenca para o Governo Lula.



Pelo acordo costurado entre os partidos, Rui Falcão, atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça(CCJ), deve entregar o comando da poderosa comissão ao PL, que deve indicar o nome da Deputada Federal pelo Estado de Santa Catarina, Caroline de Toni, para presidir a comissão. O Governo protela os impasses criados na transição como pode, com o objetivo de ganhar tempo. Muita coisa passa necessariamente por esta comissão e ter uma ferrenha opositorda do PT em sua presidência não seria de bom alvitre. Nada que não se resolva com um happy hour de 20 bilhões de emendas liberadas, mas é um fato que o Governo enfrenta sérias dificuldades. 

Como se não fossem suficientes os problemas de gestão da máquina, as dificuldades de negociações com o Legislativo, agora soma-se as mobilizações de rua, com um potencial de crescimento daqui para frente, um choque acusado pelo Governo. O desdém demonstrado pelos interlcutores do Planato é apenas a tentativa de impor uma narrativa que minimize as preocupações em torno do assunto. Bolsonaro conseguiu dá uma demonstração de força, reunia algumas lideranças políticas importantes em torno do seu projeto e, a apesar das controvérsias suscitadas pela contagem da USP, um número considerável de pessoas atenderam ao seu chamamento, o que signifca, primariamente, que o ex-presidente mantém intacto o seu poder de mobilizar os seus apoiadores.

O mesmo não se pode assegurar entre os apoiadores de Lula. Este fenômeno não deixa de ser curioso, uma vez que o eleitor de Lula aparentemente ainda está disposto a votar no morubixaba, mas dificilemne estaria disposto a ir às ruas acompanhá-lo. Nem mesmo no conforto dos seus lares isso vem ocorrendo, uma vez que tiveram que cancelar as lives por falta de audiência. A pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2026 evidencia seus escores acima do ex-presidente Jair Bolsonaro.

E, por falar em número de participantes nas maifestações do último domingo na Paulista, vamos ser francos por aqui. Se a Paulista comporta aproximadamente 750 mil pessoas, como as paradas gay conseguem somar dois milhões de pessoas? Por outro lado, como uma manifestação que preencheu todos os seus quarterões, como esta última, teria somado apenas 185 mil pessoas, de acordo com a contagem da USP?    

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Charge! Céllus via Twitter

 


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Editorial: Geraldo Vandré na Av. Paulista

Crédito da Foto: Léo Caldas, revista Veja. 


A vida sempre nos reservando algumas boas ou más surpresas. Produzindo um texto ficcional sobre o escritor tcheco Franz Kakfa, passamos a ler uma série de ensaios, dissertações e teses de doutorado sobre a obra do escritor. Fazia algum tempo que não líamos nada sobre o saudoso Carlos Nelson Coutinho, considerado pelo liberal José Guilherme Merquior como o melhor ensaísta marxista do país. Foi assim que ele ficou conhecido e partiu para a eternidade, sem antes deixar de passar no auditório do Programa de Mestrado e Doutorado da UFPE, à época, coordenado pelo amigo professor Michel Zaidan Filho. 

Auditório lotado, com gente em pé para ouvir o grande pensador marxista brasileiro. O que não sabíamos é que Carlos Nelson Coutinha tinha alguns estudos sobre a obra do escritor tcheco, sendo tratado pelos analistas, também, como um crítico literário. Isso vem a propósito de uma música do compositor paraibano, Geraldo Vandré, cantada na Paulista durante a concentração que reuniu um grande número de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A música é: "Para não dizer que não falei das flores". De fato, sim, essa música embalou os protestos contra a ditadura militar em década do século passado, foi censurada e seu autor precisou amargar um exílio forçado.  

A estranheza aqui, quando cantada pelos bolsonaristas radicais, se dá pelo fato de eles não serem, digamos assim, muito afeitos aos processos democráticos. É bom que se diga, no entanto, que o compositor, depois de um determinado período, negou qualquer intenção de ter composto a música com tal finalidade. Com a idade já avançada, ao regressar do exílio, passou a viver uma vida modesta com a sua irmão, em São Paulo. Neste período, inclusive, compôs uma música para a Aeronáutica, "Fabiana", muito festejada entre os integrantes da força. Neste caso, talvez possamos ensejar que os bolsonaristas erraram apenas a melodia. 

Há muitas especulações em torno do comportamento do compositor sobre sua relação com aquele período de obscurantismo que o país enfrentou nos anos 60. Assim como não sabíamos da vertente de crítico literário de Carlos Nelson Coutinho, igualmente também não há porque demonstrar grande estranheza quando observamos bolsonaristas radicais entoando as músicas do controverso compositor paraibano. Na imagem acima, cujos créditos pertencem ao pessoal da revista Veja, o compositor aparece nas imediações do Hotel Tambaú, no bairro de Tambaú, em João Pessoa, que se encontra em reforma.     

Editorial: Valdemar da Costa Neto esteve presente no ato pró-Bolsonaro na Paulista.



Detentor de grande capilaridade junto às forças conservadoras do país, o ex-presidente Michel Temer, antes do ato na Av. Paulista no dia de ontem, segundo alguns órgãos de imprensa, assegurou aos membros do STF que não haveria ataques à Suprema Corte. Temer é um dos padrinhos do projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes(MDB-SP), em São Paulo. O ex-presidente, aliás, está no time escalado para defender o atual prefeito dos ataques dos adversários, mantendo-o distante da linha de fogo, evitando, assim, declarações controversas ou exposições desnecessárias, que poderiam trazer algumas implicações na campanha. 

Michel Temer tem uma relação próxima ao Ministro Alexandre de Moraes, pois foi ele quem o indicou para a Suprema Corte, depois de passar pelo Ministério da Justiça. Em outra ocasião, Temer já atuou como bombeiro para aparar as arestas das críticas do ex-presidente Bolsonaro à Suprema Corte. Embora estejamos tratando aqui de uma manisfetação bastante moderada para os padrões bolsonaristas, a manifestação da Paulista, aos poucos, de acordo com juristas, começa a expor algumas situações passíveis de uma reflexão. 

As declarações do ex-presidente sobre o tal documento que trata do Estado de Sítio, por exemplo, assim como a presença do Presidente Nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, que, em tese, estaria proibido de manter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Costa Neto, possivelmente, deve ter consultado seus advogados sobre o assunto, antes de assumir o risco de comparecer ao evento. Nos escaninhos da política, existe a informação de que os implicados nas investigações do 08 de janeiro estão estabelecendo uma escala de trabalho onde tais encontros sejam evitados.

Depois da refrega produzida pela última prisão, é mais sensato supor que o Presidente do PL tenha tomado as precauções necessárias para evitar eventuais problemas. Pelo menos é o que se supõe.     

Editorial: O longo depoimento do ex-comandante da FAB, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista.



Uma grande leva dos implicados nas tessituras golpistas do 08 de janeiro, que a Polícia Federal intimou para ouvir recentemente, se mantiveram em silêncio durante os interrogatórios, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos advogados alegaram que não tiveram acesso aos autos o suficiente para formalizarem uma linha de defesa. Curioso que os principais implicados, aqueles que usavam de bravatas no passado e adjetivaram de "cagões" os militares que se recusaram a embarcar nessa aventura contra as instituições democráticas e a abolição do Estado Democrático de Direito, estavam entre aqueles que se mantiveram pianinhos durante tal interrogatório. 

Tal comportamento dos réus é irrelevante, uma vez que a Polícia Federal já detém provas suficientes da participação de cada um deles na trama obscurantista que pretendiam inflingir ao país. Há, no entanto, um militares que estiveram, na condição de testemunhas oculares, presente àqueles episódios, e que se enquadram entre os legalistas e democratas, ciente dos deveres constitucionais das Forças Armadas. Naqueles dias sombrios, quando a nossa democracia esteve ameaçada, conforme a imprensa vem noticiando, os então comandantes do Exército e da Aeronáutica optaram pela fidelidade aos seus deveres constitucionais.  

O então comandante do Exército, general Freire Gomes, chegou a ameaçar prender o ex-presidente Bolsonaro, caso ele insistisse com a proposta de atentar contra o Estado Democrático de Direito. O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, que estava entre os arrolados no interrogatório da Polícia Federal resolveu falar sobre aqueles episódios. Segundo informações, seu depoimento durou nada menos do que cinco horas e deve ter sido importante para as investigações conduzidas pela PF. 

Segundo alguns entendimentos, mais do que se recusarem a participar da trama obscurantista contra o Estado Democrático de Direito, tais militares deveriam ter se reportado contra a conspiração, o que não fizeram, pesando contra eles a imputação da omissão. Consideramos haver um pouco de exagero por aqui, mas vamos aguardar o desfecho das investigações. 

  

Editorial: Mesmo encrencado juridicamente, Bolsonaro dá uma demonstração de força na Paulista.



Desta vez não foi anunciado o provável número de pessoas que participaram da manifestação pro-Bolsonaro, que ocorreu no dia de ontem, na Av. Paulista. Em todo caso, é inegável que havia uma multidão, surpreendentemente comportada, que saiu de suas casas para prestigiar o ato de desagravo em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Juridicamente, tal manifestação não produzirá nenhum efeito, mas, do ponto de vista político, trata-se, sim, de uma grande manisfestação de força e de sua capacidade de agregar sua base de apoio popular e política. 

A manifestação da Paulista seria um termômetro sobre a liga que ainda une o bolsonarismo no país. A oxidação natural do tempo e das encrencas jurídicas que envolvem suas lideranças e seus entornos não foram capazes de arrefecer os ânimos de tal base de apoio. É uma massa de apoio que atende aos seus chamados, seja nos embates de rua, seja através das redes sociais. Curioso observar que quando ele não está presente essas convocações ficam esvaziadas. 

Erramos feio por aqui ao sugerir que não haveira como evitar as velhas palavras de ordem, ou os cartazes com aqueles dizeres conhecidos. Surpreendentemente, não haviam faixas ou cartazes, seja contra as instituições da democracia, seja contra as autoridades da República. O único orador que distoou um pouco dos discursos comedidos e ponderados foi o pastor Silas Malafaia, que ainda fez menção ao Supremo Tribunal Federal, invocando a desproporção, segundo ele, da aplicação dos pesos e medidas em relação a outros episódios semelhantes ao 08 de janeiro. 

A base de apoio político que depende dos votos do bolsonarismo fez a escolha correta ao comparecer ao evento, principalmente porque tal evento não pode ser enquadrado como "fora das quatro linhas", para usarmos aqui uma expressão comum ao próprio Bolsonaro. Há argumentos para se contrapor às críticas dos seus adversários políticos  durante as próximas campanhas e ficar de bem com os apoiadores do bolsonarismo. 

Charge! Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 25 de fevereiro de 2024

Editorial: O desconforto do MDB com a decisão de Ricardo Nunes em comparecer às minifestações pró-Bolsonaro.


Já discutimos por aqui, inúmeras vezes, a relação difícil entre o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes(MDB-SP), e o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. Essa relação difícil tem diversos componentes. Embora a reeleição de Nunes represente uma prioridade para a legenda, no contexto nacional, o MDB possui fortes vinculaões com o PT, ao ponto de almejarem a potencial possibilidade de indicação de um nome para compor a chapa do petista em 2026, quando Lula poderá candidatar-se à reeleição. 

Por incrível que possa parecer, o MDB - ou mais precisamente alas majoritárias da legenda - tem sido um dos partidos mais leais ao Governo. Nos escaninhos da política, sugere-se que eles trabalhem com a hipótese de indicação do nome da atual Ministra do Planejamento, Simone Tebet, ao cargo de vice. Simone alimenta boas perspectivas em torno do assunto, sobretudo em razão das suas aspirações presidenciais. Nas últimas eleições, tentou emplacar, com relativo sucesso, uma candidatura alternativa à polarização renitente entre Lula e Jair Bolsonaro. 

O MDB, no entanto, é um partido onde a construção de consensos em torno deste assunto também se torna algo bastante complicado, em razão das dificuldades de conciliar os inúmeros interesses das federações de oligarquias estaduais que integram a legenda. Essas oligarquias estaduais, nas eleições passadas, por exemplo, não endossaram o nome de Simone Tebet como candidata do partido à presidência da República. Sequer compareceram ao evento que homologou a sua candidatura. 

Não há razões aqui para uma eventual rusga entre as duas legendas, tampouco alguma adomestação. Trata-se apenas de um desconforto no plano nacional. No plano municipal, no entanto, o prefeito deve ter calculado bem as consequências positivas e negativas do seu ato. Sabe que isso será bastante explorado pelos adversários durante a campanha, mas sabe, igualmente, que o capital político do capitão continua inalterado desde as últimas eleições.  

Editorial: A polêmica em torno dos eventuais casos de exploração infantil na ilha de Marajó.


Em épocas de fake news, todo o cuidado é pouco. Por isso, vamos devagar por aqui. Também não é possível deixamos de fazer algumas considerações por aqui, no plano da razoabilidade. É inegável que graves problemas oriundos do drama da extrema-pobreza na região Norte do país, e a questão da exploração infantil precisa ser analisado neste elenco de problemas. Este drama já se tornou até assunto debatido em comissão parlamentar de inquérito. O problema existe e é muito grave, para deixar isso claro. Falarmos aqui de um eventual aumento dos índices daquilo que a cantora Aymeê Rocha relatou durante uma entrevista, onde usa o termo pedofilia hard, relatando que são comuns os casos de crianças entre 5 e 7 anos que se prostituem com turistas por R$ 5,00 reais, é uma outra questão. 

O Ministério dos Direitos Humanos, coordenado pelo jurista Sílvio Almeida, nos pareceu insatisfeito com essas narrativas, uma vez que pode estar existindo a divulgação de fake news sobre o assunto, o que se constitui, de fato, algo a ser investigado. A cem anos atrás, no início de sua carreira política, o próprio morubixaba petista falava sobre o drama de crianças se prostituindo por um prato de comida. Alguém se lembra disso? A Oposição, que não perde a oportunidade criar embaraços para o Governo, já anuncia uma eventual convocação do ministro para as audiências na Câmara dos Deputados.

Em tempos de normalidade e de uma oposição propositiva, este não seria o problema. A questão hoje é que estamos em plena era da instabilidade institucional crônica no país, com uma oposição que deseja derrubar o Governo a qualquer custo. O palanque da última eleição presidencial de 2022 ainda não foi desmontado. Há uma bancada três "B" aí botando para lascar, sem dá trégua alguma ao Governo Lula. Atacam em todas as frentes, nas mínimas oportunidades. Outro tema polêmico é o da fuga da penitenciária de Mossoró, onde serão exigidas muitas explicações do atual Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowisk. 

Editorial: Bases bolsonaristas reagrupadas na Paulista?

Crédico: Isac Nóbrega\PR (reproduçao)


Esta é a grande torcida dos bolsonaristas mais renhidos. As pesquisas apontam que a base de apoio do ex-presidente não foi corroída, independentemente das encrencas jurídicas imputadas ao capitão, tampouco as medidas duras aplicadas àqueles que estiveram envolvidos com as manifestaçãos do dia 08 de janeiro, em Brasília, tipificadas como um atentado às instituições democráticas e ao Estado Democrático de Direito. Ao que tudo indica, as duras penas aplicadas aos participantes deve ter funcionado como uma ducha-fria, capaz de arrefecer os ânimos dos mais exaltados. 

Tanto isso é verdade, que as convocações subsequentes não atingiram o público esperado, exceto aquelas convocadas pelo próprio capitão, como a de hoje, programada para a Av. Paulista. Conforme afirmamos, não houve erosão da base de apoio do ex-presidente, praticamente a mesma que votou nele nas últimas eleições e acreditando nas falácias sobre o processo eleitoral. Talvez seja por isso que cem parlamentares são esperados para logo mais, além de governadores de estados como Minas, São Paulo, Santa Catarina e Goiás. 

É curioso como eles estão receosos de eventuais ataques às instituições, o que pode acarretar implicações legais. Mais curioso ainda são os nomes escalados para falar durante o evento. Se o objetivo é o de conter os ânimos, escolheram nomes bem exaltados para essa missão, como o senador Magno Malta, o pastor Silas Malafaia, Nicolas Ferreira e o próprio Bolsonaro. Nos bastidores, o que se escuta é que alguns participantes respiraram aliviados de não se exporem ao microfone.

A conclusão dos analistas é que tais manifestações é uma jogada de risco, que pode acarretar maiores complicações às encrencas jurídicas que o ex-presidente já enfrenta. Salvo melhor juízo, o STF já sinalizou que não irá tolerar provocações contra a Corte e aos seus membros. A Polícia Federal e a ABIN (qual delas?) estarão acompanhando, in loco, o que estará ocorrendo na Av. Paulista.  

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 24 de fevereiro de 2024

Editorial: Zema decide comparecer às manifestações na Paulista em apoio a Bolsonaro.


Existe uma expectativa de que, de fato, o bolsonarismo mais radical possa levar um contingente exepressivo de pessoas à Av. Paulsita, no dia de amanhã, dia 25. Circula a informação de que somente um pastor bolsonarista roxo teria contratado dois trios elétricos para as manifestações. Salvo melhor juízo, se os oradores não se empolgarem, teremos uma hora e meia para os discursos. Não são todos os presentes que irão discursar, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. 

A princípio relutantes, atores políticos relevantes, alguns deles bastante identificados com o espólio bolsonarista, a exemplo, de Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, e Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que, segundo dizem, alimenta expectativas de concorrer às eleições presidenciais. Às vésperas do vento, no dia de hoje, 24\02, o governador mineiro, Romeu Zema(Novo-MG), informou que irá comparecer ao evento. Aqui estamos tratando de um cálculo político complicado, algo que deve ter sido levando em conta em sua decisão. Apesar de jovem, o governador mineiro é uma raposa política. Parece-nos ter aprendido algumas lições com as velhas raposas das alterosas. 

A princípio, o chamamento da manisfetação será um ato em desagravo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas isso a gente sabe como começa e só Deus sabe como termina. No dia de ontem, por exemplo, já existiria a possibilidade de a manifestação incorporar à sua pauta um apoio ao pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Pelo sim, pelo não, Romeu Zema deve ter entendio que sua ausência não ficaria muito bem, sendo suficiente para produzir alguns danos futuros em seus projetos políticos. 

Há alguns meses atrás, o próprio Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, tinha dúvidas sobre o capital político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ou mais precisamente, como o apoio do presidente aos candidatos do PL poderia se refletir em bons resultados nas urnas. Bolsonaro, como se sabe, teria um lado tóxico que afugenta alguns atores políticos que temem arcar com tal ônus, principalmente no tocante a um eleitorado conservador, mas menos propenso a tal radicalismo. O fato é que, a despeito da refrega política que está enfrentando neste momento, o capitão parece manter intacto um capital político importante e desejável. 

  

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Editorial: Manifestações bolsonaristas do dia 25 de fevereiro na Paulista. Vamos ter problemas?



Bolsonaristas e não bolsonaristas estão de olhos bem abertos sobre o que deverá ocorrer na Av. Paulista, no próximo dia 25,quando os bolsonaristas radicais saem às ruas para se manifestarem e ouvirem o seu líder, o ex-presidente Jair Bolsonaro, se defender das acusações a ele imputadas. A princípio, sugere-se que será uma mobilização que deverá contar com um público expressivo, algo que os bolsonaristas são experts em organizar. Aqui reproduzimos uma fala do general G. Dias, quando soube das movimentações em Brasília, um pouco antes do 08 de janeiro: Vamos ter problemas? 

Não seria improvável, posto que se torna uma tarefa praticamente impossível controlar uma massa em tais circunstâncias, enfurecida, mobilizada em termos de protestos difusos. Diante da quadra de instabilidade institucional que o país enfrenta, a manifestação não vem em boa hora, pode incorporar agendas as mais diversas, algumas delas com o potencial, inclusive, de prejudicar o ex-presidente Jair Bolsonaro. É neste sentido que reiteramos que não seria o momento oportuno para tal convocação. 

Para os bolsonaristas mais sensatos, seria prudente obsevar o que ocorreu com as mobilizações do 08 de janeiro. Já são centenas de condenados, com penas altas, e uma multa de 30 milhões, que deverá ser rateada entre eles, com o propósito de ressarcir o erário dos prejuízos causadas ao patrimônio público. Não é possível que tal desfecho não seja capaz de produzir alguma reflexão de caráter pedagógico. Tal convocação sugere, igualmente, que o ex-presidente esteja numa situação "limite", ou seja, presumivelmente, teme por uma eventual prisão. 

Algumas postagens de bolsonaristas nas redes sociais, somente para que tenhamos uma ideia sobre o quanto é difícil controlar tais variáveis, já trazem referência a um reforço ao pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que descaracterizaria as motivações iniciais da convocação da manifestação da Paulista. Neste caso, não seria improvável que possamos concluir pela assertiva do general G. Dias, embora em outro contexto: Vamos ter problemas!  

Editorial: Polícia prende três suspeitos de terem facilitado a fuga dos presos de Mossoró.



Os dois fugitivos do Presídio de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, já estão há onze dias em algum lugar desconhecido, segundo suspeita-se, ainda no entorno do presídio, naquilo que já se configura numa verdadeira caçada humana, envolvendo 500 policiais de forças estaduais e federais  mobilizados na recaptura. No dia de ontem, a polícia informou que prendeu três suspeitos de terem participado na ajuda aos dois prisioneiros que fugiram do presídio. Por enquanto ainda nada confirmado, mas as prisões ampliam as possibilidades de uma eventual confirmação da hipótese de facilitação de dentro e de fora da unidade prisional. Por enquanto, os detidos teriam ajudado os fugitivos já emprendendo a fuga, de fora do presídio. 

Como se sabe, talvez como medida preventiva, a Corregedoria do Sistema Carcerário, possivelmente um órgão vinculado ao Ministério da Justiça, já teria afastado de suas funções os agentes envolvidos com a segurança e a inteligência do presídio, como medida preventiva, embora nada tenha se confirmado, ainda, sobre a participação de algum agente na facilitação da fuga. No dia de ontem, também surgiu um laranja, residente na periferia de Brasília, cidadão paupérrimo, que chegou a receber o auxílio Covid-19, "dono" de uma empresa com capital de milhões de reais, que teria vencido uma licitação para a realização de obras no presídio em 2022. 

A cada dia surge uma novidade inusitada por aqui. Os presos que escaparam do presídio seriam "executores" da Facção Comando Vermelho. Pois bem. Os "executores" estão ameaçados de serem executados pela facção, depois de acusados por traição. Uma questão que precisa ser respondida, com argumentos bastante consistentes, é como um presídio de segurança máxima chegou a este estágio de não oferecer as condições mínimas para tal adjetivação. Os equívocos são inúmeros, a começar pelo projeto de edificação, que apresentou diversas falhas, como a ausência de um muro no entorno, assim como paredes de alvenaria que poderiam vulneráveis às patolas de caranguejo.